
A safra de soja do Brasil 2024/25 foi estimada em 165,9 milhões de toneladas, corte de 2,3 milhões de toneladas na comparação com a previsão de fevereiro, um ajuste que só não foi maior devido a uma avaliação positiva na colheita de Mato Grosso, estimou a consultoria AgRural nesta segunda-feira (24).
As principais reduções na estimativa brasileira vieram do Rio Grande do Sul, com safra agora prevista em 15 milhões de toneladas, 3 milhões a menos do que no mês anterior, por conta do tempo quente e seco que persiste e pode levar a novas revisões negativas.
“Não melhorou este padrão, vemos relatos de quebras expressivas de produtividade para a soja (do Rio Grande do Sul)… novos cortes podem acontecer, quando fizemos a previsão no dia 17, a expectativa de áreas com soja verde era de que chovesse, e não choveu de lá para cá”, afirmou a analista Alaíde Ziemmer, à Reuters.
Ela disse que a soja gaúcha está vindo também com problema de qualidade –os grãos são leves, pequenos, deformados, chochos, porque não houve umidade suficiente para o desenvolvimento.
“Podemos esperar cortes mais severos no Rio Grande do Sul, mas não devemos perder o recorde nacional”, disse Ziemmer.
O recorde histórico da produção de soja do Brasil, maior produtor e exportador mundial, segundo a estatal Conab, foi registrado em 2022/23, com 155,7 milhões de toneladas.
Para a temporada passada, o número oficial é de 147,7 milhões de toneladas, o que indica forte crescimento em 2024/25, principalmente pelas boas produtividades na região central do país.
“Não é menor que 165 milhões de toneladas porque teve incremento em Estados como o Mato Grosso, que passou de 48,5 para 49,5 milhões, consolidando uma super safra”, afirmou a analista.
Com este volume, o Mato Grosso deve superar a colheita da Argentina, estimada em 48,6 milhões de toneladas pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires. O país vizinho tradicionalmente é o terceiro produtor global de soja, atrás de Brasil e EUA.
“Foi uma produtividade recorde em Mato Grosso e também teve aumento de área de 357 mil hectares”, disse ela, lembrando que o clima favoreceu, assim como aconteceu em Goiás, que superou o Rio Grande do Sul como o terceiro produtor brasileiro, com 20,1 milhões de toneladas.
O Paraná, onde o tempo não foi tão favorável, deverá colher 21 milhões de toneladas de soja.
A AgRural fez ajustes negativos menores para a produção do Paraná e Piauí e cortes mais expressivos para Mato Grosso do Sul e Bahia, com 300 mil toneladas a menos cada.
A consultoria informou que a colheita de soja do Brasil já havia sido realizada em 77% da área cultivada até quinta-feira, ante 69% na mesma época do ano passado e 67% da média histórica, com o clima seco favorecendo a entrada da colheitadeiras nas lavouras.
“No Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) também está rápido pelo clima quente e seco.”
Mais milho
A produção total de milho em 2024/25 do Brasil foi estimada pela AgRural em 121,8 milhões de toneladas, com leve incremento sobre a previsão de 121,2 milhões de toneladas de fevereiro, devido a ajustes para cima na produtividade do cereal que está sendo colhido.
A alteração foi feita à medida que a colheita do chamado “milho verão” avança no centro-sul. Até quinta-feira passada, produtores tinham colhido 77% da área da primeira safra, ante 72% da semana precedente e 75% um ano atrás.
Por outro lado, a AgRural manteve a previsão da segunda safra de milho do centro-sul em 2024/25 em 87,9 milhões de toneladas, mas a analista citou preocupações com chuvas irregulares em Estados do centro-sul, com exceção de Mato Grosso, onde as precipitações têm sido mais favoráveis.
Com o plantio de milho segunda safra finalizado e a colheita da soja caminhando para o final, as atenções do mercado de grãos se voltam mais para o desenvolvimento das lavouras do cereal.
A estimativa atual da consultoria aponta um aumento importante na comparação com a produção do ano passado de 83,1 milhões, com expectativa de melhores produtividades do que em 2024, quando o clima foi desfavorável e a área plantada menor.
A AgRural estima que o centro-sul plantou 14,6 milhões de hectares em 2024/25, incremento de 375 mil hectares na comparação anual.
A projeção da segunda safra, que geralmente responde por cerca de 75% da produção brasileira de milho, é baseada em uma linha de tendência da produtividade, e poderá ser alterada dependendo do clima nas próximas semanas e meses.
Essas linhas serão substituídas por levantamentos de campo a partir de abril, disse a consultoria.