Há poucos dias a FIFA anunciou que a partir de 2026 a Copa do Mundo terá mais 16 países, elevando o número total para 48.
Metade das pessoas não gostou da ideia. A outra metade a odiou.
Vários treinadores, como Pepe Guardiola do Manchester City e Joachim Low da Seleção da Alemanha, criticaram a decisão. Karl-Heinz Rummenigge, o ex-jogador alemão e agora o CEO da Associação Europeia de Clubes, enviou uma queixa formal à FIFA.
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A imprensa esportiva internacional foi unânime em dizer que a decisão foi equivocada. Segundo ela, a iniciativa tem três graves problemas:
1. A FIFA está fazendo isso para aumentar suas receitas com televisão e patrocínios.
2. O número excessivo de equipes diminuirá a qualidade esportiva das partidas.
3. A Copa do Mundo será muito demorada e cara para o país sede.
Olhando para os dados disponíveis, isto é o que podemos falar:
1. Receitas: Sim, a FIFA vai faturar mais em direitos de televisão e patrocínios.
Os direitos crescerão de qualquer forma pois o aumento de preços é a norma no mundo do futebol. Entre a temporada 2012/13 e 2016/17, as receitas das principais ligas da Europa explodiram (Fonte: Relatório Anual de Finanças do Futebol da Deloitte UK). A Liga Inglesa cresceu 98%. A espanhola 60%; a francesa 26%; a alemã 36% e a italiana 20%. Todos esses resultados são comparáveis com os 36% de crescimento do faturamento da própria FIFA entre os quadriênios 2011/14 e 2007/10 (Fonte: FIFA Relatório Financeiro da FIFA de 2014).
A FIFA acredita que é possível faturar ainda mais com o novo formato. Quanto a mais é uma incógnita que só descobriremos nos próximos anos quando as negociações começarem.
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O faturamento com os patrocínios será mais impactado pelas mudanças pois a FIFA atrairá empresas de países que atualmente não se classificam. Podemos contar com mais empresas chinesas, russas, do Oriente Médio e da Índia em um futuro breve. Esta é provavelmente a maior ameaça ao evento. Se por um lado mais patrocinadores promovendo a Copa do Mundo aumentará as receitas, certamente diluirá o seu valor e espantará alguns dos patrocinadores atuais.
(2) Quanto mais países, pior a qualidade.
Esta é a terceira vez em sua história que a FIFA aumenta o número de países que jogam a Copa do Mundo. Com exceção de algumas Copas como a do Uruguai em 1930, a do Brasil 1950 (ambas com 13 países) e a da França 1938 (15 países), o formato padrão era de 16 times. Em 1982 a FIFA aumentou o número para 24 e em 1998, para os atuais 32.
Usando a média de gols por partida e o numero de torcedores pagantes como uma aproximação para a qualidade do jogo, a conclusão é que o número de países teve um efeito limitado no resultado. Os gols caíram de 3,2 para 2,5 enquanto o público aumentou de 36 para 48 mil.
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(3) Um torneio gigante.
Sim, haverá 16 partidas a mais, aumentando o total de 64 para 80. O número de dias do torneio (32) e o número de partidas que os dois finalistas jogarão (7), no entanto, permanecerão o mesmo. A FIFA também espera que o número atual de estádios utilizados nos últimos eventos (12) seja capaz de acomodar todos os jogos. Além de ter 16 partidas adicionais na primeira semana, as implicações logísticas também são irrelevantes.
De acordo com os dados oficiais disponíveis, a maioria das críticas parece ser uma reação passional às mudanças. A FIFA tem 9 anos para se preparar e provar que tomou a decisão correta para o bem do futebol. Nós torcedores acompanharemos de perto as mudanças e estaremos na frente das nossas televisões (ou qualquer que seja o dispositivo que usaremos para assistir futebol em 2026) esperando para ver qual lado estava certo.