Embora a pandemia tenha gerado e acelerado muitas mudanças no mercado de trabalho, a volta dos profissionais aos ambientes físicos de trabalho também tem gerado novas tendências. Seja porque funcionários trabalhando remotamente são menos valorizados pelos gestores ou porque muitos querem viajar enquanto continuam trabalhando, se constrói um novo dicionário corporativo para tentar expressar essas transformações.
Ao mesmo tempo, a incerteza econômica ao redor de todo o mundo tem gerado novos comportamentos nos trabalhadores que se preparam, cada vez mais, para o inesperado. Também, uma nova geração entra no mercado de trabalho com valores e propósitos diferentes das outras.
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De olho nisso, reunimos algumas expressões usadas no mundo corporativo para descrever esses novos movimentos. Confira:
Viés de proximidade
Uma pesquisa norte-americana mostrou que 96% dos executivos valorizam mais o trabalho daqueles que trabalham no ambiente físico de trabalho do que dos funcionários que continuam trabalhando em casa. Também, esses trabalhadores remotos tendem a ser mais excluídos das dinâmicas de trabalho. Sendo assim, o conceito do viés de proximidade aborda a preferência dos executivos pelas pessoas que trabalham presencialmente e que estão fisicamente mais próximas deles.
Paranoia de produtividade
Um estudo da Microsoft identificou que há uma considerável diferença entre a porcentagem de pessoas que acreditam que são produtivas no trabalho (80%) e a porcentagem de gestores que crêem que seus funcionários são produtivos (12%). A grande descoberta do relatório foi o fato de que os líderes tendem a perceber menos a produtividade dos trabalhadores remotos e, assim, a exigir ainda mais produtividade dessas pessoas.
“Fat FIRE”
A expressão em inglês vem da junção da palavra “gordura” (fat) com os termos Financial Independence e Retire Early, podendo ser traduzida como garantir recursos suficientes para conquistar independência financeira e aposentadoria de maneira antecipada. Ou seja, é uma mentalidade de focar incansavelmente em ficar rico rapidamente e, no fim, se aposentar jovem e rico.
As pessoas que aderem a essa filosofia tendem a trabalhar em grandes empresas de tecnologia, escritórios de advocacia, são fundadores de startups e aqueles cujas ocupações têm pacotes de remuneração generosos e opções de ações. Com sua renda disponível, eles usaram os recursos para investir nos mercados de ações ou criptomoedas, construir negócios e ter algumas agitações paralelas.
“Carrer cushioning” (amortecimento de carreira)
Uma pesquisa da Empregos.com.br mostra que 3 a cada 4 funcionários pretendem mudar de emprego em 2023. É essa tendência que é descrita pela expressão em inglês “career cushioning”, que pode ser traduzida como amortecer sua carreira. Isto é, enquanto ainda estão em seus empregos atuais, muitos trabalhadores já buscam se preparar para uma eventual ou inesperada mudança de carreira e, assim, trazer mais segurança para a vida profissional.
Nesse movimento, trabalhadores ainda empregados buscam se preparar para procurar empregos ou, até mesmo, ativamente procuram por uma nova posição que lhes ofereça maior estabilidade profissional.
“Anywhere office”
“Anywhere office” é uma nova modalidade de trabalho na qual o funcionário pode trabalhar de qualquer lugar do mundo. A tradução literal da expressão em inglês é “escritório em qualquer lugar” quer dizer que o funcionário pode executar suas tarefas de trabalho independente de onde estiver. Esse regime não se limita somente a estar em casa, como é o caso do home office, mas sim, o trabalho pode ser feito em cafés, casas de temporada ou espaços de coworking.
Por conta disso, esse é um modelo de trabalho para aqueles que não precisam estar fisicamente no ambiente de trabalho e que permitem flexibilidade. Muitos profissionais adeptos ao “anywhere office”, inclusive, são “nômades digitais”; ou seja, são pessoas que continuam trabalhando, sem ter moradia fixa, enquanto viajam.
Chief remote officer
Com muitas profissões aderindo ao trabalho remoto durante a pandemia e, hoje, seguindo com o regime híbrido, o novo cargo de chief remote officer ficou responsável por repensar as dinâmicas de trabalho que fazem parte desse novo modelo. Algumas atribuições desse profissional são o desenvolvimento da cultura da organização, o estabelecimento de uma comunicação efetiva e o engajamento junto da integração dos trabalhadores remotos.
Apesar da continuidade dessa posição poder ser questionada, as responsabilidades desse novo profissional envolvem iniciativas caras para qualquer empresa que tenha trabalhadores em formato híbrido ou remoto, como o estímulo à produtividade. Com a dificuldade na retenção de talentos pelas empresas, esse é um profissional relevante para garantir que os funcionários se identifiquem e se engajem com o local onde trabalham.
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Chief happiness officer
O cargo de chief happiness officer é um profissional que busca garantir não só buscar a felicidade dos colaboradores no ambiente de trabalho mas, principalmente, garantir o bem-estar deles no desenvolvimento de suas atividades profissionais. Podendo ser traduzido literalmente como “gestor executivo de felicidade”, essa posição já pode ser encontrada em empresas maiores e nas atribuições de profissionais da área de RH. Sendo assim, esse profissional tem como principais funções trabalhar junto desse setor para potencializar a produtividade, adequar o fluxo de comunicação, promover o desenvolvimento profissional e realizar pesquisas de clima na organização que o emprega.
“Workation”
A expressão em inglês “workation” é uma junção das palavras “trabalho” (work) e “férias” (vacation) que conceitua a união de tarefas do trabalho com lazer com descontração. Em muitos casos, há inclusive a saída do ambiente físico de trabalho, mas não a separação das responsabilidades, para estar em um local que permita o relaxamento ou lazer nos momentos fora do trabalho. Trabalhar fora do seu local usual de trabalho pode significar passar um período em uma casa de praia que permita o trabalho remoto, por exemplo.