No último sábado (19), a rede norte-americana de hotéis Starwood assinou um acordo para renovar e operar três hotéis cubanos. O contrato retomará as atividades dos Estados Unidos na ilha depois de 50 anos, quando os hotéis foram assumidos pela revolução socialista de Fidel Castro.
Hoje, todos os hotéis cubanos são estatais, o que confronta bastante a ideologia norte-americana. Apesar disso, os EUA acabaram de conquistar um arranjo que outrora era inimaginável: um dos hotéis cubanos se transformará em um Sheraton Four Points.
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O acordo surgiu na véspera da histórica visita do presidente norte-americano, Barack Obama, a Cuba, que teve início ontem (20). Esta, aliás, inaugura uma nova era entre os antigos inimigos da Guerra Fria.
O chefe de operações da Starwood na América Latina, Jorge Giannattasio, disse que “a empresa investirá milhões para renovar os hotéis, treinar funcionários e reabrir algumas portas até o final do ano”. O que não ficou claro, no entanto, é se a Starwood pode realmente ser chamada de companhia norte-americana, já que na última sexta-feira (18), cancelou um acordo de US$ 12,2 bilhões com o Marriott em favor de uma oferta de um grupo de investidores chineses, chamado Anbang.
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Os serviços de hospedagem cubanos são bastante conhecidos pelo mobiliário arcaico e pelo mau tratamento. Giannattasio disse que “as reformas nos hotéis de Cuba acontecerão desde os colchões aos utensílios de cozinha e medidas de segurança geridos por equipes de funcionários já experientes da Starwood”.
A lei cubana, no entanto, impede a contratação direta de trabalhadores locais por empresas estrangeiras. As companhias internacionais, então, se queixam, já que isso prejudica sua capacidade de fornecer atendimentos satisfatórios. Giannattasio disse estar “confiante de que a Starwood tenha a flexibilidade e o controle para manter os padrões da companhia em Cuba”, embora tenha se recusado a comentar sobre os detalhes do acordo da empresa com o governo latino.
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A quantidade de turistas de Cuba subiu quase 20% no ano passado. Destes 80% tem origem norte-americana. E este crescimento sobrecarrega a frágil infraestrutura turística do país. A tendência é que estes números se acentuem ainda este ano quando, só dos EUA, cerca de 110 voos comerciais diários devem acontecer.
Na última terça-feira, o governo de Barack Obama removeu as últimas significativas restrições sobre as viagens de norte-americanos à Cuba. O presidente anunciou que permite a visita a ilha e também as viagens educacionais. Mas quanto a proibição de turismo nos EUA, isso ainda permanece em vigor.