Anos atrás, o sonho do primeiro carro e da casa própria eram o combustível para jovens que ingressavam em uma carreira e continuavam ali por muito tempo, construindo uma história linear junto ao emprego. Para a nova geração, o caminho não se forma desse jeito. “Temos trilhas de carreiras. Não é mais uma longa avenida só”, disse Lana Brandão, diretora de gente e gestão da XP, no “Expert XP”, da XP Inc., nesta semana.
A pandemia pode até ter acelerado algumas mudanças no campo profissional, mas Lana destaca que isso já estava em andamento antes da crise. “As pessoas tem planejado suas carreiras de maneira diferente. Não é uma coisa linear que elas vão escolher naquele momento e seguir para toda a vida. Podemos ter quatro, quem sabe cinco carreiras, mas onde você quer começar?”, questiona.
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E para a nova geração, a resposta é muito simples: match cultural. Se os sonhos mudaram, as relações profissionais também tiveram o mesmo destino, sendo tratadas cada vez mais como uma fatia da vida pessoal. Se, para um encontro de casais, o “match” de aplicativos funciona como uma conexão entre pessoas com mesmos gostos e anseios, no mundo da carreira esse conceito funciona da mesma forma. “Posso não ter todos os skills, mas preciso achar uma empresa e função que estejam de acordo com meus propósitos”, explica a especialista.
Maria Eduarda Silveira, gerente de recrutamento da Robert Half, confirma a tendência. “É perceptível uma necessidade de trabalhar com propósito. Não quer dizer que a remuneração não importa, mas vem atrás de um desejo de trabalhar em um lugar que você se identifica”. Quando isso acontece, há benefícios para as duas pontas do negócio; tanto para o lucro da empresa quanto para o crescimento do profissional. “Você vê aquilo não só como um trabalho, mas também como uma realização pessoal. Assim o percentual de doação é muito maior.”
A mensagem da atualidade é clara; a cultura e o DNA precisam estar alinhados, impactando nos processos de contratação. “Habilidades do futuro agora são do presente”, pontua Lana, ressaltando que as grandes empresas precisam se adaptar para conquistar a nova geração, visto que há muitas opções no mercado atualmente. “Não adianta contratar alguém que não vai ficar na minha companhia por muito tempo, e que, quando os valores não batem, a pessoa provavelmente vai embora o quanto antes”, completa Maria Eduarda.
Flexibilidade, inclusão e diversidade são algumas palavras-chave dos anseios da atualidade, porém, o match cultural não depende apenas dos esforços das empresas. Para a gerente de recrutamento, é importante destacar o papel do candidato no processo. As informações sobre o funcionamento de uma companhia estão a um clique de distância. “Saiba como a banda toca naquele local e reflita. Não existe cultura certa ou cultura errada, existe o contrato certo para você.”
Já para aqueles que possuem um cargo sólido, mas não estão felizes com o trabalho, Maria Eduarda destaca a importância de se resolver consigo mesmo antes de tomar qualquer decisão. Se existe a percepção de que nada mais naquela função o está desenvolvendo profissionalmente, é hora de conversar com outras pessoas para saber quais as possibilidades de mercado. “Não ligue o piloto automático e deixe a vida levar. A atitude vale muito para o crescimento da carreira. Se você não se conhece, nunca vai descobrir em qual empresa se encaixa.”
Além disso, com o fim da linearidade, as habilidades e competências estão em movimento, pedindo um aprendizado constante dos candidatos. Para Lana, é preciso aderir a um conceito de “long life learning”; aprender e treinar durante a vida inteira. “O que eu aprendi provavelmente estará obsoleto no ano que vem, mas nós podemos nos movimentar e impulsionar nossa própria trilha, nossa própria carreira.”
Na percepção das especialistas, o match cultural é uma tendência que se relaciona com a liberdade, seja no processo seletivo ou na capacidade de explorar mais de um caminho profissional. Segundo Lana, a dica para a nova geração é precisa: “não abram mão de construir a própria carreira”.
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