SÃO PAULO (Reuters) – Integrantes da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio) estão buscando uma audiência com o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, na próxima semana, para pedir um aumento na mistura do biocombustível ao diesel, indicou nesta quarta-feira nota divulgada pelo grupo que representa o setor no Congresso.
O poderoso lobby representado pela FPBio também disse que o objetivo é aprofundar a discussão sobre as medidas para dirimir o risco de desabastecimento de diesel, uma vez que uma mistura maior de biodiesel poderia reduzir a necessidade de importação do combustível fóssil, em momento de mercado apertado no exterior devido aos impactos da guerra na Ucrânia.
Pelo cronograma de adoção do biodiesel no Brasil, a mistura no diesel deveria estar em 14% (B14) em 2022, mas o governo federal decidiu pela adoção de um B10 ao longo deste ano, citando que a medida se deu para proteger os interesses do consumidor quanto ao preço, qualidade e oferta dos produtos.
O preço das matéria-primas, principalmente óleo de soja, está entre as principais preocupações, em ano em que o Brasil tem exportado grandes volumes para atender uma demanda adicional gerada pela guerra na Ucrânia –países como a Índia estão comprando mais em substituição ao óleo de girassol ucraniano.
Associações da indústria afirmaram nesta semana que o setor é capaz de elevar prontamente a produção para atender uma mistura com 12%.
“Ampliar a produção de biodiesel é questão de segurança energética para os brasileiros. Defendemos essa proposta para colaborar com os esforços do governo federal contra a crise dos combustíveis”, disse o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da FPBio, no comunicado.
Alguns analistas têm apontado, contudo, que o preço do diesel com a mistura maior poderia subir, uma vez que o biodiesel está mais caro.
“O governo federal tem grande preocupação com o preço do diesel nas bombas, mas a preocupação maior agora é (assegurar) o abastecimento”, acrescentou o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS).
O setor de biodiesel pode aumentar a produção em cerca de 1,2 bilhão de litros em um prazo estimado entre 30 e 45 dias para contribuir com os esforços do governo federal em reduzir os riscos de desabastecimento de diesel no país, acrescentou a frente parlamentar.
As declarações foram dadas após reunião em Brasília, na manhã desta quarta-feira, que contou com a participação do líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), entre outros. Também participaram do encontro associações de produtores Abiove, Aprobio e Ubrabio.
Procurado para comentar o pedido do setor, o Ministério de Minas e Energia não se manifestou.
(Por Roberto Samora)