Já faz muito tempo que a quantidade de vagas no mercado brasileiro está muito aquém do número de profissionais da chamada população economicamente ativa, pelo menos em grande parte dos setores. O Brasil fechou o ano de 2020 com um contingente recorde de 14 milhões de desempregados.
Essa imensa diferença entre a procura e a oferta torna as buscas muito mais difíceis – de ambos os lados. Em 2020, a Suzano, empresa brasileira de papel e celulose, recebeu 1.175 candidaturas para apenas 15 vagas de estágio. Com apoio de recursos de inteligência artificial foi possível reduzir em 95% o tempo gasto na triagem dos currículos recebidos. Anteriormente, a companhia gastava, em média, 117 horas para analisar cerca de 60% do material que chegava ao departamento de recursos humanos.
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O uso da tecnologia, no entanto, tem sido tratado como o grande vilão pelos candidatos. Boa parte deles considera o processo de triagem injusto. Mas a realidade é que essas ferramentas vieram para ficar – e elas não são, necessariamente, ruins para quem está em busca de uma recolocação. Elas foram criadas para, além de agilizar o processo, trazer assertividade, ou seja, fazer um match mais certeiro entre vagas disponíveis e candidatos.
Thaylan Toth, CEO da Mindsight, desenvolvedora de ferramentas analíticas e preditivas para processos seletivos, afirma que “com a otimização dos processos seletivos, os profissionais de RH passam a ter mais tempo e recursos para avaliar o que está funcionando ou não e para criar novas formas de engajar e estimular os funcionários”.
De forma geral, as tecnologias de IA para processos seletivos se baseiam nas informações passadas pela empresa, como cultura, performance, produtividade e setor de atuação. A partir dessas informações, os softwares buscam os candidatos que mais se enquadram aos pré-requisitos da vaga e que mais têm aderência às características da empresa. Guilherme Dias, CMO e cofundador da Gupy, startup especializada em tecnologia para contratação com base em inteligência artificial que atende empresas como Ambev, GPA, Vivo e Cielo, afirma que a “IA aprende constantemente com os recrutamentos e com a performance das pessoas e, com o tempo, passa a ranquear os currículos que mais se adaptam a cada empresa”.
Esse método de recrutamento pode ser também um poderoso aliado para companhias que estejam desenvolvendo políticas internas de valorização da diversidade. Isso porque a tecnologia de IA pode ser calibrada e refinada para desconsiderar vieses como gênero, etnia, formação acadêmica e local onde o candidato mora, levando em conta apenas habilidades e competências requisitadas pela empresa, como soft e hard skills.
“A IA é muito poderosa, mas é preciso que o ser humano determine direcionamentos e que ela seja regulada. Com esses recursos, os recrutadores saem do subjetivo e conseguem analisar uma gama maior de informações, como aderência, fit cultural e competências. A IA vem para tornar os processos mais justos, ao contrário do que muita gente pensa”, diz Paula Esteves, vice-presidente de gestão e consultoria do Grupo Cia de Talentos.
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Concorrer a uma vaga de emprego pode ser um processo cansativo e doloroso. Veja, na galeria a seguir, 5 dicas de como estruturar seu currículo para que ele não seja barrado pelos softwares de recrutamento baseados em inteligência artificial:
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Kilito Chan/Getty Images Deixe claro quais são seus objetivos
Os softwares encarregados de selecionar os currículos recebidos utilizam inteligência artificial para fazer a leitura do arquivo e buscar palavras-chave, que são previamente definidas pelo recrutador. Por isso, é importante deixar explícitas as áreas nas quais você já atuou e aquelas nas quais pretende atuar. Também é recomendado destacar o cargo pretendido e a área de atuação para a qual está se candidatando.
Paula Esteves, do Grupo Cia de Talentos, chama atenção para a importância do autoconhecimento. Esse é um fator que facilita a identificação de vagas e empresas que mais tenham a ver com o seu perfil e seus desejos. “Seja verdadeiro e fiel com o que você tem, porque a IA consegue avaliar uma quantidade muito grande de dados e entender se você está sendo coerente ou não.” Por isso, é interessante participar de processos seletivos nos quais você consegue se aprofundar, em termos de conhecimento e aderência.
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Comzeal/Getty Images Crie uma boa narrativa
Luís Marino, CEO da Empregare, diz que é importante estruturar um currículo que conte a sua história e destaque momentos importantes que você gostaria de compartilhar com o recrutador. O especialista explica que essa forma de avaliação é conhecida como processamento de linguagem natural. Além de reconhecer palavras, o método atribui significado a elas e ao conteúdo do CV.
Paula destaca a importância de ter esses dados organizados para saber como estruturá-los e ter mais clareza para inserir a informação com as palavras certas. “Palavras-chave são importantes, mas desde que elas façam sentido e tenham relação com a sua história.”
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Sturti/Getty Images Inclua seu nível de senioridade
Os recrutadores podem procurar os candidatos pelo nível de senioridade e experiência. O uso de palavras-chaves como “júnior”, “pleno” e “sênior” ajudam os profissionais de RH a encontrarem os candidatos com a experiência necessária e desejada para as vagas disponíveis. Não deixe de acrescentar essa informação no seu currículo.
Além de incluir a posição para a qual você está se candidatando, é importante pontuar habilidades que demonstrem e comprovem sua experiência. “Faça descrições assertivas. Se você é senior, mostre porque você está nessa posição. Destaque suas responsabilidades, dê exemplos de tomada de decisões, lideranças, conte sobre as ferramentas que você utilizou e quais foram os resultados que você alcançou em um projeto. Em outras palavras, gere valor para que a IA tire resultado do que está no seu currículo”, afirma Guilherme Dias.
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Izusek/Getty Images Revise as informações
Confirmar os dados preenchidos na plataforma de inscrição para as vagas é essencial. Essa é a primeira etapa dos processos e o momento em que é feito o primeiro grande filtro entre todos os candidatos inscritos.
Para Paula, um dos dos maiores motivos de reprovação são informações erradas. “Errar o ano de conclusão de determinado curso, dizer que você não tem disponibilidade para viagens quando na verdade tem, responder de qualquer jeito as perguntas que são feitas no processo ou fazer os testes sem atenção influenciam a seleção, já que a inteligência artificial analisa dados quantitativos e qualitativos.”
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Kupicoo/Getty Images Faça seu currículo do tamanho ideal
O tamanho do currículo em si e o formato em que ele é anexado à plataforma de recrutamento não interferem na leitura do software, pois ele busca automaticamente no banco de candidatos as palavras-chave desejadas, por isso não tenha medo de adicionar ou remover informações que julgar necessárias. É importante ressaltar que, caso você seja chamado para uma entrevista, é muito provável que o recrutador leia o currículo na íntegra antes da conversa. Nesse caso, um arquivo sucinto ou prolixo demais pode causar uma má impressão, por isso procure encontrar o equilíbrio. Caso você tenha várias experiências em áreas diferentes, monte o currículo destacando as informações mais relevantes especificamente para aquela vaga que está sendo pleiteada.
Deixe claro quais são seus objetivos
Os softwares encarregados de selecionar os currículos recebidos utilizam inteligência artificial para fazer a leitura do arquivo e buscar palavras-chave, que são previamente definidas pelo recrutador. Por isso, é importante deixar explícitas as áreas nas quais você já atuou e aquelas nas quais pretende atuar. Também é recomendado destacar o cargo pretendido e a área de atuação para a qual está se candidatando.
Paula Esteves, do Grupo Cia de Talentos, chama atenção para a importância do autoconhecimento. Esse é um fator que facilita a identificação de vagas e empresas que mais tenham a ver com o seu perfil e seus desejos. “Seja verdadeiro e fiel com o que você tem, porque a IA consegue avaliar uma quantidade muito grande de dados e entender se você está sendo coerente ou não.” Por isso, é interessante participar de processos seletivos nos quais você consegue se aprofundar, em termos de conhecimento e aderência.
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