Carlo Ancelotti, anunciado nesta semana pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) como técnico da seleção brasileira a partir de 2024 – Fernando Diniz cumpre interinamente a função até a chegada do italiano –, é conhecido por alcançar em campo algo que muitas empresas esperam da liderança hoje em dia: equipes engajadas.
Engajamento, essa palavra-conceito da moda na gestão de pessoas, é uma característica dos times treinados por Ancelotti. Ele consegue entregar para os acionistas (dirigentes e patrocinadores) e clientes (torcedores e imprensa) um grupo de pessoas (atletas) altamente envolvidas com o trabalho e com a busca de resultados (vitórias e títulos). “Ancelotti cria nível alto de engajamento entre todos os jogadores porque coloca um propósito por trás da execução. Tudo faz sentido para a equipe ”, diz Gil Van Delft, CEO da consultoria de busca de executivos Michael Page.
Abaixo, algumas das lições de gestão do técnico italiano e que podem ser usadas em qualquer carreira, a começar pela capacidade de adaptação – segundo o UOL, o técnico já disse à cúpula da CBF que pretende se mudar para o Brasil em 2024:
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Soccrates Images/Getty Images 1. Adaptabilidade
Uma das top 10 soft skills das carreiras do futuro, adaptar-se é uma qualidade essencial em um mundo que está se transformando a todo momento, seja por causa da Inteligência Artificial ou o advento do trabalho híbrido. Ancelotti não tenta impor um estilo de jogo ao time, mas se adapta ao que o momento pede. Como jogador, soube fazer o trabalho pesado no Milan, quando as estrelas eram os holandeses Gullit, Van Basten e Rijkaard.
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2. Compreensão da cultura
Compreender a cultura das empresas é uma das qualidades mais importantes na alta liderança – ou para qualquer um que almeja chegar a ela. CEOs que compreendem a cultura da empresa e acrescentam valor a ela são alguns dos mais bem-sucedidos. “Ele entende primeiro a cultura do clube e do país, entende cada jogador, conhece bem as pessoas e daí monta a melhor estratégia. E, com isso, envolve todos na execução”, diz Van Delft.
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NurPhoto/Getty Images 3. Escuta ativa
Saber ouvir é uma qualidade rara no mundo corporativo. Estão todos muito mais interessados em falar. Se Carlo Ancelotti fosse o presidente de uma empresa, ele seria daquelas pessoas que ouve as questões de sua equipe até o fim e se conecta com os funcionários.
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Ryan Pierse/Getty Images 4. Lapidação de talentos
Quando chegou ao Milan, Kaká já era campeão mundial pela seleção, mas tinha o português Rui Costa e Rivaldo, astro do pentacampeonato, à sua frente. Em campo, Kaká mostrou que o time funcionava melhor com ele. Mesmo sendo uma aposta para o futuro, o então jovem meia provou que poderia furar a fila e ser importante naquele momento. Ancelotti bancou a aposta e transformou Kaká num dos melhores jogadores do mundo em sua primeira passagem pelo Milan.
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Denis Doyle/Getty Images 5. Formação de times de alta performance
Real Madrid, Milan, Bayern de Munique, Parma em época de ouro, Chelsea e Paris Saint-Germain. Em todos esses clubes, Ancelotti precisou lidar com os atletas mais famosos do mundo. Cristiano Ronaldo, Cafu, Ibrahimovic, Seedorf e Crespo foram algumas das estrelas que o italiano soube como liderar e unir para conseguir bons resultados.
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NurPhoto/Getty Images 6. Tranquilidade frente às adversidades
“Ele é uma pessoa muito calma. Durante o jogo, você vai vê-lo mais tranquilo e não gritando muito no banco”, diz Van Delft. Isso acontece porque ele alinha previamente a estratégia com a equipe, deixa tudo muito combinado. “E assim pode manter a calma durante o jogo.”
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7. Capacidade de tomar decisões difíceis
No Milan, em 2009, o técnico autorizou a venda de Kaká ao Real Madrid apesar dos apelos de torcedores, pois sabia que o brasileiro começava a apresentar problemas clínicos que poderiam se agravar. Se havia um momento para uma venda milionária, era aquele. Kaká foi embora e o tempo mostrou que o italiano estava correto. Os quatro anos seguintes de Kaká foram marcados por lesões.
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Chris Brunskill/Fantasista/Getty Images 8. Foco no processo
Se ganha ou perde, Ancelotti entende o que aconteceu em campo e chama a equipe para analisar. A derrota do Milan na final da Liga dos Campeões de 2005, contra o Liverpool, após abrir 3 a 0 no primeiro tempo, é considerada uma das maiores viradas da história – o time inglês empatou no segundo tempo e venceu nos pênaltis. Ainda assim, ele manteve a calma. Acreditava que o time tinha jogado bem e entendeu que perder faz parte do jogo. Dois anos depois, contra o mesmo Liverpool, teve a chance de revanche. Desta vez, o título ficou com o Milan.
1. Adaptabilidade
Uma das top 10 soft skills das carreiras do futuro, adaptar-se é uma qualidade essencial em um mundo que está se transformando a todo momento, seja por causa da Inteligência Artificial ou o advento do trabalho híbrido. Ancelotti não tenta impor um estilo de jogo ao time, mas se adapta ao que o momento pede. Como jogador, soube fazer o trabalho pesado no Milan, quando as estrelas eram os holandeses Gullit, Van Basten e Rijkaard.
Leia também:
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O currículo de Ancelotti inclui clubes de futebol que equivalem a algumas das mais importantes empresas do mundo. Sua posição de técnico seria como se ele fosse um CEO numa holding com milhões de clientes fixos e apaixonados pelo produto oferecido.
Antes de ser técnico, ele atuou como jogador de meio campo por mais de 15 anos. Jogou pelo Parma, Roma – junto de Paulo Roberto Falcão – e Milan, além de ter feito 26 jogos pela seleção italiana, disputando as Copas do Mundo de 1986 e 1990. Dentro de campo, seus principais títulos são duas Ligas dos Campeões da Europa, conquistadas com o Milan.
Como técnico, Ancelotti é o único a vencer o principal interclubes europeu quatro vezes: em 2003 e 2007, pelo Milan, e em 2014 e 2022, pelo Real Madrid. Ele passou ainda por Chelsea, Paris Saint-German e Bayern de Munique, com diferentes níveis de sucesso, mas vencendo títulos nacionais em todos os clubes.
A carreira de Ancelotti, assim como as trajetórias do mundo corporativo, nem sempre foi linear. Depois de comandar os gigantes Milan, Real Madrid e Bayern de Munique e passar pelos novos ricos e poderosos Chelsea e Paris Saint-German, treinou Napoli e Everton, camisas tradicionais, mas fora do primeiro escalão europeu.
Quando estava no time inglês, em 2020-21, foi chamado para socorrer o Real Madrid, que vivia momento problemático. No fim da temporada, empilhou os título da Supercopa da Espanha, do Campeonato Espanhol e da Liga dos Campeões, numa campanha histórica que confirmou Vini Jr., seu provável titular da seleção brasileira, como um dos melhores jogadores do mundo.