O Goldman Sachs prevê que, na próxima década, as fintechs vão “roubar” uma parcela considerável de mercado dos cinco maiores bancos brasileiros. No período, a receita das 200 maiores empresas financeiras disruptivas do Brasil deve chegar a US$ 24 bilhões.
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Diante desse possível cenário, a Bossa Nova Investimentos, considerada o maior fundo de microventure capital do Brasil, e a House of Fintech, grupo de investidores especializados em fintechs, fizeram uma parceria com o objetivo de potencializar os aportes no setor, com um fundo inicial de R$ 6 milhões para a primeira rodada de seleção. “A House tem uma ótima curadoria, com um modelo seguro para fazer investimento com riscos menores”, explica João Kepler, sócio da Bossa Nova – que tem como meta apostar em mil startups de qualquer segmento até 2020. Fundada em 2011, o valor agregado das startups de seu portfólio já ultrapassa R$ 1 bilhão – 40% delas são de origem americana.
Em março, o banco BMG entrou como sócio minoritário da Bossa Nova e disponibilizou R$ 100 milhões para aportes. Em agosto, já haviam sido colocados R$ 27 milhões em 170 startups, sendo a maioria no estágio pré-seed – no qual a startup está em um nível de desenvolvimento acima de receber o investimento-anjo (de até R$ 300 mil), mas abaixo de captar recursos de um fundo de venture capital (por volta de R$ 1 milhão). Os aportes da Bossa Nova variam entre R$ 100 mil e R$ 800 mil.
Segundo Kepler, leva-se um ano e meio, no Brasil, para um negócio sair da fase anjo e chegar a seed, tempo relativamente longo. “Nos Estados Unidos, esse tempo é de apenas quatro meses”, compara.
“A Bossa Nova fica com a gestão e o relacionamento com os investidores, enquanto a mentoria e a aceleração cabem à House”, explica Claudio Kawasaki, cofundador da House of Fintech, sobre a responsabilidade de cada um na parceria. A empresa tem especialidade em acelerar o crescimento de startups financeiras que já estão no mercado, dando-lhes suporte contábil, financeiro, jurídico e de recursos humanos. Além disso, também promove intercâmbio entre as fintechs selecionadas e com as grandes empresas. “Faltava à Bossa Nova essa especialização em fintechs”, afirma Kawasaki.
Reportagem publicada na edição 56, lançada em dezembro de 2017