Michael Jordan anunciou, na última segunda-feira (1º), que doaria US$ 2 milhões para “apoiar reformas que construirão o respeito e a confiança entre as comunidades e os policiais”.
É certo que o Institute for Community-Police Relations (Instituto de Relações Comunidade-Polícia, em tradução livre) e o Fundo de Defesa Legal da NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor) vão ser gratos pelo presente de Jordan. Porém, espera-se que os grupos aproveitem bem o dinheiro doado pelo ex-jogador da NBA.
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Jordan tem uma fortuna estimada em, aproximadamente, US$ 1,14 bilhão. Mas há pessoas que querem que o ex-atleta dê algo muito mais valioso que dinheiro: sua presença.
Michael Jordan possui “poder de convocação”. Esse poder vem da habilidade de atrair a atenção e influenciar as ações de outras pessoas. Quando homens e mulheres que possuem o poder do fala, especialmente atletas, outros tendem a ouvir e agir. Para ilustrar a influência desproporcional dos atletas na sociedade atual, é necessário se atentar a um estudo feito pelo Barna Group em 2013. Esse grupo revelou que 64% dos norte-americanos acreditam que atletas têm mais influência que pastores nas decisões e gostos da sociedade. Nos EUA, o esporte é uma religião, e os atletas mais famosos carregam o status de deuses.
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As habilidades de Jordan no basquete basicamente o catapultaram para uma fama astronômica. A silhueta de um Jordan pairando no ar, desafiando o tempo e a gravidade, foi de uma marca a uma cultura. Ainda assim, o poder de transformação do ex-jogador nunca saiu das quadras.
A figura que parece estar sempre por trás de Jordan é a do grande boxeador Muhammad Ali, considerado o “melhor de todos os tempos”. Ali atacou as mazelas sociais do mundo com a mesma tenacidade com que acertava socos em seus adversários. Porém, atualmente os atletas preferem não correr o risco de perder patrocínios por terem manifestado suas opiniões políticas.
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No entanto, talvez a sombra de Ali esteja se manifestando na forma de LeBron James. No começo do mês, James, Chris Paul, Carmelo Anthony e Dwayne Wade lançaram um apelo para seus companheiros antes dos ESPYS (premiação anual criada e mantida pela ESPN, para celebrar seu legado como um canal esportivo). “Hoje honramos Muhammad Ali, o melhor de todos os tempos”, disse James. “Mas para que façamos justiça ao seu legado, usemos esse momento para fazer um pedido a todos os atletas profissionais que se eduquem sobre esses problemas, usem suas vozes para influenciá-los positivamente e o mais importante, visitem as suas comunidades, invistam seu tempo e seus recursos para reconstruí-las e ajudar a mudá-las.”