O Comitê de Política Monetária (Copom) confirmou as projeções do mercado financeiro e manteve a taxa referencial Selic estável em 10,50% ao ano em uma decisão unânime dos nove diretores do Comitê.
Ao justificar a decisão, o Comunicado indicou a necessidade de “interromper o ciclo de queda de juros” devido ao “cenário global incerto” e ao cenário doméstico marcado por “resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas”.
O texto do Comunicado indica que “a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente (…) a desinflação e a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
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No ponto mais surpreendente, o Comunicado informa que o Copom “se manterá vigilante” e “relembra, como usual, que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”. No limite, essa decisão permite prever até mesmo uma elevação nos juros, apesar de essa hipótese ser considerada pouco provável.
Repercussões
A unanimidade em manutenção da taxa de juros afasta a princípio uma preocupação do mercado de que as futuras decisões pudessem ser tendenciosas e menos técnicas, diz Rodrigo Romero, economista da Levante Investimentos. “Isso tranquiliza investidores que temiam que os dirigentes indicados pelo atual governo pudessem ceder às pressões do presidente”, diz ele.
Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi, avaliou que a decisão do Copom “foi rigorosamente técnica” e “expressa a deterioração de variáveis-chave como a inflação e o equilíbrio fiscal”. Para Tingas, o Comunicado deixou claro que “o cenário prescreve manutenção da atual taxa de juros por período prolongando”, e que “a calibragem do aperto monetário é instrumento ativo e preventivo, ou seja juros descem, sabem ou se mantém”.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, avaliou que “o BC reconheceu a ampliação da desancoragem das expectativas de inflação”. O Comunicado elevou as projeções de inflação do cenário de referência subirem de 3,8% para 4,0% em 2024 e de 3,3% para 3,4% em 2025. Segundo ele, isso “sacramenta a perspectiva de que a taxa Selic ficará estável em 10,50% até, pelo menos, o fim do primeiro trimestre do ano que vem”.