Estudiosos da comunicação como Simon Sinek dizem que é preciso evitar afirmações negativas, pois o nosso cérebro não lida bem com o não em frases. É que ele acaba interpretando um não como um sim.
Um exemplo? Se eu te disser: “Não pense em um elefante”. O que seu cérebro imediatamente vai fazer? Pensar em um elefante.
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Mas cada vez mais eu tenho certeza que um não bem colocado na comunicação e na nossa rotina nos faz mais fortes e mais autoconscientes de quem somos, o que queremos e dos nossos limites.
Estou falando isso pois, depois de dizer milhares de sim, meu corpo pediu arrego e eu fui forçada a parar para me realinhar e me cuidar.
E nesse tempo eu fiquei pensando de onde vem a dificuldade de dizer não.
Essa avalanche de sim que nos aterra às vezes vem de uma necessidade de ser aceito, de mostrar serviço e de querer a aprovação do outro. Mas nesse castelo de cartas que construímos com esses sim, fica difícil se encontrar e se fortalecer. Pelo contrário, isso acaba caindo tudo em cima da gente.
De uma certa forma, quando a gente diz não, estamos dando limite às pessoas e se dando limite também. É uma forma de dizer o que estou sentindo diante de uma determinada situação.
Acredito que todas as pessoas, uma hora ou outra, acabam entrando nesse dilema. Principalmente se você é mulher. Principalmente se você é mulher e cresce cheia de regras do que se tem ou não que fazer, do que falar ou do que não falar, do que vestir ou do que não vestir, de como se portar ou de como não se portar.
Por isso, antes de dizer sim para todos os convites, todos os compromissos e todas as situações que te colocam em uma posição desconfortável, que tal parar e pensar antes?
Se pergunte se você realmente quer aquilo, se vai dar conta de mais um compromisso e se está concordando só para se enquadrar e se encaixar.
Acredito também que dizer não tinha que ser ensinado enquanto a gente cresce, se duvidar virar matéria de escola no primário. A gente precisa crescer entendendo a importância de dizer não. No mercado corporativo e na vida, quando a gente diz não, a gente está se posicionando, a gente está mostrando exatamente quais são as nossas crenças, quais são os nossos caminhos e quais são as nossas histórias.
E não existe a sua história se você quer contar uma história a partir do desejo do outro.
Juliana Ferraz é sócia da Holding Clube e tem quase 30 anos de carreira no universo da comunicação e eventos no Brasil.
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