O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pede para que os governos do mundo “passem das palavras aos atos, porque o planeta não está no caminho certo em relação ao manejo e à conservação da biodiversidade”, disse ele na cerimônia que deu início a COP16 (Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade das Partes), convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, que começou no dia 21 de outubro e termina em 1 de novembro, na cidade colombiana de Cali. “O Marco Mundial para a Biodiversidade promete restabelecer as relações com a Terra e seus ecossistemas. Mas não estamos indo bem.”
Guterres lembrou que o Marco Mundial para a Biodiversidade, que estabelece metas para deter e reverter a perda da natureza até 2050, aprovado na COP15, em 2022, Montreal, deve fazer com que os países apresentem e desenvolvam planos que alinhem as ações nacionais com todos os objetivos do pacto.
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O secretário-geral da ONU afirmou ainda que a humanidade não vai prosperar se a natureza não florescer, porque “destruir a natureza provoca conflitos, raiva e doenças, alimenta a pobreza, a desigualdade e a crise climática, e prejudica o desenvolvimento sustentável, os empregos verdes, o patrimônio cultural e o PIB”.
Em seu discurso, ele destacou a importância dos recursos naturais para a economia. “Um colapso dos serviços da natureza, como a polinização e a água limpa, representaria uma perda de trilhões de dólares por ano para a economia mundial, sendo os mais pobres os mais afetados”.
Financiamento e Compensações
O objetivo de toda COP é firmar acordos e reunir fundos para o cumprimento das metas ambientais estabelecidas na conferência. Sobre o tema, Guterres afirmou que as nações devem cumprir as promessas financeiras e acelerar o apoio aos países em desenvolvimento. Para ele, a partir de Cali, os países em desenvolvimento devem sair “com investimentos significativos no Fundo Mundial para a Biodiversidade e com o compromisso de mobilizar outras fontes de financiamento público e privado para aplicar o Marco em sua totalidade”.
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Por outro lado, enfatizou que aqueles que se beneficiam da natureza devem contribuir para sua proteção e restauração e também ajudar os países em desenvolvimento. O financiamento da proteção da biodiversidade e a compensação equitativa pelo uso em ciência dos recursos genéticos da natureza começaram a ser discutidos e devem permanecer até o último dia do evento, e que, em tese, os países devem chegar a um consenso.
“O DNA digitalizado da biodiversidade sustenta descobertas científicas e o crescimento econômico. Mas os países em desenvolvimento não se beneficiam equitativamente desses avanços, apesar de abrigarem uma riqueza extraordinária”, afirmou o presidente.
Guterres pediu ainda que a COP16 transforme a realidade operacional do mecanismo acordado para garantir que, quando os países compartilharem informações genéticas, compartilhem os benefícios de forma equitativa. “Deve envolver toda a sociedade como a COP do povo, e deve reforçar o papel dos povos indígenas e das comunidades locais, cujo conhecimento e cuidado devem estar no centro da ação sobre a biodiversidade em todos os níveis”, disse ele.