Um icônico empresário de tecnologia pediu para o melhor designer que ele conhecia desenhar o logo de sua nova marca. Depois de algumas semanas sem notícias do trabalho, ligou para o designer, questionando: “Você vai levar um mês para desenhar esse logo?”. “Não. Durante um mês, eu me preparo. O logo mesmo, faço numa tarde”, respondeu o experiente profissional.
Eu ouvi essa história recentemente de um amigo, mas nem ele nem eu conseguimos confirmar o fato (por isso, deixei os supostos personagens anônimos). O que importa é o que ela significa.
Percebo que algumas pessoas associam o sucesso do trabalho diretamente ao número de horas dedicadas à execução de tarefas. Para alguns tipos de trabalho, é uma associação verdadeira. Para outros, no entanto, como a construção de estratégias e atividades intelectuais e criativas, não necessariamente.
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Às vezes, uma ligação informal de 15 minutos que eu atendo no meio do dia, como se nem fosse trabalho, contém uma entrega mais valiosa do que um dia inteiro sentada à frente do computador. Simplesmente porque uma parte importante do que faço — assim como muitas outras profissões — tem a ver com o conhecimento adquirido ao longo de décadas de experiência. Reflexões, insights e noções que dependem do que vivemos, de como processamos internamente essas vivências, do que aprendemos, observamos e concluímos a partir delas.
Conheço muitas pessoas que se sentem produtivas por estarem sempre fazendo coisas — em muitos casos, muitas coisas ao mesmo tempo. Mas me questiono se não estão, na verdade, andando em círculos, sem dedicação real ao que realizam, sempre com a sensação de que estão devendo e, o que considero o mais perigoso, sem silêncio interno para se permitir momentos sem fazer nada, apenas decantar experiências, descansar, abrir espaço para o inusitado.
Sou naturalmente muito ansiosa e agitada, mas venho me educando ao longo dos anos a estar presente no presente. A direção que me interessa é exatamente a descrita pelo designer: dedicar a maior parte do meu tempo à maturação do intangível, sem necessariamente gasto de energia física, para que o operacional seja cada vez mais certeiro e suave.
Compartilho a seguir o que considero fundamental para construir uma carreira de valor, que vai permitir que você dê respostas firmes, convictas e pessoais sobre como usa seu tempo.
Veja 4 dicas para aumentar a produtividade:
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Getty Images 1. Priorize
Isso significa basicamente escolher do que abrir mão. Defina o que é mais importante — porque precisa ser feito; porque você quer fazer; porque vai te fazer bem — e aceite que, para isso, deixará de fazer muitas outras coisas — que talvez você ache que deva, mas não se convenceu; ou que deveria, mas não quer nem um pouco; que os outros acham que você deveria fazer. O tempo e a nossa energia são finitos, então sugiro focar no que vai, de fato, alimentar seu bem-estar e objetivos. Podem ser prioridades tão fisiologicamente óbvias como têm sido as minhas: dormir e comer bem, exercitar o corpo e me dedicar às tarefas de trabalho que não são delegáveis, mas são importantes ou urgentes.
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2. Dedique tempo a fazer (praticamente) nada
Pegue um café e contemple a paisagem. Ouça o silêncio por alguns minutos. Deite no sofá e procure curiosidades pouco relevantes na internet. Olhe sua agenda descompromissadamente. Anote ideias, afazeres para depois, planos. Simplesmente pense. Pode parecer perda de tempo, mas esses momentos são fundamentais para dar um respiro na mente frenética, para criar espaço de digestão de tanta informação que recebemos automaticamente.
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Getty Images 5. Você não é preguiçoso se tirar uma folga
Ao dar seu último conselho, Gates observou que esse era o que ele mais poderia ter usado — e que demorou mais para aprender. É simplesmente o seguinte: “Você não é um preguiçoso se der uma folga a si mesmo”.
Gates compartilhou sua própria jornada de uma mentalidade workaholic para uma visão mais equilibrada da vida e do trabalho. “Quando eu tinha a idade de vocês, não acreditava em férias. Eu não acreditava em fins de semana”, admitiu. “Nos primeiros dias da Microsoft, meu escritório dava para o estacionamento — e eu acompanhava quem saía mais cedo e quem ficava até mais tarde. Mas à medida que envelheci – e especialmente depois que me tornei pai –, percebi que há mais na vida do que trabalho”.
Bill Gates aconselhou seus ouvintes a não esperar tanto quanto ele para aprender essa lição.
“Reserve um tempo para nutrir seus relacionamentos. Para comemorar seus sucessos. E para se recuperar de suas perdas. Faça uma pausa quando precisar. Pegue leve com as pessoas ao seu redor quando elas precisarem também.”
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Getty Images 4. Pratique mindfulness
Esta prática nada mais é do que colocar sua atenção ao momento presente, ao que está fazendo. Seja sentar-se em silêncio e olhos fechados e fazer uma meditação guiada, seja caminhar observando o próprio corpo, os passos dados por um pé depois do outro, seja tomar sol sentindo o quente na pele, os cheiros ao redor, ou qualquer outra atividade. Para isso, temos de eliminar a tentativa do modo multitarefa. Focar na respiração é sempre uma maneira de voltar ao aqui e agora, observando seu ritmo e a sensação do ar entrando e saindo.
1. Priorize
Isso significa basicamente escolher do que abrir mão. Defina o que é mais importante — porque precisa ser feito; porque você quer fazer; porque vai te fazer bem — e aceite que, para isso, deixará de fazer muitas outras coisas — que talvez você ache que deva, mas não se convenceu; ou que deveria, mas não quer nem um pouco; que os outros acham que você deveria fazer. O tempo e a nossa energia são finitos, então sugiro focar no que vai, de fato, alimentar seu bem-estar e objetivos. Podem ser prioridades tão fisiologicamente óbvias como têm sido as minhas: dormir e comer bem, exercitar o corpo e me dedicar às tarefas de trabalho que não são delegáveis, mas são importantes ou urgentes.
Em tempos em que sofrer de F.o.M.O (Fear of Missing Out) é encarado por tantos de nós quase como efeito colateral e inevitável dos avanços tecnológicos, organizar a própria rotina com base no ritmo interno e individual é como sair do jogo, interromper o ciclo vicioso em busca da produtividade e lembrar do que realmente importa e pode fazer a diferença em nossas carreiras e vidas.
Ariane Abdallah é jornalista, autora do livro “De um gole só – a história da Ambev e a criação da maior cervejaria do mundo” e fundadora do Atelier de Conteúdo, empresa especializada na produção de livros, artigos e estudos de cultura organizacional.
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