Tom tomou uma importante decisão de carreira há 3 meses: decidiu deixar seu cargo de diretor de informática em uma grande empresa para se tornar um empresário. Decidiu abrir uma empresa para fornecer software que ajuda fabricantes a melhorar a qualidade do processo de fabricação.
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Ele fez sua escolha sobre essa transição de carreira depois de conversar com o amigo Dave, que deixou há seis meses seu cargo de diretor de tecnologia em uma empresa de manufatura de alto nível para se tornar um empreendedor. Quando eles se encontraram para um drinque há menos de quatro meses, Dave contou a Tom histórias emocionantes de empreendedorismo, como reuniões com investidores e da expansão de seus negócios.
Apesar de não ter planos concretos para lançar seu próprio negócio, Tom sentiu que sua experiência profissional o ajudaria a dar o pontapé inicial. Afinal, ele também fazia alguns trabalhos paralelos de consultoria para algumas empresas de manufatura há vários anos e achava que já havia visto casos suficientes.
Em princípio, sentiu-se animado e confiante de que tudo fluiria com tranquilidade. Ele se dedicou ao processo de montar um escritório em casa e trabalhar no desenvolvimento do software que planejava lançar. No entanto, com o tempo, se viu desmotivado e improdutivo. Quando a empolgação inicial passou, ele se sentiu isolado em seu escritório doméstico. Também percebeu que só tinha dinheiro suficiente para contratar bons profissionais, criar e lançar um protótipo, além de cobrir suas despesas operacionais por seis meses.
Não havia espaço para erros. Com isso, Tom começou a se perguntar cada vez mais se havia tomado uma decisão eficaz. Você já se pegou pensando na mesma questão sobre uma importante decisão de carreira? Afinal, tendemos a ser muito menos racionais em nossas estratégias de tomada de decisão do que pensamos que somos. Felizmente, a neurociência e a economia comportamental têm pesquisado algumas estratégias úteis para avaliar se você está fazendo as melhores decisões de negócios e carreira.
O que considerar em uma transição de carreira
A ciência que estuda a tomada de decisões indica que determinar se você fez a melhor escolha começa com suas intenções. Você precisa pintar uma visão clara do resultado que quer ter. Quanto mais concreta e específica você tornar a visão, melhor.
Para uma decisão de carreira, responda estas perguntas:
Quais são seus objetivos e aspirações profissionais?
Como a sua escolha vai impactar o mundo?
Quão confiante você está de que o investimento de dinheiro, tempo e outros recursos gastos terão valido a pena para fazer essa mudança?
Como você se sentiria sobre essa decisão a curto, médio e longo prazo?
Ao respondê-las, você construirá certas expectativas sobre a decisão a ser tomada. Certifique-se de se perguntar se essas são expectativas realistas.
Em seguida, você precisa desenvolver uma maneira de medir se sua intenção se concretizou e se suas expectativas foram atendidas ou superadas com a mudança de carreira. É hora de ser ainda mais concreto e específico, colocando alguns números nessas expectativas.
Você estará ganhando mais, o mesmo ou menos do que antes?
Você economizou o suficiente para enfrentar quaisquer problemas inesperados que possam surgir nesta nova função?
Essa mudança pode esperar até que você esteja mais preparado financeiramente?
Você também deve colocar um número no impacto dessa escolha em seu humor. Você pode avaliar seu humor em uma escala de 1 (não me sinto bem) a 5 (me sinto ótimo) pouco antes de fazer a mudança de carreira e, em seguida, avaliar seu humor novamente logo após concretizar a escolha, bem como durante o processo de implementá-la.
Uma das maiores falhas em nossa tomada de decisão vem de um viés cognitivo chamado viés de excesso de confiança. Nós tendemos a ser excessivamente confiantes sobre a qualidade de nossas decisões. Como resultado, deixamos de considerar todos os fatores que são importantes em uma tomada de decisão. Para resolver esse problema, é útil desacelerar suas decisões de carreira e garantir que você considere todos os elementos relevantes em sua decisão.
Um problema relacionado com nossa tomada de decisão vem de um ponto cego mental chamado falácia de planejamento – que é a crença intuitiva de que tudo correrá conforme o planejado. Para lidar com a probabilidade muito alta de surgirem problemas, você precisa considerar a possibilidade desses problemas ocorrerem e planejar possíveis soluções para eles.
Como avaliar se a decisão de empreender foi a melhor
Voltando à transição de carreira de Tom de deixar seu cargo de diretor de informática para empreender, digamos que ele tenha determinado que sua intenção é ter dinheiro suficiente para contratar uma boa equipe, criar e lançar um protótipo, cobrir suas despesas operacionais por um ano e, ainda, ter dinheiro em caixa para qualquer emergência e não se sentir isolado socialmente no desenvolvimento do seu negócio.
Isso significaria ficar no emprego atual por mais um ano para fazer o seguinte:
Ampliar sua rede de contatos profissional e social para incluir mais empresários e potenciais funcionários para o seu negócio.
Analisar o mercado de trabalho para ter uma ideia melhor do custo da equipe que deseja contratar.
Planejar a mudança de um ambiente de escritório cercado por pessoas para um escritório em casa onde ele estaria sozinho, pelo menos inicialmente. Ele pode pensar em trabalhar em espaços de coworking durante os primeiros meses até conseguir ter um escritório e uma equipe.
Expandir a rede de contatos significa que Tom terá uma compreensão mais profunda das habilidades necessárias e dos possíveis problemas que podem surgir ao abrir um negócio. Quando combinado com um melhor entendimento do mercado de trabalho, ele seria capaz de saber quanto dinheiro precisaria investir para fazer seu negócio funcionar.
Tom poderá, assim, planejar com eficiência como economizar esse dinheiro em um ano. Ele pode até conseguir mais trabalhos de consultoria, o que aumentará sua possibilidade de networking e de juntar recursos para seu negócio.
Portanto, se você quiser ter certeza de que tomou uma decisão de carreira eficaz, precisa determinar uma intenção clara, desenvolver expectativas realistas que abordem vieses cognitivos. Em seguida, você deve usar parâmetros específicos para avaliar se sua decisão concretiza a sua intenção e se ela corresponde ou excede suas expectativas.