Após voltar de uma viagem, um homem revelou à sua namorada, no Reino Unido, que tinha grandes notícias. Imagine a conversa: ele não só contou à parceira que havia tido relações sexuais com outra mulher e contraído gonorreia, como havia pego uma super gonorreia.
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Um relatório intitulado “Caso Britânico de Gonorreia Neisseria com Alto Nível de Resistência à Azitromicina e à Ceftriaxona Adquirida no Exterior”, da Public Health England, descreveu alguns dos detalhes sobre essa doença, que foi detectada pela primeira vez quando a vítima visitou uma clínica especializada no início deste ano. O indivíduo tinha desenvolvido sintomas um mês depois de ter contato sexual com uma mulher no Sudeste Asiático. Apesar do resultado do exame de urina ter sido negativo, o teste de saliva acusou a bactéria, o que sugere que a forma de transmissão tenha sido sexo oral. A bactéria provou ser resistente aos antibióticos padrão usados no tratamento da doença sexualmente transmissível, como azitromicina e ceftriaxona, e só era suscetível a um outro medicamento, a espectinomicina.
Como o estudo indicou, esse é o primeiro caso reportado no mundo da gonorreia Neisseria, doença com alta resistência aos antibióticos comuns. É possível afirmar que esse homem tem o pior caso de gonorreia do mundo, termo usado por James Gallagher no programa “BBC News”. Não há informações de como a namorada reagiu às notícias – além de ter sido testada e apresentado resultado negativo para a doença – e se o casal continua junto. Mas, certamente, “o pior caso de gonorreia do mundo” não é algo que atrairia mulheres em um site/aplicativo de relacionamento.
Era apenas uma questão de tempo até que a super gonorreia se propagasse e o número de vítimas continuará a aumentar se algo não mudar. O uso inapropriado de antibióticos e sexo sem proteção (incluindo o sexo oral) contribuem para a rápida disseminação dessa doença. Sem a criação de novos antibióticos, é possível que não se tenha mais armas para lutar contra essa superbactéria em um futuro próximo.
O caso reportado sugere que existem, provavelmente, muitas pessoas infectadas, mas que ainda não foram diagnosticadas e continuam a transmitir a bactéria para seus parceiros. O problema é que muitos homens e a maioria das mulheres não desenvolvem sintomas. Como os Centros de Controle e Prevenção de Doenças descreveram, mesmo que uma mulher apresente os sintomas, como dor ao urinar, maior corrimento vaginal ou sangramento entre as menstruações, ela pode confundi-los com uma simples infecção. A única maneira de saber com certeza se alguém tem gonorreia é por meio de um teste de urina, de saliva ou no reto. Portanto, muitos indivíduos podem estar transmitindo a superbactéria sem saber.