Os últimos anos presenciaram o crescimento da oferta de produtos veganos no mercado brasileiro. Surgiram micro e pequenas empresas especializadas, as prateleiras de supermercados e farmácias foram abastecidas com marcas estrangeiras e nacionais focadas em uma produção mais consciente e sustentável. Players internacionais mantêm seus olhos atentos à oportunidade de investir no Brasil, o quarto colocado no ranking mundial de consumo de HPPC (higiene pessoal, perfumaria e cosméticos), ficando atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão. O Brasil participa com aproximadamente 6,2% no mercado global, com faturamento na casa dos US$ 30 bilhões.
Diante da ebulição desse setor, é importante entender a diferença entre as denominações dos produtos e não cair no conto do greenwashing (sustentabilidade fake). Os veganos usam ingredientes sintéticos para fugir da exploração animal, mas não significa que são orgânicos (quando 100% dos ingredientes são naturais).
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Aproximar o público da experiência e do entendimento do que está por trás da criação dos produtos é o objetivo de Patricia Lima, criadora da Simple Organic. A publicitária, que trabalhava com moda, decidiu mudar o estilo de vida caótico e workaholic ao engravidar. Do universo das agências até a fundação da Simple, foram três anos de transição, entre pesquisas e prospecção de fornecedores. Hoje, a marca é a primeira brasileira a conquistar os selos Eu Reciclo e Lixo Zero. Além disso, Patricia revolucionou o conceito das lojas, transformando-as em laboratórios.
“Não queria loja com cara de loja. Queria a cliente se sentindo em casa. A ideia evoluiu conforme fizemos encontros e oficinas”, conta a fundadora. “Montamos uma biblioteca de matérias-primas para as pessoas entenderem o que envolve cada passo, cada textura, para que serve cada componente. A curiosidade é muito grande, e trazemos o consumidor para o convívio próximo.”
Seguindo o mesmo caminho de apostar na experiência do consumidor, o salão de cabeleireiro Laces se destaca. Com mais de 32 anos de mercado, o Laces investiu no conceito de hair spa e chegou muito antes da moda do eco-friendly. Tal experiência credenciou Itamar Cechetto, CEO do Laces, e Cris Dios, fundadora da marca, ao comando das operações dos salões da norte-americana Aveda, no Brasil.
“Integrar rentabilidade, sustentabilidade financeira e práticas de comércio justo é um desafio. Durante nossa trajetória, aprendemos que não é interessante ser xiita, mas sim uma empresa que respeita esses conceitos e, em vez de se isolar do mundo convencional, criar canais para dialogar com o público que não tem as mesmas práticas”, explica Itamar, que também é CEO do Bioma Salon Aveda. “Através da marca, é possível converter clientes de consumo convencional para o consumo consciente.”
Além de usarem produtos veganos e orgânicos, eles afirmam ter compromisso com a questão da sustentabilidade em suas unidades. “Tecnologia com sustentabilidade custa dinheiro: 30% de toda a matriz energética da loja de Moema [bairro nobre paulistano] é de origem limpa; 33% de todos os recursos da loja da Aveda são provenientes de fontes renováveis e de origem limpa”, garante Itamar.
Cuidados com a pele
A Biossance é outra marca norte-americana que desembarcou em terras brasileiras nos últimos anos trazendo alternativas para os cuidados com a pele. A empresa nasceu em 2017, em Berkeley (Califórnia), como parte da biotecnológica Amyris.
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Os produtos da Biossance são pautados no uso do esqualano, extraído da cana-de-açúcar como alternativa ao que costumava ser retirado do fígado de tubarões. “Nossa chegada ao Brasil foi marcada por um plano estratégico bem estruturado, garantindo-nos crescimento de 250% em receita em 2019 e projeção de crescimento mínimo de 100% em 2020”, contabiliza Camila Farnezi, diretora da Biossance na América Latina. “É um plano agressivo, mas nossa trajetória vem alcançando metas e superando todas as expectativas. Em breve, nossa plataforma digital de conteúdo educativo chegará ao país para ajudar o consumidor a fazer novas escolhas de forma consciente.”
Cinco novos produtos veganos devem ser lançados este ano no Brasil – apenas seis meses após a chegada às prateleiras dos Estados Unidos.
Reportagem publicada na edição 76, lançada em abril de 2020
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