Resumo:
- Embraer aposta que o próximo grande passo na mobilidade está no transporte aéreo urbano;
- Projeto Embraer X, em funcionamento há dois anos, busca pioneirismo no desenvolvimento de negócios disruptivos no setor aéreo;
- Uma das fabricantes por trás da Uber Air, Embraer prevê disponibilidade do serviço para 2023;
- Segundo a companhia, a verdadeira revolução deve acontecer com as aeronaves elétricas autônomas;
- Empresa espera que os preços atraentes dos táxis aéreos possam difundir o meio de transporte.
O conglomerado aeroespacial Embraer está apostando suas fichas no desenvolvimento de produtos e serviços em torno do transporte aéreo urbano. A gigante brasileira está convencida de que este será o próximo grande passo no que diz respeito à mobilidade.
VEJA TAMBÉM: Embraer recebe certificação da Anac para o Praetor 600
Terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, atrás apenas da Boeing e da Airbus, com receita de US$ 5,8 bilhões, a companhia lançou seu braço de mobilidade urbana, Embraer X, há dois anos, depois de reconhecer que o setor aeroespacial passará por uma transformação inédita.
“A próxima onda de evolução nos transportes mudará a sociedade como a conhecemos. Nosso papel é desenvolver negócios disruptivos no setor aeroespacial antes que outras empresas interfiram na área em que operamos”, diz Antonio Campello, diretor executivo da Embraer X.
A Embraer é uma das fabricantes por trás da Uber Air, iniciativa de mobilidade urbana planejada para 2023. Aos 49 anos, a empresa brasileira é uma das parceiras mais experientes do projeto e pode ajudar a superar as questões regulatórias e obstáculos de infraestrutura em torno das viagens aéreas para colaborar com o cronograma da Uber.
O vôo elétrico ainda está em fase inicial, mas Campello diz que os modelos de decolagem e aterrissagem vertical (eVTOL) baseados na tecnologia se tornarão uma realidade “muito antes do que a maioria das pessoas pensa”.
“Obviamente [a viagem aérea urbana] não é algo que se desenvolverá da noite para o dia. Nosso veículo irá operar com um piloto no início, mas depois de muito teste e uso, deve evoluir para se tornar autônomo – é quando a revolução vai realmente começar”, diz.
E AINDA: Assembleia aprova negócio entre Embraer e Boeing
Além do desenvolvimento do táxi voador, a empresa brasileira, que tem uma base na Flórida e postos avançados no Vale do Silício e em Boston, está desenvolvendo uma série de outras ofertas de negócios em áreas como o controle de tráfego aéreo.
A Embraer X também está projetando uma rede de iniciativas comerciais para ofertas aeroespaciais, conta Campello. Isso é uma resposta à mudança nos modelos de negócios tradicionais e lineares vistos na fabricação de aeronaves, motivados por tecnologias como aprendizado de máquina e IoT.
“Em vez de ter redes de dados, teremos redes físicas de máquinas conectadas e essa é outra área na qual estamos trabalhando e onde veremos empresas tradicionais sofrendo transformações”, ressalta.
A experiência da empresa brasileira, combinada ao fato de que ela está imersa em importantes ecossistemas de inovação, dará à Embraer X vantagens na nova ordem mundial dentro do setor aeroespacial, diz o executivo. “Há cerca de três anos, havia cerca de dez empresas falando sobre o desenvolvimento de aeronaves urbanas. Hoje, esse número está chegando perto de 100. O crescimento do setor é demonstrado em números. Mas apenas poucos poderão entregar veículos seguros. Além disso, eles precisarão de uma operação comercial.”
LEIA MAIS: Embraer acerta venda de 9 aeronaves para SkyWest
No próximo ano, o executivo espera que vários tipos de aeronaves com características distintas sejam testadas para encontrar o ponto ideal de operação e atender aos requisitos de certificação. “É um mundo que está sendo descoberto. É praticamente uma folha de papel em branco”, diz ele. “Depois desse estágio, em dois ou três anos, no máximo, definiremos quem tem condições de ir além. Será uma guerra com muitas batalhas entre empresas tradicionais e novos empreendimentos, mas provavelmente será um mercado onde faltarão produtos – e não clientes.”
Cinco anos é um cronograma realista para ter em mente quando se trata das primeiras ofertas comerciais de viagens aéreas urbanas, argumenta Campello. Mas o negócio exigirá mais inovação, pois as empresas participantes precisarão responder à aceitação do cliente e a vários fatores socioeconômicos.
“O desafogamento dos gargalos em grandes centros urbanos pode exigir uma ‘solução 3D’ aliada a muitas outras mudanças. Mas os veículos eVTOL podem permitir que as pessoas voem por um preço atraente, o que tornará as viagens aéreas mais difundidas”, ele diz. “O ritmo de desenvolvimento visto globalmente nos serviços de mobilidade é indicativo de uma transformação social que já está em curso. O mesmo acontecerá com as viagens aéreas.”
Siga FORBES Brasil nas redes sociais: