Benedict T. Casnocha é empreendedor e escritor norte-americano, radicado em São Francisco, Califórnia (EUA). É também fundador de Comcate, uma empresa de tecnologia de governo eletrônico (egov), e autor de três livros, incluindo o best-seller, indicado pelo “New York Times”, “Comece por Você”, feito em parceria com Reid Hoffman, fundador do LinkedIn.
Casnocha atua ainda como palestrante em eventos e convenções de negócio e é colunista na “Newsweek”. Também escreveu para o American Enterprise Institute e para o Departamento de Estado Norte-Americano. Em 2006, a “Business Week” o considerou um dos melhores jovens empresários dos EUA. Já foi chamado de uma das 25 pessoas mais influentes no mundo da internet e da política.
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Quando nos encontramos pela primeira vez, eu tinha acabado de ler seu livro “Comece por Você” e ele se tornou meu primeiro ídolo no Vale do Silício. Primeiro, porque somos da mesma idade, ambos nascidos em 1988. Casnocha começou sua carreira, muito jovem, como empresário, o que me chamou atenção. Além disso, escrever um livro nos seus vinte e poucos anos com o fundador do LinkedIn me pareceu algo surreal.
Em entrevista, ele fala sobre a importância do Vale do Silício nos hábitos tecnológicos do mundo todo. Leia a seguir:
Algumas pessoas fora do Vale do Silício o veem como um local que não está muito em contato com o resto do mundo. Especialmente, quando converso com alguns brasileiros sobre tecnologias como Facebook, Twitter, Snapchat e Uber, a impressão de estar falando sobre um planeta distante aumenta. Isso, de alguma forma, soa verdadeiro para você ou é apenas uma impressão errada de estrangeiros?
BC: As tecnologias do Vale do Silício moldam o mundo, por meio de Apple, Facebook, Whatsapp, Oracle, Intel etc. Por isso, enquanto o Vale pode parecer distante para alguns, os efeitos do que ocorre ali afeta tudo, em todo lugar. É importante compreender como ele funciona, e não se distrair muito com histórias contadas pela mídia sobre benefícios despropositados, ou esquemas de compensação, ou hábitos culturais bizarros nas empresas tecnológicas do Vale. Ao final do dia, o que faz o Vale do Silício funcionar é o que faz qualquer ecossistema ou organização funcionar: pessoas incríveis, trabalhando juntas, compartilhando ideias e inteligência, para produzir resultados maravilhosos. Há uma dinâmica cultural singular ali? Sim. Mas não nos esqueçamos do essencial.
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Por que você acha que o ambiente do Vale do Silício é tão singular?
BC: A dinâmica cultural de alguém é o que chamamos “inteligência de rede”, em nosso livro “The Alliance”. Empresas, empresários e investidores compartilham informações com suas redes e as usam para reunir informações, afim de tomar decisões ainda melhores. É uma premissa que se baseia em um verdadeiro espírito de colaboração e generosidade. Outra dinâmica do Vale do Silício é o que chamamos de “Beta Permanente”, no livro “Comece por Você”: você deve aprender e crescer sempre. O Vale do Silício está repleto de máquinas de aprendizado, de empresários ávidos por nunca deixar de aprender, e de uma cultura que celebra o aprendizado em alto grau, mesmo que essas lições provenham de um erro.
Se você tivesse de listar três nomes que tiveram grande impacto em sua vida, quais seriam e por quê?
BC: Eu me beneficiei com a sabedoria e a ajuda de muitas pessoas em diferentes fases de minha vida. Mais recentemente, as três pessoas que, provavelmente, tiveram o maior impacto em minha vida profissional foram Reid Hoffman (fundador do LinkedIn), Brad Feld (empresário) e Chris Yeh (empresário e coautor, comigo, do livro “The Alliance”). Todos eles me ensinaram a acreditar em mim mesmo, a nunca deixar de aprender e a assegurar que priorizo o estímulo intelectual e de diversão, aliado ao sucesso profissional.
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Qual o seu conselho para investidores brasileiros, que querem iniciar investimentos no Vale do Silício?
BC: O Vale do Silício está abarrotado de capital no momento. Então, dinheiro é uma mercadoria. Deve-se agregar valor de alguma outra forma do que somente assinar um cheque. O certo a se fazer para começar é mirar em transações nas quais haja um plano de expansão natural para América Latina.
Qual seu conselho para empreendedores brasileiros que querem levantar fundos no Vale do Silício?
BC: Ter amigos que entendem o ecossistema é crucial. A melhor inteligência sobre o que acontece no Vale não se encontra em livros ou no Twitter. É na conversa com as pessoas e na provocação intelectual. Além disso, a forma de se levantar fundos no Vale é a mesma como se levanta fundos em qualquer lugar: lançar uma ideia de negócio persuasiva que solucionará problemas reais em um grande mercado!