“Não existem setores improváveis. Existem pessoas prováveis”. Essa foi uma das últimas frases que ouvi, já a caminho da porta, de um dos maiores empresários do Brasil. Ele estava falando sobre o Atelier de Conteúdo, empresa que fundei no final de 2015. Quando eu comecei a empreender, não sabia bem para onde meu negócio caminharia. Não tinha um objetivo externo claro. Tinha um interno: me realizar fazendo o que mais gosto e ao que me dediquei durante toda minha carreira (conteúdo e comunicação), atrair pessoas com experiências complementares que quisessem unir forças e ir o mais longe que pudéssemos. Os limites do crescimento seriam não comprometer a qualidade da entrega e a nossa qualidade de vida.
Eu não pensava em criar uma grande empresa, que poderia gerar muito lucro e um dia até ser vendida — como vi depois ser o caso de muitos empreendedores que conheci. Mas com o tempo, o trabalho bem feito começou a gerar resultados muito além das minhas expectativas até ali. Os planos, então, foram evoluindo, sendo lapidados, se tornando mais ambiciosos. Sem nunca abrir mão do objetivo original, do porquê comecei tudo isso, do que continua sendo inegociável.
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Ao longo dos anos, construí uma empresa na qual eu gosto e me orgulho de trabalhar e, de fato, como chamou a atenção aquele empresário, o que permitiu que chegasse mais longe do que eu poderia imaginar foram as pessoas.
Quando eu ouvia donos e donas de empresas, executivos e executivas de grandes organizações, como repórter de revista, me intrigava que o maior desafio de empreender era, na grande maioria das vezes, encontrar, formar e manter as pessoas para o sucesso e a perenidade do negócio (não é coincidência que todos os problemas corporativos pareciam passar pelo tema da comunicação). Desde que passei para o lado de lá do balcão, engrosso o coro deles com minha experiência. Encontrar pessoas que, dentro de suas individualidades e sonhos particulares, desejem trilhar o mesmo caminho no longo prazo é o aspecto determinante para os capítulos que vêm depois do início.
O perfil das pessoas vai mudando com o amadurecimento do negócio, da mesma forma que o negócio vai amadurecendo de acordo com o perfil das pessoas que fazem parte dele em cada etapa — um não existe sem o outro, e é difícil identificar o que vem primeiro. O importante é aceitar que (como tudo na vida) não controlamos completamente o resultado. Podemos dominar aquela parcela que está ao nosso alcance, mas muito depende da força do coletivo, e o coletivo é a soma dos anseios íntimos, individuais e indomáveis que existem em cada um de nós.
Por isso, a empresa ter um propósito claro e bem comunicado é fundamental para atrair as pessoas que, por seus motivos particulares, se identificam com ele. As pessoas prováveis para o sucesso de qualquer negócio.
Ariane Abdallah é jornalista, autora do livro “De um gole só – a história da Ambev e a criação da maior cervejaria do mundo” e fundadora do Atelier de Conteúdo, empresa especializada na produção de livros, artigos e estudos de cultura organizacional.
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