A Bolsa de Valores de Xangai despencou novamente nesta segunda-feira (27): a queda de 8,48% é a maior registrada no país desde 2007. Os resultados mais recentes chamam a atenção não apenas da Ásia como do resto do planeta, pois mostra mostra a fragilidade do mercado chinês.
VEJA TAMBÉM: Satisfação com a vida na Grécia caiu 27,3% em sete anos
Esse não é só um problema da China. Nos últimos anos, o país, que é tecnicamente socialista, virou uma grande força dentro do capitalismo, principalmente por promover o crescimento da classe média. As quatro maiores empresas do mundo são bancos chineses. A maioria das companhias norte-americanas depende da situação da economia chinesa e de suas ações no mercado. A participação da Apple no mercado chinês, por exemplo, é muito significativa: com US$ 13,2 bilhões de vendas lá, a China é o segundo maior consumidor da empresa, depois dos EUA, com receitas 112% maiores no último ano. São a China e seu gosto por luxo o motivo da existência do iPhone de ouro.
RANKING: 25 maiores empresas do mundo em 2015
O efeito de uma queda no mercado chinês é muito maior do que o provocado pelo que acaba de acontecer com a Grécia, que foi, temporariamente, jogada para fora do euro. Por isso, é importante acompanhar de perto as oscilações agressivas da China. A primeira queda veio devagar, três semanas atrás, mas a intervenção do governo fez a Bolsa cair de forma mais acentuada.
Onde há intervenção governamental no mercado, existe premissa de pânico. A China acabou de juntar quase US$ 500 bilhões em seu caixa para ajudar a restaurar confiança na Bolsa, e o país ameaça prender especuladores se o preço das ações continuarem a cair. Os chineses também proibiram quem possui muitas ações de vendê-las. O cenário é ruim.
Entender esse quadro não é fácil, mas também não é impossível. Veja na galeria de fotos as 7 coisas mais importantes para entender a queda da Bolsa chinesa:
-
O fato
A principal reserva econômica da China, o índice CSI300 de Xangai, caiu mais de 30% desde a metade de junho até o começo deste mês. O mercado de Shenzhen, que concentra os investimentos das empresas do país, perdeu mais de 40% de seu estoque. Esta perda, de cerca de U$ 3,9 trilhões, fez parecer que o mercado chinês estava entrando em colapso.
-
A quem isso importa
O mercado chinês é extremamente importante para a economia mundial. O país importa mais de US$ 1,4 trilhão de bens do todo o planeta por ano. Os consumidores de produtos chineses ajudam a impulsionar a economia global com os seus gastos, conforme um número maior de chineses atinge a classe média. Portanto, se o mercado econômico da China quebra, isso leva a uma desaceleração econômica no mundo todo em cascata.
-
Por que importa
A fonte de qualquer queda no mercado tende a ser um pouco obscura, mas uma máxima sempre se mantém: tudo o que sobe desce.
Uma economia mundial lenta normalmente significa que os mercados seguem essa linha de queda de valores. Mas, com as ações chinesas subindo cada vez mais, todos passaram a desejar uma fatia delas. Ou seja, as pessoas começaram a emprestar dinheiro com o interesse de investir mais nessa economia envolvente.
Portanto, quando o mercado chinês quebra, isso eventualmente leva a uma possível crise não só para o país, mas para o mundo.
-
As ações sobem e caem. Quem se importa?
Não é preciso, necessariamente, se preocupar com a movimentação diária do mercado, mas, neste caso, o padrão de quedas está preocupante.
Não há motivo para pânico ainda, mas os analistas começam a acompanhar o quadro de perto. Assim como a Grécia, a China está em débito. É o que afirma, Ruchir Sharma, especialista em mercados emergentes na Morgan Stanley Investment Managenment, para o “Wall Street Journal”. “Se o piso se instabiliza e a economia chinesa expira uma queda, isso faz com que o drama da Grécia pareça um espetáculo secundário”, explica.
-
Anúncio publicitário -
Alguém está fazendo alguma coisa a respeito?
Por ser um regime centralizador, o governo chinês toma ações rápidas para tentar limitar o estrago gerado pela recente queda econômica.
O país já gastou suas ultimas três semanas tentando aumentar o valor do seu mercado com uma série de passos, incluindo cortes importantes de gastos, na esperança de que isso possa encorajar o fluxo de mais dinheiro no mercado mundial. Foi o que fez também o governo dos Estados Unidos em 2009 durante a crise norte-americana.Em outras palavras, quando os governantes começam a se intrometer nos negócios financeiros da Bolsa, isso evidencia um grande problema financeiro.
-
Os próximos passos
A longo prazo, a China deve ter de “mexer alguns pauzinhos” para consertar a situação, mas eventualmente, irá quebrar. Quando uma bolha estoura dessa forma, há muito pouco o que fazer para mudar a mente das pessoas que possuem investimentos na Bolsa.
No momento, todos esperam que as ações continuem a cair, o que significa que as pessoas, agora, querem vender suas partes, levando a futuras perdas e a cada vez mais vendas. É um ciclo vicioso.
-
Eu tenho ações norte-americanas. Isso irá afetá-las?
De forma simples, sim. A economia dos Estados Unidos está muito interligada à da China para que não haja nenhum impacto. O índice econômico S&P 500 se manteve estável no último mês, caiu apenas 1%, enquanto tudo isso acontece. No entanto, as ações norte-americanas podem começar a cair significativamente em breve.
O risco real, porém, só chega se a depressão do mercado chinês se espalhar para o resto de sua economia. Até lá, as chances são de que apenas certas empresas sofram maior impacto. Entre as que se encontram em um maior risco está a fabricante de hardwares de tecnologia e operadora de restaurante Yum! Brands, o que inclui as redes de fast food KFC, Taco Bell e Pizza Hut.
O fato
A principal reserva econômica da China, o índice CSI300 de Xangai, caiu mais de 30% desde a metade de junho até o começo deste mês. O mercado de Shenzhen, que concentra os investimentos das empresas do país, perdeu mais de 40% de seu estoque. Esta perda, de cerca de U$ 3,9 trilhões, fez parecer que o mercado chinês estava entrando em colapso.