A Polícia Federal deflagrou hoje (26) uma nova operação no âmbito da Lava Jato, tendo como alvo o empresário Eike Batista, suspeito de envolvimento em um esquema de corrupção liderado pelo ex-governador Sérgio Cabral, que teria ocultado cerca de US$ 100 milhões no exterior. O ex-bilionário, no entanto, não foi encontrado em uma batida policial em sua casa, no Rio de Janeiro.
A Justiça Federal expediu dez mandados de prisão preventiva, um deles para Eike, quatro de condução coercitiva e 27 de busca e apreensão em diferentes endereços no Rio como parte da Operação Eficiência. Um advogado do empresário disse à TV Globo que ele está viajando para o exterior e vai se entregar às autoridades.
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Eike, por sua vez, já vinha sendo investigado na operação Lava Jato pelo menos desde o ano passado, quando prestou um depoimento espontâneo à força-tarefa da operação em Curitiba acusando o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Conselho da Petrobras Guido Mantega de ter pedido R$ 5 milhões de propina no interesse do PT.
À época Eike não foi alvo da operação, mas os procuradores da Lava Jato confirmaram que o empresário era investigado devido a “indicativos claros” de que sabia da realização de pagamentos indevidos.
Nesta quinta-feira, os procuradores do MPF disseram que está sob investigação pagamento de propina de US$ 16,5 milhões por Eike a Cabral usando uma conta bancária no Panamá, após solicitação do valor pelo ex-governador ao empresário em 2010.
RANKING: 70 maiores bilionários do Brasil em 2016
Eike era o homem mais rico do Brasil há menos de cinco anos, com fortuna calculada em cerca de US$ 30 bilhões, mas foi fortemente atingido pela queda no boom das commodities e sofreu com o colapso de seu Grupo EBX, um conglomerado de companhias de mineração, energia, construção naval e logística.
A ruína do grupo EBX também foi alvo de investigações de fraudes. Em novembro de 2015, Eike foi proibido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de exercer cargo administrativo ou de conselheiro fiscal de companhias abertas por cinco anos por irregularidades administrativas cometidas quando era presidente do Conselho de Administração da petrolífera OGX, atual Óleo e Gás Participações.
Veja na galeria de fotos a ascensão e queda de Eike Batista:
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Eike Batista, um mineiro de nascimento que adotou o Rio de Janeiro, já vinha sendo considerado o homem mais rico do Brasil desde 2009 pela Forbes americana. Na lista dos maiores bilionários do mundo de março de 2012, o brasileiro ocupava a 7ª posição, com patrimônio avaliado em US$ 30 bilhões – quase três vezes superior ao de Jorge Paulo Lemann, então com US$ 12 bilhões. Cinco meses e grandes oscilações acionárias depois, o degrau entre os dois aplainou-se de tal forma que, na edição brasileira da lista, no mesmo ano, a diferença entre os dois era de menos de R$ 1 bilhão. Durante o repentino derretimento da cotação das ações da frota de empresas de Eike, no final de junho, Lemann chegou a tirar momentaneamente do colega midiático o título – até então invicto – de maior bilionário do Brasil. Na ocasião, o rei da cerveja assumiu a dianteira da lista dos brasileiros mais ricos, com fortuna de US$ 14,36 bilhões, fermentada pela venda de uma participação de 29% na Burger King, por US$ 1,4 bilhão. Já Eike tinha então US$ 14,16 bilhões, depois de ser virtualmente empobrecido pelo escorregão das ações de seu grupo em notícias de uma produção de petróleo mais murcha do que o esperado pela OGX.
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Na primeira lista de bilionários brasileiros publicada por Forbes Brasil, em 2012, as 74 maiores fortunas do país somavam, juntas, R$ 346 bilhões. Aos 55 anos, Eike Batista, criador do grupo EBX, ocupava o 1º lugar, com patrimônio de R$ 30,26 bilhões, e se orgulhava de ter captado mais de US$ 26 bilhões no mercado para o seu grupo desde 2005, entre venda de ativos e oferta de ações. Um ano antes, tinha voltado a investir em sua antiga paixão, o ouro, ao comprar a canadense Ventana Club.
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Em agosto de 2013, quando Forbes Brasil publicou sua segunda lista de bilionários brasileiros, com 124 nomes, Eike Batista surgiu em 52º lugar, com patrimônio de R$ 2,95 bilhões – um declínio de 51 posições e R$ 27,31 bilhões.
A situação não tinha sido diferente na lista dos bilionários do mundo publicada meses antes: Eike havia deixado a 7ª posição para ocupar então a 100ª (queda de US$ 10,60 bilhões).
O ano foi considerado um período de inferno astral para o místico bilionário graças ao tombo dos preços das ações de cinco de suas seis companhias de capital aberto provocado por uma séria crise de confiança do mercado motivada pelo endividamento do grupo. A situação se agravou depois de rumores de um calote milionário do conglomerado. No conjunto, o valor de mercado das companhias abertas do grupo EBX acumulou queda de R$ 113 bilhões do seu melhor momento na bolsa até o final de junho – passando de R$ 119 bilhões para menos de R$ 3 bilhões. Jorge Paulo Lemann assumiu a dianteira da lista, com uma fortuna avaliada em R$ 38,24 bilhões.
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Em março de 2014, no novo levantamento de Forbes dos bilionários do mundo, 117 pessoas ficaram fora do ranking. Um deles era Eike Batista. O brasileiro, que apenas dois anos antes havia sido eleito o sétimo homem mais rico do mundo estava sendo apontado como o dono da maior perda de dinheiro na comparação com o ano anterior: US$ 10,3 bilhões. Seu patrimônio, então, não passava de US$ 300 milhões.
Na versão nacional da lista, o feito se repetiu. Na nossa moeda, Eike havia perdido R$ 27,31 bilhões. Mais uma vez, Lemann apareceu no topo da lista.
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O fiasco nos negócios de Eike Batista – e o aparecimento de seu nome na operação Lava Jato, por meio de delações premiadas que o indicavam como um dos envolvidos em propinas em licitações – provocou o confisco em série de seus bens. Carros de luxo, iate e barco, relógios, jet skis, computador e até dinheiro – tudo foi apreendido pela Polícia Federal. Leia mais em: Os bens confiscados do ex-bilionário Eike Batista
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Em uma entrevista a um programa de televisão, em 2015, Eike assumiu seu fracasso nos negócios e ensaiou uma volta. O ex-bilionário afirmou que tinha zerado as dívidas, que não devia nada ao BNDES e se defendeu. “Sinto-me injustiçado. As pessoas não entendem o porte desses projetos [nas áreas de logística e energia]. Ninguém fala de energia. Checa na ONS, checa as termelétricas que fiz. São 3 mil megawatts que fornecem energia para o sistema nacional”, afirmou.
E garantiu estar de volta. “I’m back. A dívida de US$ 1 bilhão está zerada. Botei meu patrimônio para começar de novo e vou recomeçar.” Nenhuma das listas de bilionários publicadas por Forbes depois disso, no entanto, refletiram esse retorno aos negócios.
Eike Batista, um mineiro de nascimento que adotou o Rio de Janeiro, já vinha sendo considerado o homem mais rico do Brasil desde 2009 pela Forbes americana. Na lista dos maiores bilionários do mundo de março de 2012, o brasileiro ocupava a 7ª posição, com patrimônio avaliado em US$ 30 bilhões – quase três vezes superior ao de Jorge Paulo Lemann, então com US$ 12 bilhões. Cinco meses e grandes oscilações acionárias depois, o degrau entre os dois aplainou-se de tal forma que, na edição brasileira da lista, no mesmo ano, a diferença entre os dois era de menos de R$ 1 bilhão. Durante o repentino derretimento da cotação das ações da frota de empresas de Eike, no final de junho, Lemann chegou a tirar momentaneamente do colega midiático o título – até então invicto – de maior bilionário do Brasil. Na ocasião, o rei da cerveja assumiu a dianteira da lista dos brasileiros mais ricos, com fortuna de US$ 14,36 bilhões, fermentada pela venda de uma participação de 29% na Burger King, por US$ 1,4 bilhão. Já Eike tinha então US$ 14,16 bilhões, depois de ser virtualmente empobrecido pelo escorregão das ações de seu grupo em notícias de uma produção de petróleo mais murcha do que o esperado pela OGX.