Sabe aquele sonho de largar a profissão que já não satisfaz para abraçar a atividade que começou como um hobby – e ainda ganhar muito dinheiro com isso? Pois o escocês David Yarrow, de 53 anos, pôs isso em prática: há pouco mais de cinco anos, abandonou a posição de administrador de hedge funds para se tornar um fotógrafo de fine art em tempo integral. Nesse curto espaço de tempo, transformou-se em um dos fotógrafos de maior sucesso no mundo, famoso por fotos em preto e branco de animais selvagens, que foram leiloadas entre US$ 75 mil e US$ 110 mil nos últimos dois anos – a Maddox, galeria que o representa em Londres, chega a vender 9 milhões de libras (R$ 45 milhões) em obras dele por ano.
“Depois de me formar na Universidade de Edimburgo, busquei uma carreira na área de finanças em Londres e Nova York – com grande êxito. Em 1993, fui nomeado diretor de ações da Natwest Securities, onde trabalhei até o momento em que abri meu fundo de hedge, o Clareville Capital, em 1996”, conta. “Acho que o colapso do sistema bancário em 2008 foi um momento de desfecho e reflexão para muitas pessoas. Eu queria sair desse cenário, em vez de ficar refém das variáveis que fugiam do meu controle. Não significa que eu não fotografava antes disso, mas esse processo acelerou meu apetite por mudanças. Precisei pular em um trem que estava em movimento. Por um tempo, tive duas carreiras em paralelo, mas a chave era fazer com que o trem da fotografia andasse em velocidade superior ao das finanças… Depois do momento de tensão econômica de 2008, isso não foi tão difícil. O que fiz para gerir o investimento [na nova carreira] foi pesquisar, e isso requer tempo, o entendimento do que as outras pessoas são capazes de ver e precisão técnica.”
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Ele percebeu que estava no caminho certo com um clique que fez no Sudão do Sul. “Tirei uma foto que sabia que seria comercializável. No total, as vendas de Mankind chegaram a US$ 2,5 milhões.” Ele nunca fotografou no Brasil, mas diz que adoraria conhecer o Pantanal. Sobre suas referências de fotógrafos brasileiros, Yarrow cita Sebastião Salgado e Araquém Alcântara. Entre 19 de agosto e 18 de setembro, 13 de suas fotos têm como endereço a Gabriel Wickbold Gallery, em São Paulo.
Reportagem publicada na edição 71, lançada em setembro de 2019
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