Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) – As exportações brasileiras de milho devem alcançar um recorde de 43 milhões de toneladas em 2022 impulsionadas por uma produção histórica na segunda safra, disse nesta terça-feira a Agroconsult, que vê mais espaço para o cereal do país no mercado externo, com tendência positiva para os próximos anos.
Em 2021, quando as lavouras foram severamente afetadas por seca e geadas, os embarques de milho ficaram em 20,7 milhões de toneladas, de acordo com a consultoria.
A guerra na Ucrânia interrompeu embarques do país da região do Mar Negro e afetou o comércio global, com importadores lutando por origens alternativas, o que também beneficia o Brasil.
“Tem uma sinalização muito positiva para as exportações de milho do Brasil, o ‘trade’ mundial do milho –que é o volume de milho transacionado no mundo… Há um ‘trade’ de quase 200 milhões de toneladas, em que a gente participa com 40 milhões”, afirmou o CEO da Agroconsult, André Pessôa.
A projeção da Agroconsult é ainda mais otimista que a visão do governo federal para o cereal, cuja perspectiva para as vendas externas do país é de 37 milhões de toneladas para este ano.
Para a soja, a consultoria estima exportação de 76,1 milhões de toneladas para 2022, também acima da previsão da Conab, que vê 75,23 milhões de toneladas.
Somente nos cinco primeiros meses de 2022, os embarques brasileiros de milho pelo porto de Paranaguá, no sul do país, cresceram atípicos 161%, ante igual período do ano passado, em parte devido à falta de produto ucraniano no mercado, conforme dados da autoridade portuária local.
Pessôa ainda destacou a recente aprovação da China para o milho transgênico do Brasil como um fator que deve ajudar a puxar a demanda nos próximos anos –ainda há questões sobre a equivalência de transgênicos antes de os embarques serem liberados, mas um passo importante foi dado recentemente.
“Também teremos os Estados Unidos plantando mais soja do que milho no país, o que também contribui para que haja uma lacuna de demanda no mercado externo”, afirmou o especialista.
Com este cenário, e também devido aos custos de produção atrelados à soja, ele acredita que o cultivo do milho deve ter uma participação maior na rentabilidade do produtor rural.
Para a safra 2022/23, que será plantada a partir de setembro, a rentabilidade estimada para a região do médio-norte de Mato Grosso é de 24 sacas por hectare no milho, contra 17 sacas por hectare na soja.
“A segunda safra vai ser tão importante ou mais importante que a primeira, porque a rentabilidade é muito boa”, disse o CEO da Agroconsult.
(Por Nayara Figueiredo)