Um italiano alto, de olhos azuis, andando por uma vila medieval na Toscana e seguido por seus simpáticos cachorros, um pointer inglês e um jack russel terrier, protagoniza uma cena muito charmosa, daquelas somente vistas em filmes. Seu nome: Salvatore Ferragamo, o mesmo do avô, o lendário designer de sapatos.
A vila é Il Borro, uma propriedade do século 11, localizada em Arezzo, que abrigou algumas famílias nobres, como os Medici e os Savoia, até chegar às mãos dos estilosos Ferragamo.
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Salvatore a usou para ficar bem longe do império de moda de seus parentes. Ele prefere desfilar seus looks casuais ora Ferragamo, ora Pucci ou Armani pelos vinhedos da propriedade, atualmente um hotel luxuoso integrante da coleção Relais & Châteaux.
Veja na galeria de fotos como a família transformou uma vila medieval da Toscana em hotel de luxo:
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A história dos Ferragamo com Il Borro começou nos anos 1980. Ferruccio Ferragamo, pai do nosso Salvatore em questão, costumava caçar nas redondezas e alugava a propriedade para passar férias com a família. Em 1993, decidiu comprá-la. Ele e o filho, então com 22 anos, deram início a uma ampla restauração do local, que carregava cicatrizes da Segunda Guerra Mundial. O cultivo de vinhedos foi iniciado dois anos depois. Atualmente, a propriedade produz seis rótulos de vinhos, entre eles, o premiado Il Borro (50% merlot e outras uvas).
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A paixão de Ferruccio (à esq.) e Salvatore por vinhos se transformou em negócio: atualmente, a propriedade produz seis rótulos, entre tintos e brancos.
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O jovem Salvatore até tentou não se distanciar das bolsas, sapatos e roupas. No início dos anos 1990, depois de uma temporada na unidade de Florença da KPMG, ele passou pelos departamentos de marketing e produção do grupo Salvatore Ferragamo. No entanto, sua paixão por vinhos e por um bom festim de carnes, durante o pôr do sol com as colinas verdes da Toscana ao fundo, falaram mais alto. De fashion mesmo, só sobrou o nome. “É um orgulho carregar o nome do meu avô, mas também um grande desafio. As expectativas colocadas em mim são altas. Acredito que as portas não se abrem sem dedicação, paixão e constância, mesmo quando todo mundo sabe seu nome e olha para você com curiosidade”, afirma Salvatore, que ocupa o cargo de CEO em Il Borro.
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Para a vila medieval ele levou duas características emprestadas da marca de sua família: qualidade e luxo. Em Il Borro há vários tipos de acomodações. A mais elegante e espaçosa delas, chamada de Villa Il Borro, conta com dez quartos e uma piscina coberta. Na Villa Chiocci Alto, de estilo mais rural, o destaque é a vista de tirar o fôlego para a propriedade. Já a Villa Casetta destaca-se por ser cercada de charmosas videiras de merlot. Há, ainda, 16 suítes e nove apartamentos, além de cinco casas de campo, que prometem fazer o hóspede experimentar um pouco da simplicidade da vida rural da Toscana. No spa, a programação pode começar com um banho turco seguido de uma hidromassagem e terminar no lounge com vista para a piscina de borda infinita.
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Salvatore e a família tentam desfrutar essa atmosfera sempre que podem. Ele e a esposa, Christine Ferragamo, cozinheira amadora e autora do blog de culinária Chef on High Heels, possuem uma casa nas proximidades do hotel, mas passam a maior parte da semana em Florença, onde seus três filhos estudam. Tini, como é chamada pela família e amigos, tenta acompanhar o vício do marido por esportes e atividades físicas. Ela e a cunhada, Olivia, jogam com Salvatore no Il Borro Polo Team. O filho de Ferruccio também pratica tênis, anda de bicicleta e monta a cavalo. “Adoro velejar em diferentes partes do mundo, especialmente na Polinésia Francesa”, diz. Em breve, ele poderá praticar mais um de seus esportes prediletos dentro da propriedade. O plano é construir em Il Borro um campo de golfe com nove buracos. “Pretendemos expandir a marca para fora da Toscana, mas por enquanto não posso dar mais detalhes”, despista.
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Muito ligado à família, ele afirma que o pai, chairman do grupo Salvatore Ferragamo, desempenhou papel crucial no projeto de criação de Il Borro. “O grande comprometimento dele devolveu à propriedade sua beleza original.” Salvatore também é só elogios ao falar da avó Wanda Ferragamo, que até hoje, aos 93 anos, cumpre expediente na companhia criada por seu marido. “Minha avó é uma mulher muito especial. Ela é um exemplo por si só.” Em 1960, com a morte de seu companheiro de 62 anos de idade, Wanda teve de tomar conta da empresa, que já produzia outros produtos além de sapatos. Ela tinha 38 anos, seis filhos e nunca havia feito nada dentro da companhia. Pelo visto, além das estonteantes paisagens da Toscana, boas histórias não faltam para o Salvatore Ferragamo dos dias de hoje se inspirar.
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Vinho até na arte
Em 2008, Salvatore Ferragamo inaugurou dentro de Il Borro, mais especificamente acima de sua preciosa adega, a Wine & Art Gallery, um espaço de artes dedicado à história do vinho e sua importância através dos tempos na vida do homem. No momento, está em cartaz a mostra De Mantegna a Warhol, Histórias do Vinho, que exibe gravuras da coleção particular de Ferruccio Ferragamo. A exposição revela ao público obras com temas relacionados ao vinho assinadas por mestres como Rembrandt, Goya, Manet, Picasso, Durer e Rubens, além de Mantegna e Warhol. E, é claro, termina com uma deliciosa degustação dos vinhos feitos pela família.
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O mundo segundo Salvatore Ferragamo
Carros: Jaguar e Jeep
Restaurante: Enoteca Pinchiorri e Cantinetta Antinori, ambos em Florença
Livro: “Tirando jornais, confesso que não tenho muito tempo para ler”.
Filme: “Os do Steven Spielberg e todos da franquia Star Wars. Também tenho apreciado o trabalho de diretores italianos como Luca Guadagnino e Paolo Sorrentino”.
Hobby: colecionar vinhos
Grifes: Salvatore Ferragamo, Emilio Pucci e Giorgio Armani
Relógio: “um Vacheron Constantin que pertenceu ao meu avô e o Apple Watch”.
A história dos Ferragamo com Il Borro começou nos anos 1980. Ferruccio Ferragamo, pai do nosso Salvatore em questão, costumava caçar nas redondezas e alugava a propriedade para passar férias com a família. Em 1993, decidiu comprá-la. Ele e o filho, então com 22 anos, deram início a uma ampla restauração do local, que carregava cicatrizes da Segunda Guerra Mundial. O cultivo de vinhedos foi iniciado dois anos depois. Atualmente, a propriedade produz seis rótulos de vinhos, entre eles, o premiado Il Borro (50% merlot e outras uvas).