A UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) divulgou que o valor de mercado global das indústrias criativas foi estimado em R$ 6,1 trilhões. A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) apontou taxas de crescimento anuais entre 5% e 20 % desta indústria em seus países de atuação.
Embora os benefícios sociais e econômicos da economia criativa tenham sido melhor observados em países desenvolvidos, a última década demonstrou que cidades e regiões de economias em desenvolvimento e de países em transição estão preenchendo rapidamente essa lacuna. Por exemplo, estima-se que esse nicho contribuiu com R$ 11,7 bilhões em receitas, criando 30 milhões de novos empregos. Isso equivale a quase 1% da população economicamente ativa do mundo.
De acordo com pesquisadores da Henley Business School, os líderes podem aprender muito examinando o impacto da pandemia nas indústrias criativas. Por causa de características pós-industriais, como a organização flexível, o uso extensivo de tecnologias e o emprego de talentos criativos e técnicos.
As professoras Yelena Kalyuzhnova e Olena Khlystova, que recentemente investigaram as tendências de efeitos socioeconômicos da pandemia nesse mercado. “Existem várias oportunidades que podem ser derivadas das estratégias de resiliência de algumas indústrias criativas”, diz Kalyuzhnova. Isso inclui o uso de ferramentas digitais para interagir com os clientes. Museus, bibliotecas e galerias começaram a implementar tecnologias para sobreviver à pandemia, oferecendo exposições online, tours gravados, concertos e palestras online.
A pandemia facilitou o uso de tecnologias, diz Khlystova. “As indústrias de TI e software se expandiram significativamente devido ao aumento da demanda por produtos de TI e software, incluindo MS Teams, Zoom e outras plataformas digitais de comunicação”, diz. “A indústria de TI facilitou o efeito de complementaridade em outras indústrias criativas e serviu como fator de resiliência da empresa para o melhor desempenho”. Sistemas de entrega online, ensino e aprendizagem remoto, sessões e reuniões de mentoria por videochamada são exemplos disso.
Este estudo tem implicações práticas críticas, já que as indústrias criativas são o setor prioritário para os formuladores de políticas em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Os órgãos que decidem sobre subsídios e fundos precisam esclarecer as incertezas sobre o impacto da Covid-19 nas finanças.
Além disso, como os artistas não puderam aproveitar as oportunidades de networking presencial durante esse período, o papel do setor no apoio às organizações e na facilitação de conexões virtuais será vital. Outras preocupações (como restrições no acesso a contatos e redes e envolvimento da comunidade) nos subsetores criativos variam, de modo que as associações profissionais precisam prestar atenção especial ao apoio às necessidades de diferentes subsetores.
É necessário apoio financeiro para todas essas atividades. Elas incluem compromissos de longo prazo com patrocinadores, financiamento para recuperar receitas perdidas e criação de novas abordagens para geração de renda. Desenvolvimento de novos modelos comerciais e novas formas de filantropia também podem ser incluídos entre as necessidades.
Artistas também são empreendedores. E, como empresários, eles geralmente não se conformam com uma só maneira de fazer as coisas, mas abraçam desafios. São dinâmicos na abordagem e estão em constante aprendizado, sempre dispostos a ouvir clientes, equipe, mercado e ações.
O rapper Ja Rule que é cantor, compositor e ator, se tornou um magnata da indústria que recentemente entrou no mercado de tokens não fungíveis (NFT). “Se você é velho como eu, está acostumado a ter coisas tangíveis para colecionar! Mas você precisa deixar sua mente aberta para o novo”, disse
As NFTs possibilitam que artistas recebam remuneração pela posse perpétua de seus trabalhos – o que lhes garante maior estabilidade econômica.
A pandemia levou muitas empresas, incluindo as de entretenimento, a operar rapidamente e a desenvolver formas de funcionamento novas e mais resilientes. Além disso, a forma como o capital social é criado e mantido se alterou, restringindo as formas tradicionais de trabalho entre autores e suas comunidades. Isso exigiu novos modelos de negócios.
Para que empresas e organizações sobrevivam em tempos de crise, o principal componente de todo sistema deve ser a resiliência e a flexibilidade.