Definida como a capacidade de compreender emocionalmente outra pessoa, a empatia já é considerada uma das dez tendências corporativas mais importantes para os próximos anos, de acordo um relatório da Page Executive. Não à toa, uma pesquisa da Empathy Monitor mostrou que a habilidade tem impacto direto na produtividade, lealdade e engajamento dos colaboradores. Segundo a empresa, 77% dos profissionais estão dispostos a trabalhar mais tempo quando sentem que estão em um ambiente empático.
Ao levar em conta esse cenário, a figura do chefe que “manda” e do funcionário que “obedece” é um modelo mais do que ultrapassado. Por isso, as companhias intensificaram suas buscas por líderes capazes de conduzir uma gestão humanizada, como explica Diego Barreto, vice-presidente de finanças e estratégia do iFood e autor do livro “NOVA ECONOMIA – Entenda por que o perfil empreendedor está engolindo o empresário tradicional brasileiro”?. “O líder empático se esforça para se colocar no lugar do colaborador e analisar as situações sob o seu ponto de vista, valorizando suas habilidades, ajudando a superar as fraquezas e compreendendo seu propósito na carreira, além de oferecer apoio para que ele se desenvolva e cresça profissionalmente”, afirma.
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Nesse sentido, o mercado brasileiro ainda caminha em passos curtos. Um levantamento realizado na Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, colocou o Brasil na 51º posição entre os países mais empáticos do mundo entre 63 analisados. Para Susanne Anjos de Andrade, autora do best-seller “O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil”, os gestores devem fazer uma mudança comportamental profunda e alimentar uma relação de confiança com o time para conseguir se colocar no lugar de cada um. “Ele deve sair da posição de comando e controle, de super herói, daquele ‘que sabe de tudo’, para assumir um posto de liderança servidora. Seu foco passa a ser o servir, no sentido de desenvolver a equipe a partir do ponto de vista da própria equipe, do olhar, da mentalidade, colocando-se no lugar das pessoas”, explica.
Esse modelo de gestão dá indícios de que veio para ficar. Segundo outro relatório do Empathy Monitor, as gerações que estão ingressando agora no mercado de trabalho já se mostram mais exigentes em relação ao ambiente corporativo. Cerca de 80% dos millennials, por exemplo, afirmam que deixariam seu emprego atual caso seu escritório se tornasse menos empático.
“Muitas vezes, colaboradores vistos como menos preparados pela maioria são subestimados quando, na verdade, poderiam contribuir trazendo ideias e soluções. Esse tipo de preconceito pode ser combatido com a meritocracia de ideias, que defende que boas sugestões devem ser reconhecidas e utilizadas, independentemente de onde partiram – da chefia ou de um estagiário, por exemplo”, resume Barreto.
Além do mais, quando alcançada, a empatia corporativa traz impactos sólidos não só para o bem-estar dos colaboradores, mas para o resultado da empresa. Um estudo desenvolvido pela Empathy Business com apoio da Harvard Business Review mostrou que as dez companhias com maior índice de empatia – entre elas, Facebook, Google e LinkedIn – registraram uma valorização no mercado pelo menos duas vezes maior do que as piores classificadas do ranking.
Veja, na galeria abaixo, as dicas dos especialistas para se tornar um líder mais empático:
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Laurence Dutton/Getty Images 1. Pratique o autoconhecimento
Para se tornar um bom líder, o profissional deve buscar conhecer a si mesmo e ao seu propósito na empresa. Segundo Susanne, essa jornada de autoconhecimento também deve ser incentivada entre os funcionários, aumentando a sensação de pertencimento da equipe. “Isso contribui no despertar da felicidade no ambiente de trabalho. Se o profissional identifica seu propósito e faz uma conexão verdadeira com as atividades que desempenha, ele acaba se sentindo muito melhor naquilo que está fazendo, pois passa a ter consciência do seu papel”, diz.
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Morsalmages/Getty Images 2. Dê feedbacks
A transparência e o diálogo também devem estar no centro da liderança baseada na empatia. Os colaboradores devem se sentir à vontade não somente para darem ideias e expressarem sua opinião, como também para pedirem avaliação sobre seu próprio desempenho. “Além de frequentes, os feedbacks devem ser radicalmente transparentes, pois de nada adianta avaliar a performance se não for dita a verdade. Críticas podem ser dolorosas e, muitas vezes, não são bem aceitas de início, mas são o melhor indicativo para o caminho de mudança”, pontua Barreto.
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Hinterhaus Productions/Getty Images 3. Peça feedbacks
Como líder, pedir um feedback dos seus colaboradores mostra uma característica importante para a convivência empática: a vulnerabilidade. Se o time é capaz de olhá-lo como um igual, eles se tornam cada vez mais próximos e abertos a possibilidades. “Do ponto de vista da equipe, é como se você estivesse pedindo ajuda. Isso mostra humildade e fortalece a conexão entre os membros da equipe”, explica Susanne.
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Prasit/Getty Images 4. Capacite sua equipe para a autogestão
Um dos sinais mais claros de uma boa liderança, de acordo com a autora, é quando uma equipe consegue tomar as próprias decisões. Segundo ela, incentivar a autogestão com muitos questionamentos e poucas respostas prontas é uma forma de fazer com que os colaboradores também se sintam no comando. “Além do funcionário se empoderar, engajar e se sentir verdadeiramente responsável pelos projetos, você, como líder, amplia sua mente por ouvir respostas que nem imaginava, como maneiras diferentes de conduzir a uma solução. Todo mundo se desenvolve de maneira empática quando isso é colocado em prática”, diz Susanne.
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Maskot/Getty Images 5. Invista numa equipe plural
Não existe liderança empática sem a diversidade e inclusão, e o mercado fomenta cada vez mais iniciativas que abracem a pluralidade de grupos e ideias. “A grande força de uma empresa está nas habilidades de seus colaboradores. Para alcançar alto desempenho, as organizações precisam contar com equipes capazes de olhar e interpretar a realidade de forma distinta. Se todo o time vem do mesmo grupo, como assegurar percepções que permitam criar formas inteligentes de se diferenciar? A diversidade nos dá a possibilidade de dialogar com todo o mundo”, pondera o VP do iFood.
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Westend61/Getty Images 6. Reconheça um bom trabalho
Dar atenção para o que as pessoas estão fazendo e elogiar aquilo que sai melhor do que o esperado é um ponto importante para o engajamento de um time, destaca Susanne de Andrade. Segundo a especialista, o profissional se sentirá ainda mais valorizado se o reconhecimento acontecer nos projetos que ele conduziu. “Ao fazer isso, esse mesmo funcionário irá para outro patamar, assumindo o protagonismo e se motivando para ter mais iniciativa e proatividade”, diz ela.
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Alistair Berg/Getty Images 7. Valorize o merecimento
Nos modelos modernos de gestão, a performance deve ser avaliada com base no talento e no esforço, sem que os líderes levem em conta vantagens e privilégios de cada funcionário – como o tempo de atuação na empresa ou o histórico de resultados, por exemplo. Dessa forma, a melhor ideia sempre deve ser priorizada, independentemente de quem ela tenha partido. “É a cultura corporativa que valoriza a colaboração, não a competição, e as equipes, em vez de indivíduos. Para que o conceito seja eficaz, é necessário que os times estejam seguros e com a mente aberta”, resume Barreto.
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Luis Alvarez/ Getty Images 8. Acerte na contratação
Para Barreto, a empatia de um líder começa no momento da formação do seu time. Segundo o executivo, a contratação deve ser pensada com base na capacidade de aprendizado dos colaboradores, e não somente no seu histórico profissional. “Se o gestor contratar com base no velho conceito do ‘currículo estrelado’, terá um time frágil. Escolher as pessoas certas é uma das atribuições mais importantes e árduas em uma empresa”, avalia.
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Svetikd/Getty Images 9. Analise o perfil dos colaboradores antes de oferecer estímulos
Ao contrário do senso comum, incentivos financeiros não são o melhor jeito de estimular o resultado de um colaborador. De acordo com o VP do iFood, a atitude do líder é muito mais poderosa do que os números. Mas atenção: não existe uma fórmula mágica para fazer com que todos os funcionários se sintam estimulados. É necessário conhecer as necessidades pessoais de cada um para compreender a melhor maneira de gerar impacto positivo. “É claro que um bônus por meta alcançada é bem-vindo, mas, sozinho, não garante a entrega da equipe. Alguns, por exemplo, podem se sentir mais satisfeitos no trabalho tendo flexibilidade de horas e podendo definir sua própria jornada de trabalho do que ganhando um salário maior. Cada colaborador é único e a empatia valoriza essas características”, resume Diego Barreto.
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Five/Getty Images 10. Seja grato
Uma pesquisa realizada em Harvard já provou que o sentimento de gratidão diante de realizações e conquistas é capaz de gerar felicidade. Celebrar as vitórias individuais dos integrantes da equipe como se fossem vitórias coletivas é uma forma do líder exercitar a gratidão e a empatia com os colaboradores. “Essa é a nova lógica da liderança e, nesse processo, todos os profissionais ganham, assim como a empresa”, conclui Susanne.
1. Pratique o autoconhecimento
Para se tornar um bom líder, o profissional deve buscar conhecer a si mesmo e ao seu propósito na empresa. Segundo Susanne, essa jornada de autoconhecimento também deve ser incentivada entre os funcionários, aumentando a sensação de pertencimento da equipe. “Isso contribui no despertar da felicidade no ambiente de trabalho. Se o profissional identifica seu propósito e faz uma conexão verdadeira com as atividades que desempenha, ele acaba se sentindo muito melhor naquilo que está fazendo, pois passa a ter consciência do seu papel”, diz.
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