Na última semana, os bancos SVB, Silvergate e Signature implodiram. A quebra do SVB causou arrepios nos mercados, e preocupações sobre quais outras instituições financeiras poderiam ser as próximas a colapsar. O Credit Suisse viu o preço das suas ações despencar com preocupações sobre sua viabilidade. E, nesse cenário, é provável que grandes demissões ocorram.
Reconhecendo que o mercado de ações aplaudiu a primeira rodada de demissões da Meta em novembro, o CEO Mark Zuckerberg anunciou novos planos para cortar empregos e congelar contratações esta semana. A notícia fez com que as ações da Meta saltassem 7,3%, fechando em US$ 192,04, o preço mais alto em mais de 8 meses.
Esses são sinais de que você deve dispensar todos os conselhos do TikTok sobre quiet quitting. Em vez disso, coloque em prática o career cushioning, a ideia de buscar segurança profissional em meio a tempos difíceis, e discretamente procure um novo emprego, caso tudo desmorone na sua empresa atual.
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Bônus da Apple vão ficar mais escassos
A Apple tem sido uma exceção ao caos no setor de tecnologia. Enquanto Amazon, Google, Microsoft, Meta, Salesforce e outras big techs contrataram excessivamente nos últimos anos, a Apple foi cautelosa e contratou em um ritmo alinhado com o crescimento da empresa.
Agora, a empresa mais valiosa do mundo está adotando um programa ainda mais austero para acabar com os excessos financeiros.
Os funcionários das áreas de operações, varejo e outras divisões recebiam bônus semestralmente. Agora, empresa agora está cancelando esse pagamento duplo. De acordo com a nova política, os funcionários receberão apenas um bônus anual.
Em janeiro, foi divulgado que o CEO da Apple, Tim Cook, teria um corte salarial em 2023. De acordo com um documento da SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos), a meta de remuneração anual de Cook para 2023 é de US$ 49 milhões, abaixo dos US$ 84 milhões do ano passado. Isso marca uma queda de mais de 40% no pagamento do executivo-chefe.
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O ano da eficiência
Em um memorando para toda a empresa esta semana, Zuckerberg compartilhou seus planos de reestruturação. O fundador anunciou que cortaria outros 10 mil empregos e congelaria a contratação de 5 mil cargos em aberto. “Vai ser difícil e não há como contornar isso”, disse.
A equipe de recrutamento também será afetada já que a aquisição de talentos não será necessária, pois não haverá contratação. E como Zuckerberg está em uma cruzada de corte de custos, ele não tem planos de adaptar os recrutadores para outras funções dentro da organização.
A Meta deve reestruturar e realizar mais demissões em sua divisão de tecnologia no final de abril e em sua equipe de negócios no final de maio.
Empresas “acumularam” funcionários
Keith Rabois, sócio-geral do Founders Fund, conhecido por seus grandes aportes no PayPal e LinkedIn, afirma que muitas pessoas no Google, Meta e em outras grandes empresas de tecnologia foram contratadas desnecessariamente. A contratação excessiva não acompanhou a taxa de crescimento, mas sim uma “métrica de vaidade”, de acordo com ele. Muitas das contratações foram feitas porque os patrões queriam construir uma comunidade em torno deles para alimentar seus egos e se gabar de sua importância.
Segundo o investidor, há no momento uma cultura de “fingir que trabalha” em empresas de tecnologia. Segundo Rabois, isso aconteceu porque as gigantes da tecnologia acumulam talentos para impedir que pessoas-chave saiam para um concorrente ou fundem uma startup para competir com a antiga empresa. Sua teoria é que os profissionais entenderam isso e entraram no jogo: eles sabiam que não seriam demitidos e poderiam passar o dia sem fazer nada.
Da mesma forma, Thomas Siebel, um bilionário de tecnologia com patrimônio líquido de US$ 3,5 bilhões, de acordo com a Forbes, disse que é hora de a “loucura” ser extinta do mercado. Siebel acusou as gigantes da tecnologia de contratar funcionários, mesmo que não tivessem empregos definidos para eles.
Faça o melhor pela sua carreira
Você não pode controlar a economia, sua empresa ou o mercado financeiro. No entanto, em tempos de turbulência, você precisa ser extremamente vigilante e fazer o que for necessário para garantir a segurança do seu emprego. Posicione-se como a pessoa da empresa que faz as coisas. Conquiste uma boa reputação com seu chefe e os principais funcionários da empresa. Dedique tempo e esforço para permanecer empregado.
Discretamente, comece a procurar um novo emprego para se proteger. Como muitas companhias estão demitindo trabalhadores e decretando o congelamento de contratações, esse pode ser um processo longo.
Faça uma lista de empresas-alvo que pareçam mais seguras. Em seguida, encontre pessoas que você conheça que possam fazer uma recomendação. Procure a ajuda de um recrutador para maximizar suas chances de conseguir um novo emprego. Procure nos quadros de emprego, acesse sua rede, participe de conferências e eventos específicos do seu setor e seja ativo no LinkedIn para ser notado.
*Jack Kelly é colaborador da Forbes EUA, CEO, fundador e recrutador de executivos em uma das maiores e mais antigas empresas globais de pesquisa, com mais de 20 anos de mercado.
(traduzido por Fernanda de Almeida)