Resumo:
- O filme “Coringa”, com a maior bilheteria do mundo em exibição hoje nos cinemas , de Todd Phillips, transmite lições sobre liderança que podem ser retiradas da própria história e da sua produção;
- Dedicar-se a tomar medicações regularmente e na dosagem prescrita é importante para o processo de tratamento de problemas emocionais, tão presentes atualmente e que atrapalham o cotidiano;
- A observar os fatos desencadeados pela forma como a sociedade trata o protagonista Arthur Fleck, é necessário se conscientizar da importância de uma maior solidarização com indivíduos na mesma situação de vulnerabilidade e sofrimento;
- Basear-se em referências de ações excepcionais e moldá-las ao próprio jeito também são lições de liderança transmitidas pelo filme.
Pode parecer difícil de imaginar mas o sucesso internacional de bilheteria “Coringa” tem lições de liderança que podem ser valiosas para a vida profissional. São duas dicas que dizem respeito à obra em si e duas sobre a produção do filme. Veja na galeria a seguir:
VEJA MAIS: O mesmo personagem, diferentes atores: quem fatura mais?
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Tome seus medicamentos
Arthur Fleck, um homem problemático que se transforma em um psicopata assassino, não tem a medicação certa para ajudá-lo a lidar com seus pensamentos destrutivos e perturbadores. Mas será que remédios poderiam impedi-lo de recorrer à violência para resistir a seus problemas? E o quão útil seria um medicamento para alguém como Fleck?
A indústria farmacêutica está sendo mal vista pela opinião pública há muito tempo. Na pesquisa mais recente da Gallup sobre o quão favoravelmente os norte-americanos vêem 25 companhias, aquelas do setor de farmácia ocupam a posição mais baixa. Estudos anteriores a 2001 não as elevam significativamente. Uma série de escândalos bem divulgados ocorridos nessas indústrias, sem dúvida, desempenhou um papel importante neste julgamento público.
Todavia, é importante lembrar o quanto a medicina é útil na sua melhor forma.
O medicamento psicotrópico de Arthur Fleck pode não ter funcionado para ele, mas eles se ajustam bem às necessidades de milhões de pessoas todos os dias. No entanto, é possível que leve um tempo a fim de encontrar a solução médica certa. Uma metáfora apropriada é a da “fechadura e a chave”. Eu tentei várias prescrições diferentes para ansiedade e depressão até encontrar uma que funcionasse, e ela melhorou profundamente minha vida profissional e pessoal.
Pode levar muito tempo e esforço para encontrar o remédio que se adeque a qualquer tipo de problema, bem como dedicação para tomá-lo regularmente e na dosagem prescrita.
“Mas não posso pagar!”, dizem muitas pessoas nessa situação e isso nos leva a segunda lição do filme “Coringa”.
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Reprodução/Forbes É necessário fazer mais para cuidar dos cidadãos mais vulneráveis
Um corte de verbas na cidade onde Arthur mora encerra suas sessões com uma assistente social e seu próprio trabalho. Este é um dos muitos contratempos que podem ter catalisado a transformação de Fleck no assassino Coringa. O filme, com sabedoria, não defende a fórmula redutora, que “quando coisas ruins acontecem a pessoas sensíveis, a violência necessariamente se segue”. A mensagem de fato transmitida é a de que uma pessoa com esses problemas e inserida nesse tipo de situação social respondeu aos seus infortúnios da pior maneira possível.
Contudo, vale lembrar uma observação atribuída a Mahatma Gandhi: “a grandeza de uma sociedade pode ser julgada pelo modo como são tratados seus membros mais vulneráveis”.
A questão de quanto do orçamento de uma cidade deve ser destinado à prestação de cuidados de saúde e outros serviços a pessoas como Arthur Fleck é muito complexa para abordar adequadamente aqui.
ALERTA DE SPOILER! Uma grande reviravolta na história, por isso, se você planeja ver o filme e quer se surpreender, não leia mais.
Uma leitura plausível da cena final de “Coringa” em que Arthur está preso em um hospital psiquiátrico é que tudo o que vimos ocorreu dentro da sua mente.
Entretanto, independente de a narrativa de “Coringa” ter ocorrido no mundo da história ou na cabeça do protagonista, a questão de como devemos cuidar de pessoas como Fleck permanece. O quanto estamos ajudando indivíduos em sua posição ainda não é suficiente.
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Reprodução/Forbes Espelhe-se nos melhores
Quer se trate de uma homenagem amorosa ou de uma flagrante fraude, depende do seu ponto de vista, mas não há dúvidas de que “Coringa” empresta deliberadamente profundas referências do cinema dos anos 1970. Grande parte da imprensa chamou a atenção para as tramas “Taxi Driver” e “O Rei da Comédia”, de Martin Scorsese. Mas o filme também homenageia “Rede de Intrigas”, de Sidney Lumet; “Um Dia de Cão” e “Conquista do Planeta dos Macacos”, de J. Lee Thompson; e “Operação França”, de William Friedkin, entre muitos outros. Eu gostaria de ver um catálogo completo de todas as referências do filme em algum momento.
É compreensível que Todd Phillips e o co-roteirista Scott Silver desejem fazer alusão a esses filmes poderosos, muitos dos quais resistem à passagem do tempo. “Coringa” pode não estar no mesmo nível de excelência, mas acredito que também será visto e discutido por muitos anos. Tanto a elaboração como a atenção aos detalhes são admiráveis.
O que isso significa para carreira? Qualquer que seja a sua área de especialização, é necessário conhecer as obras históricas que exemplificam a excelência. É ótimo ler novos livros de Seth Godin, Susan Cain, Shonda Rimes ou Adam Grant, mas por que não incluir exemplares de gigantes do século 20 como Dale Carnegie ou Ken Blanchard (que, é claro, continua escrevendo obras atraentes)? “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, (escrita no século 5 a.C.) teve um breve ressurgimento de popularidade décadas atrás. Ainda vale a pena verificar.
Por que prestar atenção à história, mesmo o passado recente? “O que foi será novamente, o que foi feito será feito novamente; não há nada novo debaixo do sol.” (Eclesiastes 1: 9)
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Reprodução/Forbes Adapte um papel clássico
Heath Ledger, Jack Nicholson, Cesar Romero, Jared Leto e Mark Hamill (ou pelo menos sua voz) interpretaram o inimigo de Batman no cinema ou na televisão. Quando surgiram as notícias de que Joaquin Phoenix representaria o personagem (pela primeira vez como protagonista da história), era natural imaginar o que ele traria à tona. Com tantas interpretações distintas do papel, como esse ator de destaque faria a sua?
Eu afirmo que o trabalho de Phoenix é memorável. Vai muito além da performance unidimensional e vaudevilliana (gênero de entretenimento de variedades predominante nos Estados Unidos e Canadá do início dos anos 1880) de Romero, na versão televisiva dos anos 1960, deixa o palhaço bidimensional de Nicholson do filme de Tim Burton na poeira e é tão bom quanto o vilão excepcionalmente interpretado por Ledger. Ao imprimir com ousadia seu brilho único sobre o personagem, o ator adicionou uma nova interpretação desta figura assustadora à história do cinema e da televisão.
O que isso tem a ver com sua carreira? Muito. Se você acabou de assumir uma nova função no trabalho e seu antecessor foi amado por muitos, siga o exemplo de Phoenix. Não tente replicar o que um profissional realizou antes de você. Apresente seus dons exclusivos e não se restrinja. Ele não fez isso, e agora temos a melhor performance já registrada de sua longa e respeitada carreira.
Até o momento da publicação deste texto, “Coringa” era o filme de maior bilheteria do mundo em exibição nos cinemas.
Tome seus medicamentos
Arthur Fleck, um homem problemático que se transforma em um psicopata assassino, não tem a medicação certa para ajudá-lo a lidar com seus pensamentos destrutivos e perturbadores. Mas será que remédios poderiam impedi-lo de recorrer à violência para resistir a seus problemas? E o quão útil seria um medicamento para alguém como Fleck?
A indústria farmacêutica está sendo mal vista pela opinião pública há muito tempo. Na pesquisa mais recente da Gallup sobre o quão favoravelmente os norte-americanos vêem 25 companhias, aquelas do setor de farmácia ocupam a posição mais baixa. Estudos anteriores a 2001 não as elevam significativamente. Uma série de escândalos bem divulgados ocorridos nessas indústrias, sem dúvida, desempenhou um papel importante neste julgamento público.
Todavia, é importante lembrar o quanto a medicina é útil na sua melhor forma.
O medicamento psicotrópico de Arthur Fleck pode não ter funcionado para ele, mas eles se ajustam bem às necessidades de milhões de pessoas todos os dias. No entanto, é possível que leve um tempo a fim de encontrar a solução médica certa. Uma metáfora apropriada é a da “fechadura e a chave”. Eu tentei várias prescrições diferentes para ansiedade e depressão até encontrar uma que funcionasse, e ela melhorou profundamente minha vida profissional e pessoal.
Pode levar muito tempo e esforço para encontrar o remédio que se adeque a qualquer tipo de problema, bem como dedicação para tomá-lo regularmente e na dosagem prescrita.
“Mas não posso pagar!”, dizem muitas pessoas nessa situação e isso nos leva a segunda lição do filme “Coringa”.
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