“Estar aqui é explodir a minha bolha, realmente sair da minha zona de conforto”. Foi assim que a influenciadora Jade Picon se apresentou ao entrar no Big Brother Brasil 22. Aos 20 anos, ela acumula 18,3 milhões de seguidores no Instagram, já fechou contratos de publicidade com grandes marcas como L’Oréal, RayBan e Nina Ricci e fundou a própria marca de roupas, a JadeJade. Na semana passada, ela ganhou a prova do líder e se tornou a primeira liderança feminina nesta edição da casa, depois dos atores Douglas Silva e Tiago Abravanel.
Dentro ou fora do BBB, a influenciadora tem se mostrado observadora e boa comunicadora, algo que treina diariamente em seus perfis nas redes sociais. “Essas são características de uma boa líder”, diz Juliana Nascimento, diretora de desenvolvimento e carreira da Cia. de Talentos, empresa especializada em recursos humanos. “A Jade é uma boa ouvinte e bastante política. Ela soube transitar em diferentes grupos ao longo das semanas, coletando informações e se posicionando muito pouco.”
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A escolha da influenciadora em entrar no Big Brother foi questionada por fãs do programa na internet, já que o valor do prêmio não seria seu maior objetivo – mesmo tendo afirmado que doaria a maior parte do que conquistasse no reality para cinco instituições de causas em que acredita. No entanto, a participação de Jade no programa está mais relacionada ao autoconhecimento e experiência pessoal do que à sua carreira, analisa Nascimento.
Jade Picon repercutiu nas redes sociais por suas frases que viraram meme, como quando em uma prova teve que dizer que “bateu aquele aperto no fim do mês”, além de peças de roupa que custam milhares de reais usadas no programa. E, como ela mesmo disse, por agir como um “beyblade”, brinquedo que parece um pião, rodopiando entre os diferentes grupos da casa. No jogo da discórdia, o nome do brinquedo foi usado pela cantora Naiara Azevedo para dizer que Jade tem medo de se comprometer no jogo por sua falta de transparência e posicionamento.
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Escolhas de Jade Picon como líder
A liderança no BBB se aproxima e se afasta da empresarial em diferentes momentos. A meta do programa inclui derrubar os outros participantes, enquanto no mundo corporativo manter os vínculos entre as pessoas é de extrema importância. Por isso, mesmo havendo competição, a liderança profissional, em geral, é menos competitiva e tóxica e mais criativa, segundo a psicanalista Luciana Torrano.
Ser transparente e passar confiança são traços de liderança que valem tanto para o programa quanto para o ambiente corporativo. Nesse sentido, a diretora de carreira avalia que, como líder, Jade Picon pecou em enviar o ator Arthur Aguiar direto para o paredão, mesmo depois de garantir a ele que não faria isso – o que rendeu críticas a ela. Apesar de a influenciadora ter dito que esse seria um momento importante para se posicionar no jogo, Nascimento acredita que Jade seguiu o caminho mais fácil, indicando o participante que teria o maior número de votos na casa.
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Ainda assim, Jade demonstra o cuidado com as pessoas, como em um episódio em que escutava com atenção a participante Nathália desabafar sobre as dores e a solidão como mulher negra. “Ela tem uma dimensão bastante delicada em relação ao que cada um dos outros participantes diz ou demanda dela”, diz o doutor em psicologia Leonardo Goldberg. Esse tipo de liderança, segundo ele, é fascinante para o público.
“O traço de liderança de Jade pode estar relacionado à sua própria vida e carreira fora do programa”, diz a psicanalista Luciana Torrano, enquanto para Douglas e Tiago, os líderes anteriores, que são atores e, em geral, trabalham em grupos mais colaborativos, pode ser mais difícil assumir esse papel.
A autenticidade de Jade no programa, tampando o umbigo com esparadrapo para não receber energias ruins e usando calcinhas descartáveis – que foram criticadas por não serem sustentáveis –, por exemplo, é um de seus maiores atributos, avalia a psicanalista. “Ela ocupa o espaço de contra-modelo, não se preocupa em ser uma princesinha ou em reproduzir o modelo da Juliette”, diz Torrano sobre a vencedora da última edição, que, depois de ser excluída e injustiçada pela casa, deu a volta por cima.
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