Desespero e incapacidade de se reinventar. Assim o sócio e diretor-executivo da XP, Gabriel Leal, definiu a mais recente campanha de marketing do Itaú para o Personnalité, que colocou em xeque o modelo de operação dos corretores independentes.
“É surpreendente que uma instituição séria, com mais de 90 anos de história, tenha colocado no ar um comercial de tão mau gosto, agredindo instituições do mercado financeiro e mais de 10 mil profissionais capacitados”, continuou o executivo, durante uma coletiva de imprensa online realizada na tarde de hoje (25). “Isso é típico de quem não tem nenhuma proposta de valor ou diferencial para explorar. O que resta? Atacar os competidores.”
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Segundo o executivo, R$ 150 milhões saem todos os dias do portfólio de investimentos do Itaú para aportar na XP. “Se projetarmos esses dados para o futuro, em três anos, o Personnalité estará acabado. A tentativa deles é frear um movimento que só se intensifica.”
E continua citando outros dados públicos. Segundo Leal, o banco quase centenário tem 200 mil investidores, que aplicam seu dinheiro em fundos de renda fixa extremamente conservadores, que cobram de 1,5% a 1,75% de taxa de administração ao ano.
“Se eles acham que as corretoras e agentes independentes têm conflitos internos, por que não resolvem seus próprios conflitos antes de atacar os outros?”, pergunta, citando, ainda, fundos monoações do banco que cobram até 3% ao ano contra concorrentes que não taxam essas operações. “O Itaú tem mais de R$ 21 bilhões em fundos de previdência, que cobram mais de 1,5% ao ano, e fundos de renda fixa LFT, que chegam a 3,5% ao ano. Será que eles não deveriam refletir melhor sobre seus próprios conflitos antes de atacar os supostos conflitos de mercado? Não há mais espaço para hipocrisia. Mais do que falar, é preciso fazer.”
Leal afirma que, no momento dos investimentos, os clientes de qualquer agente autônomo vinculado à XP ficam cientes das comissões aplicadas, uma ação de transparência adotada antes mesmo da obrigatoriedade da CVM. “Alguns dos fundos sequer pagam comissão. Em vez de colocar o cliente em primeiro lugar, o banco resolveu atacar quem age dessa forma.”
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A crítica de Leal não poupou nem o papel do Itaú para o crescimento do país. “Um mercado de capitais forte e acessível é capaz de contribuir para o desenvolvimento do Brasil como nação, o que permite às empresas se capitalizarem. E é justamente esse cenário que o Itaú não quer. Ele prefere o país de antigamente, com altas taxas de juros, baixa competição e decidindo para quem vai seu dinheiro.”
Leal disse que o comercial do Itaú foi direcionado para a XP e que o tom provocativo nesse mercado sempre existiu [a XP, inclusive, contratou Luciano Huck, em 2018, como garoto-propaganda depois que o contrato do apresentador com o Itaú expirou]. “O que nos chamou a atenção foi a maneira de fazer isso. A competição traz benefícios para todo mundo. O problema é atacar os outros sem ter resolvido internamente seus próprios conflitos. Gostaria de ver a transparência nas metas dos gerentes.”
O executivo acusou o banco, ainda, de se beneficiar da falta de conhecimento do brasileiro nesse setor para praticar suas taxas. “Na XP, a educação sempre foi ferramenta primordial. Para nós, essa é mais uma bandeira capaz de reduzir qualquer possível conflito. Queremos que todos os nossos investidores saibam o que estão fazendo.”
Leal comentou também uma afirmação de horas antes de Guilherme Benchimol, fundador e CEO da XP, de que um investidor que não aposta no negócio não deveria ser investidor. “Se o Itaú estiver desconfortável, ele deveria repensar seu investimento. A minha obrigação é entregar o que tem de melhor para os clientes”, disse Leal.
O executivo reiterou que a corretora vai continuar investindo em comunicação, educação financeira e transparência. “Vamos transformar o mercado brasileiro para melhorar a vida das pessoas. Esse é o nosso propósito. E não vamos descansar enquanto existirem investidores comprando produtos dos bancos.”
Para finalizar, Leal disse que tem convicção de que colocar o cliente em primeiro lugar é a única forma de garantir a sustentabilidade da empresa no longo prazo. “Não vamos esperar um dia sequer para mudar algo que não esteja correto. Sabemos que temos várias oportunidades de melhorar ainda mais o negócio, e não vamos esperar um, cinco ou 90 anos para fazer isso.”
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