Para entrar no mundo dos negócios, não basta apenas uma grande ideia, é preciso saber executá-la. É o que fala Laércio Cosentino, fundador e chairman da Totvs, uma das maiores empresas de software do país, sobre a primeira etapa para começar um negócio próprio. “É preciso decidir qual é o seu objetivo, o que realmente deseja fazer, e se isso é mais simples, fácil e ágil do que as demais disponíveis no mercado”, afirma ele, que diz acreditar que tecnologia é a grande aliada da criação de estratégias para se sobressair com um novo empreendimento.
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A dica para quem já está à frente de um negócio é diferente, mas também desafiadora. Os que já comandam empreendimentos precisam analisar tudo o que acontece e ver se, de fato, estão acompanhando. Ou seja, se estão fazendo algo diferente do que sempre foi feito. Mas, segundo ele, tanto novatos quanto veteranos devem responder à pergunta: “Qual problema do meu futuro cliente preciso resolver?”.
Para Cosentino, no Brasil, há excelentes exemplos de tecnologia e empreendedorismo, “trata-se apenas de defender um pouco mais o que há no seu próprio país.” Ele acredita que é possível desenvolver produtos excelentes e criar marcas nacionais que possam se fortalecer cada vez mais neste mercado que é tão cobiçado. “Todas as marcas que buscam crescimento olham para o Brasil como uma grande oportunidade”, diz.
Cosentino também compara a época atual com o passado. “Não havia antes um ambiente pré-formatado para gerar novas startups e negócios. As coisas nasciam com pouco investimento”. Agora, para o empresário, há um meio e uma competição bem maiores. “Hoje, com boas ideias, você cria um bom investimento, mas a concorrência é muito maior. Este é o conflito vivido, quando trata-se de iniciar um negócio”, afirma.
Experiência própria
A Totvs foi fundada em 1983. Após mais de 30 anos, mantém sua posição ao estar sempre inovando. Para isso, está constantemente conectada com o mercado e, também, se questiona: o que estamos fazendo para atender às necessidades dos nossos clientes? “Estamos sempre incomodados a fazer algo diferente, inovador. O incômodo que eu, pessoalmente, conseguia colocar na própria companhia é o de que sempre conseguimos fazer melhor do que já fazemos”, conta Cosentino.
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Nos três últimos anos, houve uma grande transformação digital, na qual a Totvs detectou que precisava investir em pessoas, na cultura e na infraestrutura. A cultura, para providenciar itens de alta qualidade e tecnologia para os clientes, além de um ambiente físico de negócios, era uma grande questão para responder à essa mudança. Em seguida, os processos e o atendimento necessário para realizar tudo isso. Por último, portfólio e oferta. “É uma constante de viver o dia a dia entendendo tudo o que está acontecendo e, rapidamente, colocar isso nos produtos e nos serviços.”
Cosentino aponta que as novas tendências não só da tecnologia, mas dos negócios, são a mobilidade, conectividade e inteligência artificial, “elas vêm se endereçando em todos os seus produtos e serviços”, aponta. Três grandes pilares precisam viver a transformação digital: as pessoas, empresas e os governos, ele diz. As pessoas começaram na frente. Todas as novas tecnologias eram implantadas nas startups e, depois, chegavam nos indivíduos. Para o chairman, o advento do smartphone foi uma das grandes transformações que a sociedade viveu no campo da tecnologia: ela se conectou, aprendeu a falar, escrever, tirar fotos e, além de tudo, modificar o seu dia a dia.
A sociedade e as empresas já estão dentro disso, e o governo dá os primeiros passos. “Algumas startups entenderam o que acontecia e criaram novos modelos de negócios. Hoje, pela própria concorrência, as companhias antigas tiveram a necessidade de migrar todas as suas operações”, explica. Já o último pilar não está fazendo mudanças porque deseja, mas porque há a necessidade, dado que os outros dois se transformaram. A convergência entre as novas tecnologias e os três pilares é fundamental para que, de fato, os empreendimentos caminhem no contexto digital que é vivido.
A pergunta que a Totvs responde para continuar inovando é a mesma que as empresas e novos empreendedores devem fazer continuamente para ter um conhecimento melhor de seu público – algo fundamental em um negócio. “Antigamente, as empresas mudavam e faziam as pessoas mudarem. Agora, algo na indústria sofre alterações, enquanto o ser humano também se transforma – é simultâneo”, explica Cosentino. De modo que, com a indústria 4.0, os serviços se transformam ao mesmo tempo que a sociedade, um planejamento muito demorado pode resultar na perda de seu cliente alvo: ele muda de lugar muito rápido. “Você precisa cruzar o timing da necessidade do seu consumidor e do desenvolvimento do seu projeto.”
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