Os dias de chefia estão contados. Nos próximos 20 anos, a grande maioria das organizações abandonará sua estrutura hierárquica de tomada de decisões e, portanto, seus chefes, em favor de uma organização horizontal, holocrática e distribuída. Isso tem cada vez mais importantes implicações para os líderes atuais.
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A tradicional estrutura organizacional piramidal, que tem sido usada desde o início do século XX, tornou-se ineficiente. Como Frédéric Laloux aponta no livro “Reinventing Organizations” (“Reinventando Organizações”, em tradução livre), essa disposição vertical ficou ineficiente porque o mundo de hoje é extremamente complexo. Organizações piramidais simplesmente não são eficazes para o trabalho. De fato, o custo de passar todas as consequências de uma decisão à medida que ela sobe na pirâmide aumenta à medida que a complexidade do contexto também aumenta. Também é ineficiente porque é lento: tomar decisões consome muito tempo, já que cada nível tem voz na decisão.
O trabalho de um líder é garantir que as decisões sejam tomadas e que as coisas sejam feitas. Os líderes que se apegam à pirâmide, logo descobrirão que sua empresa não é tão ágil quanto a de seus concorrentes, que também aproveitam oportunidades de mercado com mais rapidez. Essa é a história clássica de pessoas que vêem oportunidades de mercado dentro de uma grande empresa, não conseguem convencer seus superiores hierárquicos e acabam por fundar um concorrente que às vezes engole a empresa inicial. A “National Geographic” é um exemplo. Nos anos 80, alguns produtores lançaram a proposta de iniciar um novo canal a cabo baseado no incrível conteúdo da revista. A gerência recusou a ideia, então, os produtores seguiram o seu próprio caminho e lançaram, entre outros, o Discovery Channel e o History Channel. A “National Geographic” não conseguiu estrear o seu próprio canal até 1997.
A segunda razão pela qual os chefes são ultrapassados é bastante simples: as novas gerações não querem chefes. A geração millennial, em particular, é altamente versátil.
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“Pesquisas mostram que os que atingiram a idade adulta por volta dos anos 2000 não querem hierarquia, mas holacracia, uma estrutura de poder mais horizontal na qual suas vozes serão ouvidas, na qual terão o acesso mais fácil àqueles que se encontram no topo, na qual poderão assumir desafios e crescer desde o início, em vez de esperar e apenas ganhar dinheiro para pagar as dívidas, como a maioria dos baby-boomers e a Geração X tiveram de fazer ”, diz Brigid Schulte, no “Washington Post”. Segundo Aldo Svaldi, no “Denver Post”, Seth Mattison, fundador da FutureSight Labs, disse em uma conferência que “a força de trabalho do futuro não tem as regras não escritas de hierarquia”. Para os millennials, a hierarquia se parece mais com os pontos de uma rede interconectada do que com os antigos gráficos da cadeia do comando, com o executivo-chefe no topo.
Então, para que as empresas atraiam e retenham talentos, elas precisarão criar, cada vez mais, ambientes livres de chefes, nos quais os millennials possam prosperar.
E não podemos esquecer que uma fração cada vez maior da população é autônoma, portanto, por definição, ela não faz parte de uma estrutura corporativa. “Até 2023, mais da metade da força de trabalho privada deverá ter passado algum tempo como trabalhadores independentes”, afirma o relatório de 2018 da MBO Partners State of Independence, dos Estados Unidos. A prova está no fato de que 36% dos funcionários dos EUA já eram freelancers em 2017, segundo uma pesquisa da UpWork /Freelancers Union.
Logo, se as estruturas que dependem de chefes são de fato ineficientes, indesejadas e cada vez mais irrelevantes, o que isso significa para os líderes de hoje? Quanto mais a hierarquia da sua empresa se assemelhar a uma pirâmide, mais difícil será competir por participação no mercado e especialmente por talentos. E se os seus concorrentes são mais piramidais do que você, aproveite a oportunidade para ganhar uma vantagem contra eles, abraçando o futuro livre de patrões.