Com o presidente Joe Biden atrás na preferência do eleitorado na maioria dos estados decisivos e com o ex-presidente Donald Trump atraindo eleitores jovens, a cannabis pode ser a questão que ajudará o pré-candidato democrata a obter votos em 2024. Ben Larson, membro do conselho executivo do grupo de lobby National Cannabis Industry Association, é direto: “Biden precisa da cannabis”. Larson também é CEO da Vertosa, uma empresa de infusão de cannabis com sede em São Francisco. “Ele precisa de toda a ajuda que puder para parecer mais jovem e mais atualizado.”
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Os democratas pró-maconha concordam. “Tenho discutido o assunto com qualquer pessoa na administração Biden que queira ouvir: [a reforma da cannabis] é a chave para o seu sucesso”, diz o deputado democrata Earl Blumenauer, do Oregon, fundador do bipartidário Congressional Cannabis Caucus. “Francamente, também é fundamental para o sucesso de outros progressistas.”
Blumenauer aponta para o senador da Pensilvânia, John Fetterman, que “não estaria no Senado se não tivesse se envolvido durante meia dúzia de anos na legalização da cannabis”. Nathan Daschle, um lobista da cannabis e filho do ex-senador da Dakota do Sul, Tom Daschle, também acredita que agora é a hora de Biden reforçar seu apoio à reforma da lei sobre a maconha. “Eu teria dificuldade para propor outra questão que fosse tão difícil em termos políticos ou políticos”, diz ele.
Apoio dos eleitores
Atualmente, a maioria dos americanos apoia a legalização, independentemente das suas tendências políticas. Entre os americanos adultos, 88% afirmam que a maconha deveria ser legal para fins médicos, de acordo com a última pesquisa do Pew Research Center, e 59% dos adultos acham que deveria ser legal para usos recreativos para pessoas com 21 anos ou mais. Apenas 10% dizem que a maconha deve permanecer ilegal.
Joseph Biden, porém, tem uma longa história de apoio à legislação antidrogas. Em 1994, como senador por Delaware, ele patrocinou a Lei de Controle de Crimes Violentos e Aplicação da Lei, que aumentou a aposta na guerra contra as drogas durante uma época em que a criminalidade violenta assolava a América.
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Recentemente, Biden suavizou sua posição sobre a maconha. Durante a campanha para as eleições presidenciais de 2020, quando mais de 20 estados tinham legalizado a erva de alguma forma, Biden começou a falar sobre a importância de descriminalizar a droga ilegal mais popular do mundo.
Em outubro de 2022, dois anos após sua eleição e pouco antes do pleito de meio de mandato, Biden fez o movimento pró-maconha mais significativo de um presidente dos EUA. Ele anunciou que perdoaria todos os cidadãos dos EUA condenados a nível federal por porte de maconha e também pediu ao Departamento de Saúde e ao Procurador-Geral que revisassem “rapidamente” como a maconha é regulamentada.
Atualmente, segundo a legislação federal, a cannabis é classificada como uma droga da Lista 1 junto com a heroína e o LSD, o que significa que ela não é aceita para uso médico. Porém, há diversas regulamentações estaduais que permitem essa utilização. No fim de agosto, o Departamento de Saúde recomendou que a Drug Enforcement Administration classificasse a maconha como uma droga da Lista III, o que significa tem um potencial de abuso baixo a moderado. Espera-se que a DEA anuncie sua decisão este ano.
De olho em 2024
Frank Luntz, um experiente pesquisador político, vê o apoio de Biden à reforma da cannabis como um movimento necessário à medida que 2024 se aproxima. “Biden está tendo sérios problemas entre os eleitores mais jovens, então ele pode ver a reforma da cannabis como uma solução potencial”, diz Luntz. “Mas isso não mudará o fato de que ele é o presidente mais velho de todos os tempos e está mostrando claramente a idade.”
Por enquanto, porém, Luntz permanece cético sobre o quanto a legalização vai influenciar os eleitores. “A reforma da cannabis pode aumentar a participação entre os eleitores mais jovens”, diz ele. “Mas não é a questão mais importante entre o eleitorado em geral.”
De acordo com uma pesquisa realizada pela Lake Research Partners em 2018, 44% dos eleitores em distritos sem vantagem definida para republicanos ou democratas dizem que seria “mais provável” que eles votassem em um candidato que apoiasse a legalização da maconha e 26% dizem que teriam “muito” mais probabilidade de votar num político pró-maconha.
Vitórias políticas
Andrew Freedman, que foi o primeiro czar da cannabis no Colorado em 2014, quando este se tornou o primeiro estado a legalizar a erva recreativa, diz que é impossível “não ver alguma política” no novo apoio de Biden à erva.
“Não creio que a administração Biden avançaria na liberação da cannabis se não a visse como uma vitória política”, diz Freedman, agora diretor executivo da Coligação sem fins lucrativos para a Política, Educação e Regulamentação da Cannabis. Ser um político pró-cannabis é um “resultado positivo”, diz Freedman, citando a pesquisa recente do CPEAR.
Por exemplo, durante as eleições presidenciais de 2020 no Arizona, 60% dos residentes aprovaram uma medida eleitoral que legaliza a maconha recreativa. Biden venceu o estado por um fio de cabelo – 49,4% contra 49% de Trump. “Meu entendimento é que a maconha arrastou Biden até a linha de chegada”, diz Justin Strekal, um defensor da legalização da maconha que fundou a organização de arrecadação de fundos focada na cannabis BOWL PAC.
No entanto, a legislação sobre a cannabis também estava em votação no Mississippi, Montana e Dakota do Sul – estados onde as medidas sobre a maconha foram aprovadas e onde Trump venceu com folga. Esse resultado é um sinal, diz Daschle, de que a cannabis está à disposição e qualquer candidato que concorra à presidência em 2024 pode usá-la em seu benefício. “Se eu estivesse na equipe de Biden”, diz Daschle, “ficaria preocupado que Trump pudesse roubar esta questão”.