“Defina o tamanho do seu negócio de acordo com o propósito dele.” Essa é a mensagem da estilista e empreendedora Patricia Bonaldi, fundadora e diretora criativa da grife PatBO. Foi com isso em mente que ela expandiu e internacionalizou sua marca, hoje presente em 25 países, sem perder a essência. “Eu conheço muito bem o meu negócio e sei até onde ele pode chegar sendo o que é. Se você entender aonde quer chegar, o de trás para frente fica muito mais fácil.”
Ontem (31), em live case do programa Leading the Future, ministrado pela Forbes em conjunto com a SingularityU., a estilista falou sobre sua história na construção da grife que leva seu nome. Ela foi entrevistada por Antonio Camarotti, publisher e CEO da revista Forbes.
Antes de trabalhar com moda, Patricia se formou em direito, mas ainda na graduação, ela e o marido, com quem se casou aos 18 anos, já tinham planos de montar um negócio. “A gente já tinha essa veia empreendedora, só não sabia dar o nome.”
Eles foram morar três anos no Japão para trabalhar em fábricas e levantar dinheiro para empreender. Natural de Uberlândia, ela costumava fazer sucesso com as roupas que mandava fazer. De volta ao Brasil, percebeu que ali havia uma oportunidade e, então, abriu uma loja de multimarcas em Minas Gerais. Mas o que fez sucesso foram as suas criações próprias. “Quando a loja estava dando muito errado e as pessoas não compravam o que eu vendia, eu comecei a oferecer o que eu pudesse criar.”
Ali nascia sua marca homônima. De vestidos de festa feitos sob medida, mediante pagamento em cheque para comprar os tecidos, Patricia Bonaldi tem hoje 12 lojas próprias e presença global com mais de 250 pontos de distribuição. “Como uma boa empreendedora, eu não perdi nenhuma oportunidade que aparecia.”
O contato direto com as clientes foi essencial nesse início. Mas quando o negócio começou a crescer, ela buscou uma formação em moda e desde então viaja o mundo interagindo com esse universo.
Quando não estiver sendo desafiada, é hora de dar um salto
Também como uma boa empreendedora, ela assume riscos, mas calcula os passos que dá. “Todas as vezes que a gente deu saltos na empresa foram momentos em que eu não me sentia mais desafiada.”
Quando começou a trabalhar com multimarcas e exportar suas criações, ela entendeu que podia ir além. “Eu lançava uma coisa, esperava a resposta e criava coragem para dar o próximo passo, sempre sentindo o termômetro do próprio cliente.”
Foi assim que ela fez uma coleção genderless, entrou em home decor, marcou presença em três semanas de moda de Nova York e se tornou a primeira brasileira a estar no calendário da associação Council of Fashion Designers of America.
A inovação é sua fórmula para se desafiar e continuar crescendo. “Quando está muito bom, é quando eu fico alerta, é a hora de me reinventar”, diz. E isso não significa jogar tudo para o alto. “É estar um passo à frente de mim mesma.”
Para levar a marca para fora do Brasil, ela investiu em uma consultoria que ajudou a entender o mercado internacional. “Eu sempre trabalhei muito no improviso, minha história começou assim, mas para internacionalizar isso não funciona.” Isso porque, segundo ela, no mercado internacional, planejamento estratégico é quase mais importante que o próprio produto.
Atenta ao que precisava para crescer, quando percebeu que também sofria com a falta de profissionalização na gestão, investiu nisso e focou em governança e RH. “As grandes forças eram o branding e o produto e a fraqueza era a gestão. A gente sabia que precisava olhar isso com cuidado.”
O foco nas pessoas também se dá com as bordadeiras, mão de obra especializada e que vai na contramão da velocidade da indústria. Na fábrica em Uberlândia, Patricia Bonaldi mantém a escola Costurando Sonhos, que já formou mais de 500 bordadeiras – algumas até mesmo contratadas por ela. “Eu faço roupas com tanto empenho de trabalho manual que são joias. O slow fashion tem muita chance de competir hoje, existe espaço para os negócios menores.”
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