Com mais de 960 mil inscritos, o canal do YouTube Maquiagem de Homem, do maquiador paulista Fabiano Okabayashi, é uma prova de que os homens estão cada vez mais vaidosos. Marcas e lojas de maquiagem passaram a se preocupar mais com esse público, em um mercado que – tudo indica – só tende a crescer.
“Os homens perderam o preconceito e passaram a se olhar mais, de forma mais carinhosa”, afirma Okabayashi. Segundo o maquiador, o mercado de beleza masculina passou por um boom global entre 2011 e 2013. Na época, a marca norte-americana Tom Ford lançou uma linha exclusiva de maquiagem para o homem, que não deslanchou. “Se fosse hoje, teria sido um sucesso.”
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“O que vem acontecendo é a reconstrução do masculino, e um dos movimentos mais marcantes nessa cena é o dos jovens, que celebram o diferente, a individualidade”, diz Marco Bodini, consultor da Stylus BrasilÉ difícil pontuar o momento exato em que o público masculino começou a consumir artigos do tipo. “O que vem acontecendo é a reconstrução do masculino, e um dos movimentos mais marcantes nessa cena é o dos jovens, que celebram o diferente, a individualidade”, explica o especialista em tendências Marco Bodini, consultor da Stylus Brasil. Ele ressalta que o homem não quer transformar a aparência, mas sim refiná-la com produtos como base, corretivo e lápis.
Com o aumento da demanda masculina, o mercado, claro, tem respondido à altura. Em 2017, a marca MMUK Man fez história ao anunciar a primeira loja física de maquiagem masculina no Reino Unido. Criada em 2011, a companhia funcionava anteriormente apenas por e-commerce. Já em agosto de 2018, a francesa Chanel lançou sua primeira linha de maquiagem para homens, intitulada Boy de Chanel e composta por uma base com protetor solar, um lápis para sobrancelhas e um hidratante labial.
Ao todo, o mercado global de beleza masculina alcançou US$ 57,7 bilhões em 2017, segundo relatório da Research & Markets. A previsão da mesma instituição é a de que a soma chegue aos US$ 78,6 bilhões em 2023.
No Brasil, segundo o youtuber Okabayashi, uma parcela dos produtos oferecidos no mercado é importada do Japão e da Coreia do Sul, principalmente no ramo de cuidados com a pele. Outra parte está concentrada entre O Boticário e a Natura. Nesse caso, os produtos “não são muito variados e não chegam a ser propriamente maquiagem”, restringindo-se a tonalizantes para fios brancos, cremes hidratantes e fragrâncias.
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Se o cenário local ainda é relativamente tímido quando se trata de maquiagem, o verdadeiro potencial está aqui: de acordo com uma pesquisa realizada pela Minds&Hearts em 2016, com 414 brasileiros de 16 a 59 anos, 45% dos homens disseram que buscam informações sobre cosméticos e tratamentos masculinos na internet. E, segundo a consultoria britânica Euromonitor, as vendas no segmento de beleza masculina cresceram 70% no Brasil entre 2012 e 2017, indo de R$ 11,7 bilhões para R$ 19,8 bilhões. Entre as principais categorias, está a de produtos para a pele – que apresentou um crescimento de 75%.
O instituto de pesquisa europeu afirmou que o mercado brasileiro de produtos para homens representa 13% das vendas globais do setor e é o segundo maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. E mais: a previsão é a de que, até 2021, a América Latina seja a líder do crescimento no mundo – com o Brasil acima da média do continente.
Reportagem publicada na edição 76, lançada em abril de 2020
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