A britânica Carolyn Taylor começou a estudar sobre o comportamento no mundo corporativo ainda na década de 1990. Desde então, ela assinou obras como “Accountability no Trabalho: Como Comprometer-se e Cumprir o Prometido e Conseguir que Outros Façam o Mesmo” e “Walking the Talk” – A Cultura Através do Exemplo”. Hoje, ela também é a empresária por trás do grupo de consultoria Walking the Talk, que atende empresas como Google, AXA, Vodafone e Sanofi, além de ser reconhecida como especialista em cultura organizacional.
De passagem pelo Brasil hoje (18), para ministrar uma aula a convite das escolas corporativas Sputnik e Perestroika, Carolyn já tem seu próximo conceito para o futuro do trabalho na ponta da língua: o accountability. O termo, que em inglês significa “responsabilidade”, ganha outra dimensão quando relacionado ao trabalho, explica a especialista. Isso porque ele se refere a uma ação conduzida em dupla, onde uma parte cobra e a outra parte realiza. “Uma pessoa pergunta e quer algo, enquanto a outra dá e entrega isso. Você não pode ser ‘accountable’ por si mesmo, você só pode ser ‘accountable’ em relação ao outro. Portanto, existem dois papéis muito importantes”, afirma.
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De modo geral, o conceito se resume à capacidade de gerar resultados uniformes a partir da responsabilidade mútua e clara de quem coordena as ações e de quem as realiza. Assim, para colocar a ideia em prática, é necessário que os dois lados sejam claros e eficientes. “Se algo não acontecer como deveria em uma empresa, um lado tende a culpar o outro. O concedente vai pensar que o pedido foi além de suas possibilidades e que ele nunca poderia entregar aquilo. E o solicitante vai pensar que a falta de entrega foi resultado do baixo comprometimento.” Nesse caso, ambos não se esforçaram o suficiente. “Muitas vezes o trabalho não é entregue como deveria, seja aos acionistas, clientes, colegas, ao nosso chefe ou aos membros da nossa equipe. Precisamos aprender como fazer as duas coisas, ser um bom solicitante e um bom concedente”, afirma.
Ainda segundo a autora, a importância do conceito passa pela construção da confiança. Quando os resultados passam a acontecer de maneira estável e frequente, a empresa e o profissional passam a ter a reputação de alguém que cumpre com o seu dever – e o resultado inevitável disso é o sucesso. “Se seus clientes confiarem em você, eles comprarão de você novamente; se os acionistas confiarem em você, o valor da sua empresa sobe e mais pessoas vão querer investir; se seu chefe confiar em você, ele pode lhe promover ou conceder outras oportunidades”, explica Carolyn.
No futuro do trabalho, este conceito se torna ainda mais importante. Com a aderência cada vez maior das companhias ao home office – segundo pesquisa da consultoria Grant Thornton, apenas 7% das empresas brasileiras descartam a adoção do modelo remoto para os próximos anos -, a clareza nos papéis e na demanda precisa ser transmitida até no meio digital. “Tem havido um mal-entendido de que mais empoderamento significa menos necessidade de responsabilidade. Eu creio que o que acontece é o oposto: quanto mais as pessoas se tornam independentes e empoderadas, maior o papel do líder em estabelecer a estrutura por onde serão feitos os pedidos e as entregas”, finaliza a especialista.
À pedido da Forbes, Carolyn Taylor elaborou cinco dicas para ajudar empresas e colaboradores a alcançar o accountability no trabalho. Veja, na galeria abaixo, quais são elas:
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Thomas Barwick/Getty Images Seja claro com seu pedido
“Na posição de solicitante, faça pedidos muito claros. Seja objetivo sobre quais resultados você considera que sejam um sucesso. Além disso, não seja vago sobre os dados e pergunte tudo o que precisar para a outra pessoa. A accountability sempre funciona melhor quando alguém é solicitado a fazer algo. Portanto, faça pedidos claros”, diz.
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Hinterhaus Productions/Getty Images Escute com atenção
“Enquanto concedente, você deve ouvir atentamente o que está sendo solicitado e, em seguida, fazer a si mesmo algumas perguntas: “Posso prometer isso?” e “Posso contar com isso?”. Pense na accountability a partir dessa frase: eu posso contar com você e você pode contar comigo. Então, escute com atenção o que será necessário fazer e quais serão os riscos”, afirma.
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Steven Enrico/Getty Images Reflita sobre os deveres e os riscos
“Seja cauteloso e apenas diga sim após refletir sobre os riscos do pedido, as maneiras de mitigá-los, a probabilidade de entrega e a sua responsabilidade. Mantenha-se alinhado com o que está se comprometendo, de modo que os dois lados possam discutir se o pedido é factível ou exagerado”, explica a autora.
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Hinterhaus Productions Sele o compromisso
“Gradualmente, avance a conversa até chegar ao ponto ideal: quando o solicitante se sente confortável com o que está sendo prometido e o concedente se sente seguro sobre a tarefa proposta. Esse é o ponto mágico onde o compromisso pode finalmente ser feito”, afirma Carolyn.
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Morsa Images/Getty Images Cumpra o que foi prometido
“Após assumir esse compromisso, leve a sério sua palavra e a mantenha. Lembre-se de que você constrói sua reputação a partir dessas atitudes. Por outro lado, se as pessoas derem a sua palavra a você, acompanhe os progressos de perto, já que elas lhe devem algo também. Não deixe as coisas passarem e não tolere o que poderia ter sido melhor – tenha aquelas conversas difíceis. Tanto o solicitante quanto o concedente têm a função de acompanhar e entregar as tarefas – e de aprender com isso quando as coisas derem errado”, finaliza.
Seja claro com seu pedido
“Na posição de solicitante, faça pedidos muito claros. Seja objetivo sobre quais resultados você considera que sejam um sucesso. Além disso, não seja vago sobre os dados e pergunte tudo o que precisar para a outra pessoa. A accountability sempre funciona melhor quando alguém é solicitado a fazer algo. Portanto, faça pedidos claros”, diz.
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