Beep, beep beep, beep. Despertador bem cedinho, café da manhã e “partiu trabalhar”. Resolver problemas, atender clientes, apertar parafusos, fechar negociações, responder e-mails. Parada rápida para o almoço. Receber ordens, pagar contas, procurar respostas, eliminar pendências, entregar produtos, ouvir reclamações. Nos dias “bons” o relógio ainda está marcando 19 horas. Restam 4 horas para ir para casa, tomar banho, jantar, ficar com a família e fazer alguma coisa pessoal (isso se não houver uma lâmpada para trocar, uma roupa para lavar ou uma compra de mercado para fazer). Respire fundo que amanhã começa tudo de novo.
Um dia, dois dias, dez dias, trinta dias… Quem está perto dos 40 anos de idade provavelmente já viveu mais de 4 mil dias assim. Dizem que tempo é dinheiro. Mas há uma grande diferença entre eles: você consegue ganhar mais dinheiro. Já o tempo… foi quase todo ocupado trabalhando no “modo automático”. Você também já teve essa sensação de viver uma “vida de zumbi”? Uma rotina em loop infinito, correndo atrás da próxima fase desse videogame da vida real chamado carreira?
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Mas há um grupo de abençoados que consegue colocar uma cobertura de Nutella nesse bolo: os que conseguem tirar férias. Escrevo esse texto depois de ter saído 10 dias para descansar. Está aí uma coisa mágica que podemos fazer. Não deu tempo de esquecer a senha do computador, nem de ter uma nova lista de problemas para resolver, mas foi uma delícia. Ter uns minutos para ouvir o silêncio, ver o sorriso do meu filho, pegar uma pitanga na árvore para comer, andar de mãos dadas. Essas pausas são necessárias. Para ouvirmos o corpo e a alma. Sentir se o ritmo está bom. E refletir sobre o que estamos fazendo com o nosso tempo.
Voltei do descanso me perguntando: como será que consigo colocar um pouco mais de férias no meu dia a dia? Tudo depende do que “férias” significa para você. Tem gente que consegue “virar uma chave mental” e esquecer completamente o trabalho nesses dias. Eu não consigo. E nem quero. Minhas férias não são assim. Mas elas me ajudam a lembrar que, quando fico mais relaxado, também fico mais criativo, mais humano e mais ligado nas coisas que realmente importam. Fica mais fácil dar um zoom out e ver as coisas de fora – uma visão que pode se embaçar na correria.
O estado de espírito dos momentos de descanso é muito bom e traz leveza. Carregar pianos pesados todos os dias sem lembrar por que estamos fazendo isso só vai gerar dores nas costas. Mas lembrar que o piano está sendo levado para um lindo concerto muda tudo.
Eu adoro as facilidades que a tecnologia nos proporciona. Mas as pequenas férias me deixaram um conselho importante: se o nosso trabalho fosse um carro, certamente deveríamos escolher um modelo sem piloto automático.
João Branco é o CMO do McDonald’s no Brasil e lidera o talentoso time que está batendo todos os recordes da história do Big Mac. Presença constante nos rankings dos profissionais de Marketing mais reconhecidos do Brasil, João estudou em algumas das melhores universidades do mundo, mas aprendeu no “Méqui” o que nenhuma aula teórica foi capaz de ensinar: que o resultado sempre vem quando o consumidor ama muito tudo isso. João já foi presidente da ABA e duas vezes palestrante TEDx. É um dos marketeiros brasileiros mais influentes – seus textos são lidos por mais de 1 milhão de pessoas todos os meses. Linkedin/Instagram: @falajoaobranco
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