“Siga sua paixão” é uma frase bem comum de escutar nos dias de hoje. O fundador da S2 Yachts, Leon Slikkers, fez exatamente isso, muito antes de o conselho virar um clichê.
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A empresa teve início quando Slikkers decidiu seguir seu amor por barcos artesanais e começou a trabalhar para a Chris Craft, famosa fabricante de embarcações a motor, em 1946. Não demorou muito tempo para que ele começasse a sentir interesse em fazer seus próprios projetos, partindo da construção de barcos em sua garagem. Ele abandonou a empresa para a qual trabalhava com o objetivo de fundar a SlickCraft, em 1954, produzindo calhas duplas de cockpit com decks de mogno e cascos de compensado moldados. No começo, os barcos eram feitos em Michigan, uma pequena fábrica na Holanda, no mesmo lugar em que ficava o apartamento da família Slikkers.
A Slikkers expandiu sua linha de barcos de madeira com alta qualidade e preço acessível em 12 modelos e até começou a experimentar cascos de fibra de vidro. Em 1969, a empresa foi comprada pela AMF, com Leon Slikkers permanecendo como presidente da nova divisão. Quatro anos depois, descontente com o compromisso da AMF, ele decidiu pedir demissão.
Mesmo com um acordo de não fazer concorrência, mas ainda com sua paixão por construir barcos, Slikkers formou a S2 Yachts, em 1974, e começou a construir veleiros de 23 e 26 pés, quando ganhou popularidade entre cruzadores e pilotos. Dois anos depois, com a cláusula de não-concorrência arquivada, a empresa lançou a divisão Tiara Yachts e se concentrou na construção de barcos usando apenas os melhores materiais e o mais alto nível de acabamento. Esse negócio logo tomou o lugar dos veleiros, que pararam de ser produzidos em 1987.
A fábrica segue localizada em Michigan, mas agora é uma gigante de 46.451 metros quadrados, onde a empresa produz cerca de 150 iates por ano. A empresa segue familiar: o filho de Leon, Tom (que está no mercado há 36 anos, desde o ensino fundamental), assumiu o cargo de presidente e CEO em 2012, com seu pai permanecendo também como presidente.
A fabricação começa com o processo de desenvolvimento do produto, que culmina em um modelo tridimensional em escala real para testar todos os espaços de função e conversão. Segundo Tom, é onde eles “fazem a checagem da caixa” para garantir que todas as peças se encaixem e se movam do jeito que deveriam. “Trabalhamos muito para combinar beleza e funcionalidade. Queremos a melhor solução do mercado.”
Uma vez que o modelo apresenta um design adequado, a equipe passa para a seleção de materiais. “Tudo isso é planejado e projetado de maneira qualitativa”, diz Tom. “Somos muito decididos e intencionais em nossa escolha de materiais, especialmente, na parte dos fixadores. Você pode notar que nossos barcos não balançam ou fazem com que as coisas caiam. Costumamos nos concentrar na facilidade de uso para os mais diversos clientes.”
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O processo de fabricação em si continua sendo muito manual. Um dos principais pontos fortes é a integração vertical na produção. Eles não apenas moldam cascos de fibra de vidro, como também adaptam componentes de origem externa. Eles criam todos os principais conjuntos internamente, usando a construção modular para os diferentes componentes que alimentam sua linha de iates. Isso lhes dá a capacidade de atender melhor seus clientes por meio de qualidade e flexibilidade.
“Nosso redesenho do arco-íris do Tiara Sport 34 LX mostra a vantagem da nossa forma de fabricação”, diz Slikkers. “Estudamos o que as pessoas fazem com os barcos e o que levam dentro dele. Isso nos permite ver com mais facilidade o uso do espaço, como por exemplo onde manter e armazenar coisas.”
Mas existem partes do barco onde a empresa depende de serviço terceirizado. Nesses casos, eles procuram fornecedores com o mesmo foco de qualidade que eles e selam fortes e duradouras parcerias, como as com seus fabricantes de motores, por exemplo. Além disso, pagam mais para que os fornecedores ofereçam suporte a garantias para os seus clientes.
Todo o foco está no mercado de alta tecnologia. “Possuímos produtos premium, ricos em qualidade”, diz Slikkers. “Esse foco é o que dá um toque especial particular aos nossos produtos finais.”
Enquanto alguns itens são estrangeiros, a Tiara continua comprometida com os EUA. “Não me sinto pressionado a comprar materiais chineses”, afirma Slikkers. “Não vou me prejudicar por cinco ou dez centavos, procuro o melhor resultado para nossos clientes e nossos barcos. Somos muito competitivos, mas não nos comprometemos com isso.”