Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – A GranBio, pioneira em etanol de segunda geração (E2G) no Brasil, iniciou um processo de investimento para dobrar a capacidade de produção de combustíveis avançados na BioFlex, unidade do grupo em São Miguel dos Campos (AL), disse o CEO e fundador da empresa à Reuters.
Segundo Bernardo Gradin, a Bioflex terá sua capacidade de produção elevada para 60 milhões de litros até 2024, e parte dessa expansão poderá ser convertida para a fabricação de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), cuja matéria-prima, assim como a do E2G, é composta por biomassa, como resíduos agrícolas.
“Paralelamente, a GranBio está concluindo uma planta piloto integrada de 2G SAF com parceiros em sua unidade de Thomaston na Geórgia (EUA), e considera converter parte da produção da planta BioFlex I em SAF no futuro”, afirmou Gradin.
Ele preferiu não mencionar os investimentos realizados nas unidades.
Tanto o etanol 2G como o SAF estão despertando interesse de players no Brasil, país que tem grande potencial de desenvolver tais combustíveis avançados, já contando com demanda especialmente na Europa.
Recentemente, o CEO da Raízen, Ricardo Mussa, afirmou que a companhia deverá acelerar o plano de expansão de unidades de etanol 2G, uma vez que os preços e contratos de longo prazo dão segurança para tais investimentos.
A Raízen, joint venture da Cosan com a Shell, possui uma unidade de E2G em operação e outras três em construção no Brasil.
No que diz respeito ao SAF –outro foco de interesse da GranBio–, a Vibra Energia e a Brasil BioFuels (BBF) anunciaram recentemente um empreendimento previsto para a região Norte, que deve contemplar também o chamado “diesel verde”.
O SAF é visto como uma alternativa para descarbonizar a aviação comercial.
PATENTE VALIDADA
Os comentários do CEO da GranBio ocorrem no mesmo dia em que a companhia anunciou ter obtido a validação de patente para produção de etanol 2G por países europeus.
A confirmação da patente, disse a empresa, permitirá o licenciamento da tecnologia e o desenvolvimento projetos de engenharia e construção de plantas.
A tecnologia patenteada GP3+® da GranBio converte biomassa lignocelulósica não-alimentar em biocombustíveis renováveis de baixo carbono.
Para licenciar essa tecnologia em todo o mundo, em 2020, a GranBio anunciou uma parceria com a NextChem, subsidiária da Maire Tecnimont S.p.A. na Itália, que atua na área de tecnologias de transição de energia.
“Estamos comprometidos em ser um facilitador relevante das cadeias de valor NetZero, de biomassa a biocombustíveis avançados, como etanol 2G e SAF 2G e bioquímicos. A validação de nossas patentes GP3+ na Europa representa um passo importante para nosso plano de acelerar nosso licenciamento de tecnologia na região”, disse Gradin.
A tecnologia desenvolvida pela GranBio para produzir etanol 2G já foi implantada na unidade de São Miguel dos Campos.