A rede social TikTok tem demonstrado influência na tomada de decisão dos consumidores. Ignorar isso pode significar perda de oportunidades, segundo a OnlineDasher, empresa americana de pesquisa do comportamento do consumidor. No ano passado, o aplicativo chinês correspondia a 9,6% dos 1 bilhão de usuários globais que fizeram compras por meio do aplicativo. A previsão é de que esse número salte para 33,3%, e os gastos dos consumidores ultrapassem US$ 2,5 bilhões (R$ 12,5 bilhões) em 2023.
“Esse canal de vendas cresce cada vez mais”, diz Maurício Felício, professor de Comunicação e Publicidade da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “Hoje, o TikTok é um caminho para entender a linguagem do cliente. Ou seja, a empresa tem de estar lá, no mínimo, como consumidora de conteúdo.”
Leia também:
- TikTok é a marca de rede social mais valiosa do mundo em 2023
- 10 tendências de conteúdo para o TikTok que vão muito além das lives de NPC
O TikTok Brasil tem 82,2 milhões de usuários ativos acima de 18 anos. A rede social frequentemente é vista como um aplicativo exclusivo para a geração Z. Essa percepção, que não corresponde à realidade, faz com que pequenos empreendedores e empresas menores não estejam na plataforma. No entanto, a entrega de conteúdos do aplicativo é específica para cada usuário. “Com um universo de 82 milhões de usuários é impossível que não haja pelo menos uma pequena parcela de seu público no aplicativo. Por mais que sejam apenas 100 mil, ainda assim é uma grande oportunidade”, afirma Rafael Kiso, fundador da plataforma mLabs, de gestão de mídias sociais.
A indústria farmacêutica Cimed é um exemplo de que o uso estratégico da plataforma alavanca a receita. O produto Carmed, hidratante labial, que foi desenvolvido em parceria com a fabricante de balas de gelatina Fini, se tornou febre no TikTok. Isso fez com que a projeção anual de vendas fosse atingida em apenas 20 dias de lançamento. A expectativa era de um faturamento de R$ 40 milhões até o fim deste ano, mas em pouco mais de duas semanas alcançou a cifra.
Dancinhas não bastam
Apesar de ser um canal de venda lucrativo, os especialistas explicam que é preciso mais do que criar uma conta e postar imagens do produto. Antes de tudo, o TikTok é uma rede social que proporciona experiências aos usuários. Portanto, diferente de anúncios genéricos na televisão, a venda por meio da plataforma precisa se relacionar e interagir com o cliente, além de entregar um conteúdo de valor. Não basta fazer dancinhas, participar de trends ou dublar áudios virais. É necessário criar conteúdos relevantes que falem sobre a dor do público, que os ajudem de alguma forma e que participem de debates que estão acontecendo na rede. “É sobre conversação antes da conversão e sobre entregar valor, antes de extrair valor”, afirma Kiso.
Com isso, a presença física de um interlocutor se faz importante na estratégia de marca, porque gera autenticidade e demonstra que o conteúdo foi criado e pensado por uma pessoa. Os usuários desejam entender os benefícios do produto e querem ver para além da embalagem, querem ver sendo testado em uma pele real. Segundo o levantamento da plataforma de dados de marketing norte-americana Tint, 80% dos consumidores rejeitam bancos de imagens.
“O consumidor tem todas as opções de escolha na palma da mão, então ele compara preços de forma muito imediata. Muitas vezes, esse cliente já tem uma relação de vínculo e fidelidade com algum aplicativo ou plataforma”, diz Fernando Moulin, especialista em negócios da Sponsorb, uma consultoria de serviços empresariais. “Essa relação torna determinada empresa a primeira opção do consumidor.”
Engana-se, porém, quem pensa que as empresas que devem estar presentes no TikTok são apenas aquelas que conversam com o consumidor final. A rede social também pode se tornar uma estratégia eficaz para se tornar uma validadora de seus clientes. Para ilustrar, se uma empresa Business to Business (B2B) oferece subsídios a outras indústrias com produtos de linha sustentável, pode se tornar um selo de qualidade de seu cliente.
“No primeiro momento, a presença dessa companhia interagindo e se relacionando com os usuários não faz sentido. Mas no médio e longo prazo, ela pode se tornar uma chanceladora de qualidade do cliente”, afirma Felício.