“O estagiário traz muita vontade de aprender e energiza o time”, diz Guadalupe Franzosi, presidente e general manager na processadora de alimentos Ingredion, sobre o papel dos jovens que entram no mercado de trabalho.
Uma pesquisa do CIEE (Centro Integrado Empresa-Escola) do final do ano passado mostra que o Brasil tinha 707,9 mil estagiários até a data, com mais de 60% deles empregados no setor privado.
Embora o estágio represente a única fonte de sustento familiar de 11% dos jovens, só 25% daqueles maiores de 16 anos trabalham ao mesmo tempo em que estudam, segundo o CIEE. Mas o número de oportunidades abertas para estudantes de ensino superior devem aumentar. Um levantamento do Infojobs descobriu que o número de vagas de estágio aumentou 58,94% entre janeiro e abril deste ano.
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Além de fonte de renda para bancar os estudos, o estágio também é uma importante fonte de aprendizado técnico e de soft skills para quem está começando a carreira. “A visão de estágio no passado era diferente da de hoje. Ao invés de mão de obra barata, hoje, o estágio tem a visão de ‘vamos investir no potencial do jovem, porque é uma pessoa que pode trazer resultados para a empresa mais tarde'”, diz Ana Fontes, CEO e fundadora da RME (Rede Mulher Empreendedora).
Veja, a seguir, conselhos de carreira que executivos gostariam de ter ouvido de lideranças quando eram estagiários:
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Victor Affaro “Aproveitem as conexões e as pessoas que têm mais experiência” – Ana Fontes, CEO e fundadora da RME (Rede Mulher Empreendedora)
Ana Fontes começou sua carreira aos 20 anos na Volkswagen na área de marketing e comunicação, na qual se formou. De uma família simples, a executiva conta que gostaria de ter recebido mais apoio e mentoria nos seus primeiros anos de vida profissional. “Gostaria de ter tido gente que me mostrasse mais os caminhos”. E é por isso que ela recomenda tanto que os jovens profissionais aproveitem as oportunidades que têm hoje. “Aproveitem as conexões e as pessoas que têm mais experiência.”
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Divulgação/Shell “O lado humano do profissional e o relacionamento com pessoas seria o grande diferencial na carreira” – Cristiano Pinto da Costa, CEO da Shell
O CEO da Shell, aos 19 anos, estagiou com pesquisa no CENPES (Centro de Pesquisa da Petrobras na Ilha do Fundão), antes de entrar na Shell como estagiário da fábrica de lubrificantes da companhia. O executivo entende que o estágio é uma oportunidade para que o jovem entenda a cultura e os valores da empresa, além de uma chance de aprendizado prático daquilo aprendido na faculdade. “Eu gostaria de ter ouvido que, além da capacidade e conhecimento técnico, o lado humano do profissional e de relacionamento com pessoas seria o grande diferencial na carreira”, ele diz.
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Vivian Koblinsky “Deveria mudar para outra área que tivesse mais fit com meu perfil” – Milton Beck, diretor geral do LinkedIn para América Latina e África
O diretor geral do LinkedIn para a América Latina e África fez seu primeiro estágio no último ano de faculdade, aos 21 anos, na área de processos industriais de uma produtora de autopeças. Ele não teve uma boa experiência de desenvolvimento profissional nesse período por não ser cobrado ou desafiado por seu gestor. “Fiquei na empresa apenas para cumprir os créditos necessários para me formar, mas não aprendi nada”, ele diz. “Gostaria de ter ouvido que deveria mudar para outra área que pudesse ter mais fit com meu perfil e trazer mais benefícios para a empresa e pra mim.”
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Divulgação/Bayer “Abrace os desafios com confiança e resiliência, além de humildade para pedir ajuda” – Malu Nachreiner, CEO da Bayer e líder da divisão Crop Science
A atual CEO da Bayer começou sua carreira profissional no seu último ano cursando a faculdade de agronomia como estagiária de vendas da Monsanto, aos 23 anos. Para ela, seu papel como liderança é apoiar no desenvolvimento de competências e preparar os estagiários para os desafios das futuras posições que vão ocupar. Relembrando seu período de estágio, ela gostaria de ter sido aconselhada a abraçar os desafios com confiança e resiliência e tendo, ao mesmo tempo, a humildade para pedir ajuda. “Também gostaria de ter sido lembrada sobre o poder da empatia e de construir relacionamentos sólidos e redes de apoio dentro e fora da empresa, pois são essas conexões que podem abrir portas inesperadas.”
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Divulgação/Ball Corporation “Algumas vezes, precisamos dar passos para o lado ou para trás para seguir avançando” – Fauze Villatoro, CEO da Ball Corporation para a América do Sul
Villatoro começou sua vida profissional em trabalhos informais, seguidos de um estágio de seis meses na Alemanha e de um programa de trainee em engenharia de produção em uma empresa de latas de alumínio – a qual, depois, seria adquirida pela Ball Corporation. O executivo conta que, no início da carreira, teve excelentes mentores para orientar suas escolhas, sendo que um dos conselhos que recebeu deles ele carrega até hoje. “Não seja um passageiro na sua vida, quem define seu destino é você, seja protagonista”, ele diz. “Isso não significa que todo movimento na sua carreira será para frente – algumas vezes precisamos dar dois passos para o lado, ou um para trás, para seguirmos avançando.”
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“Construa melhor sua rede” – Fernanda Ribeiro, CEO da Conta Black
“O papel do estagiário é geralmente menosprezado, mas eu acho importante porque ele circula muito nas várias áreas”, diz a CEO e cofundadora da Conta Black, que é turismóloga de formação. Ela começou sua trajetória profissional estagiando em uma companhia aérea e, desde então, valoriza suas conexões. “Construa melhor sua rede, isso é tudo [na carreira].”
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“Se inspira, mas não copia” – Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir
A CEO da Talento Incluir começou sua carreira aos 18 anos como professora de educação física e, mais especificamente, como estagiária de professores de ginástica laboral. “Quanto mais de mim mesma eu colocava no trabalho, mais eu conseguia ser reconhecida por quem de fato sou”, ela diz. Por isso, conta que gostaria de ter ouvido quando era estagiária: “Se inspira, mas não copia. Tudo o que você achar importante e legal você vai lá e entende. Seja autêntico o máximo que puder.”
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Divulgação/Ingredion “Como mulher, iria enfrentar muitos vieses e, inclusive, discriminação” – Guadalupe Franzosi, presidente e general manager da Ingredion
A presidente e general manager da Ingredion estagiou no suporte técnico e comercial de uma empresa química multinacional na Argentina com 23 anos. Apesar de considerar ter tido uma boa mentoria de seu primeiro chefe, ela gostaria que alguém tivesse lhe falado que não seria necessário ela mudar seu próprio jeito ou estilo para ter sucesso no começo de carreira. “Também gostaria que alguém tivesse me falado que, como mulher, iria enfrentar muitos vieses e, inclusive, discriminação. Que eu teria que trabalhar mais do que os homens para me destacar, mas que eu não precisava me preocupar – no final, eu conseguiria atingir meus objetivos.”
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Divulgação/Care Plus “Seja curioso” – Luiz Camargo, CEO da Care Plus
“Pergunte o máximo que puder. Você pode e deve fazer isso sempre”, diz o CEO da Care Plus sobre o que gostaria de ter ouvido no seu primeiro emprego como trainee de gestão na Argos Seguradora (que hoje é a Chubb Seguros). Para ele, o responsável pelo aprendizado do estagiário deve ser o tutor ou gestor direto do jovem na companhia. “Seja curioso”, ele mesmo assim reforça para quem está entrando no mercado de trabalho.
“Aproveitem as conexões e as pessoas que têm mais experiência” – Ana Fontes, CEO e fundadora da RME (Rede Mulher Empreendedora)
Ana Fontes começou sua carreira aos 20 anos na Volkswagen na área de marketing e comunicação, na qual se formou. De uma família simples, a executiva conta que gostaria de ter recebido mais apoio e mentoria nos seus primeiros anos de vida profissional. “Gostaria de ter tido gente que me mostrasse mais os caminhos”. E é por isso que ela recomenda tanto que os jovens profissionais aproveitem as oportunidades que têm hoje. “Aproveitem as conexões e as pessoas que têm mais experiência.”