Ainda que tenha havido certo progresso, as mulheres continuam a receber, em média, salários menores do que os homens. Em 2010, uma mulher recebeu apenas 72% do salário do homem com educação similar, de acordo com o Milken Institute. As boas notícias são que a diferença está se estreitando – em 1980 o número era 56%. A má notícia é que a convergência está levando muito tempo.
No entanto, há um fator de longo prazo que oferece uma considerável oportunidade para avançar a igualdade. Como sociedade, estamos vivendo mais do que as gerações anteriores. Considerando as tendências atuais, a maioria das crianças nascidas no ocidente depois de 2000 irão passar dos 100 anos de idade. De uma perspectiva evolutiva, a característica marcante dessa mudança é que o aumento nos anos de vida está seguindo a idade em que se tem filhos. Se aproveitarmos a oportunidade, isso oferece uma plataforma natural para alcançar grandes ganhos em igualdade de gênero.
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Por estarmos vivendo mais, a má notícia é que teremos de trabalhar por mais tempo. Nós simplesmente não poderemos trabalhar dos 21 aos 65 anos e, então, nos aposentarmos por 35 anos. Então, a vida profissional será estendida até os 70 ou até 80 anos. Em uma pesquisa da London Business School, Lynda Gratton e Andrew Scott argumentam que uma carreira de 60 anos é muito indesejada. Não há educação que você possa receber aos 21 anos que vá te acompanhar através de uma carreira de 60 anos. É difícil pensar em qualquer setor que não irá se tornar tecnologicamente obsoleto após esse tempo. Há ainda o tédio por fazer a mesma coisa por tanto tempo, além do desequilíbrio que isso causaria entre trabalho e vida pessoal.
Em outras palavras, o padrão tradicional de educação, seguido por uma carreira única contínua e depois aposentadoria está sob ameaça. Ainda passaremos, provavelmente, por um período intensamente focado em trabalhos e finanças durante o qual a demanda de tempo dos empregadores irá dominar. Porém, haverão também outros períodos voltados para um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal, que irão requerer menos horas ou padrões de trabalho mais flexíveis.
Há quatro maneiras de isso ajudar a atingir a igualdade de gênero. Primeiramente, seja você um homem ou uma mulher, com um horizonte de trabalho de 60 anos, é possível criar uma família e depois começar uma carreira. Nós simplesmente temos mais tempo, então podemos desenvolver novas especialidades ou novos capítulos em nossas vidas.
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Em segundo lugar, o trabalho da professora de Harvard Claudia Goldin mostra que a discriminação salarial é maior naquelas indústrias em que nós temos que sacrificar nossas agendas pessoais por demandas do emprego. Em uma vida de múltiplos estágios, haverá mais pessoas que dando pausas na carreira e demandando horas de trabalho mais flexíveis em períodos em que as preocupações com a carreira são secundárias. Criticamente, muito mais desses serão homens do que atualmente.
Em terceiro, se em diferentes estágios tanto os homens quanto as mulheres irão querer padrões de trabalho flexíveis, haverá mais pressão para redesenhar as práticas de trabalho, de forma que não seja tão desvantajoso economicamente. Se nós pudermos mudar a natureza do trabalho de forma que os indivíduos possam ser substituídos mais facilmente por outros, então poderemos reduzir o prêmio de remuneração concedido a trabalhos em que sacrificam a autonomia temporal.
Além disso, a maior longevidade irá levar a mudanças dramáticas nas estruturas de relacionamentos e famílias. Ao longo de uma vida de múltiplos estágios, os relacionamentos terão de lidar com um parceiro focando mais em finanças e carreira enquanto o outro foca mais em desenvolvimento pessoal ou questões familiares, então os arranjos irão mudar.