Exercer a função de influenciar tem sido cada vez mais desafiador, já que 6% da população brasileira se dedica a inspirar multidões nas redes sociais, segundo estudo da Nielsen/Hootsuite. “Hoje, os influenciadores entenderam que a imagem tem prazo de validade. É a mesma coisa que acontece na TV, quem permanece lá, como o Silvio Santos e o saudoso Jô Soares, é quem realmente perdura, são pouquíssimos nomes dentro de milhares”, disse Shantal Verdelho, que soube como poucos aproveitar o espaço que conquistou no concorrido universo das redes sociais.
Exercendo a profissão de influenciadora desde 2015, hoje a paulistana divide o seu tempo entre comunicar os escopos de marketing de grupos como Hope Resort, Soma, Restoque e Unilever, e o próprio negócio – a joalheria Zion, que comanda ao lado da mãe, Rovana Buonamici, e da irmã caçula, Raíra Buonamici. “A internet me trouxe uma possibilidade financeira muito boa, através dela pude abrir meu negócio e entendi que ele vai ser o sustento da minha família, algo sólido, que vai nos possibilitar a continuar numa vida confortável”, disse .
Faz uns três anos que Shantal percebeu que a chave do sucesso da empresa estava mais perto do que imaginava: em suas redes sociais. A empresária passou a utilizar a sua imagem para apresentar as coleções de joias que idealiza a quatro mãos com sua mãe, e logo transformou sua audiência em consumidores que impulsionaram as vendas da empresa.
No ano passado, a Zion faturou R$ 21 milhões, sendo 70% deles conquistados pela internet. Para este ano, Shantal adianta que vai abrir a segunda loja física da marca no Village Mall, no Rio, em agosto, e estima um crescimento de mais de 10% no negócio. “Nosso time está cada vez mais alinhado aos gostos dos nossos clientes, que curtem joias personalizadas e exclusivas”, contou Shantal em entrevista exclusiva à Forbes. Confira a seguir.
Como é trabalhar em família? Qual a função de cada uma na marca?
A Raíra, minha irmã caçula, é a alma da empresa, exerce a função operacional, lida diretamente com a gestão financeira, questões burocráticas e também a gestão com pessoas, ou seja, todas as partes difíceis de uma empresa. E ela é muito boa nisso. Porque se dependesse de nós, eu e minha mãe, que temos o lado criativo muito aflorado, acabaríamos com todo o dinheiro (risos). Ela tem um papel muito importante, sabe aquela frase “é o olho do dono que engorda o gado”, a Raíra é essa pessoa na Zion.
Na sequência vem a minha mãe, Rovana Buonamici, a designer da marca. Ela fez faculdade na Belas Artes, desenha muito bem e é uma das maiores potências da Zion. Eu, Shantal, represento a imagem e o marketing da Zion. Sou eu que que defino os caminhos que vamos seguir, se vamos ou não abrir uma loja, se teremos uma multimarca ou uma franquia. Comando o estratégico da empresa, além do desenvolvimento de alguns produtos, inclusive os nossos maiores best-sellers, que desenho a quatro mãos com a minha mãe.
Em uma empresa familiar, quem gerencia as estratégias de marketing e dos posts com você?
É algo muito orgânico. Ninguém me cobra para postar e não há uma estratégia por trás. Como vivo muito o negócio, acabo vendo o que é lançamento, o que tem uma necessidade de post, etc. E quando eu de fato estou usando alguma coisa, ou quando tenho algum insight de argumento de venda para apresentar ao público. Por exemplo, temos um brinco de argola clássico que já usei num casamento, como uso no dia a dia, de calça jeans e camiseta branca para ir ao mercado, então apresento a versatilidade da peça. É bem natural, orgânico e nada engessado.
Há outros influenciadores no negócio?
No mercado de influência há muita troca, a internet é muito colaborativa, então tenho amigas que me ajudam com os posts e vice-versa. Hoje, os influenciadores entenderam que a imagem tem um prazo de validade. É a mesma coisa que acontece na TV, quem permanece lá, como o Silvio Santos e o saudoso Jô Soares, é quem realmente perdura, são pouquíssimos nomes dentro de milhares. Hoje em dia, os influenciadores entenderam que é necessário aproveitar sua imagem no ápice para criar negócios sólidos, que vão dar um sustento a longo prazo. Eu, por exemplo, vim de uma situação financeira ruim, minha família estava em uma situação financeira bem complicada, não tínhamos casa própria, etc. E a internet me trouxe uma possibilidade financeira muito boa, através dela pude abrir meu negócio e entendi que ele vai ser o sustento da minha família, algo sólido, que vai nos possibilitar a continuar numa vida confortável.
Como avalia que sua influência ajuda no crescimento da Zion?
Não temos uma pesquisa concisa, com indicadores extremamente certos. Nos valemos das minhas redes sociais para avaliar percentuais. Talvez 80 a 85% das vendas sejam provenientes do meu público. Outras pessoas, inclusive, viraram clientes por minha causa e hoje talvez nem me acompanhem mais, mas continuaram sendo clientes e amantes da marca, e isso é muito interessante para a Zion, porque há um público que não está automaticamente vinculado à minha imagem.
Quando será a inauguração da loja no Village Mall, no Rio? E por que decidiram abrir loja em outro estado?
Dia 4 de agosto, numa sexta feira, já que no final de semana o carioca vai à praia e não para o shopping (risos). Fizemos uma pesquisa com colegas de profissão, com pessoas próximas que têm marcas no RJ com o preço médio parecido com o nosso e vimos que seria uma boa oportunidade.
Paralelamente, fomos procuradas pelo Grupo Multiplan para abrir uma loja no Village Mall. Eles ficaram um ano atrás de nós, oferecendo o ponto e possíveis negociações, até que decidimos dar esse passo. Somos muito pé no chão, então realmente foi algo muito, muito, muito pensado. É um passo muito importante ter uma loja fora de São Paulo. Administrar uma gestão à distância não é algo fácil, ainda mais quando envolve joias, um produto que precisa de muita confiabilidade.
Como está a estratégia de expansão da Zion? Há outras praças em mente?
Temos outras praças em mente, como Goiânia, Belo Horizonte e Brasília, mas nada concreto. Vamos avaliando conforme apareçam oportunidades. Na nossa previsão, a loja do Rio representará 6% do faturamento da marca hoje – que foi de 21 milhões no ano passado.