O ano mal começou e grandes empresas, como Google, Amazon, Citigroup e BlackRock, já anunciaram cortes significativos na sua força de trabalho.
As demissões em massa são impulsionadas por uma combinação de incerteza econômica, ascensão da inteligência artificial e o redimensionamento de empresas como resultado de ondas de contratações durante a pandemia.
Essas tendências refletem os desafios e o mal-estar que moldam o mercado de trabalho, particularmente no nível executivo.
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Até agora, em janeiro, 58 empresas de tecnologia demitiram um total de 7.785 profissionais, de acordo com o site de rastreamento de demissões Layoffs.fyi, à medida que procuram reorientar as suas operações. E – em alguns casos – dedicar recursos a projetos baseados em IA.
As demissões são uma continuação das medidas estratégicas de cortes de custos do ano anterior. Em 2023, as empresas desligaram mais de 260 mil pessoas, só no setor de tecnologia.
Mas eles não são os únicos impactados. É esperado que os efeitos dessas demissões no ânimo dos profissionais, especialmente da média gestão, permaneçam a longo prazo, contribuindo ainda mais para o sentimento de insegurança nos seus empregos.
De acordo com uma pesquisa recente da ferramenta online de currículos MyPerfectResume, 85% dos trabalhadores estão preocupados com a possibilidade de perderem os seus empregos em 2024.
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IA generativa
Com a ascensão da inteligência artificial e de outras tecnologias emergentes que impactam a força de trabalho, as grandes empresas estão aproveitando essas ferramentas para otimizar as operações e cortar custos.
A automação já está sendo fortemente implantada nas companhias. 78% dos líderes C-Level relataram que sua empresa usa ativamente a IA generativa, de acordo com uma pesquisa da UKG, uma companhia de recursos humanos e tecnologia.
Além disso, 71% dos executivos afirmam que a sua organização planeja dar prioridade ao aumento ou avanço da utilização da IA, uma vantagem competitiva que eles admitem (49%) ter sido mais benéfica para os seus negócios do que para os funcionários.
O banco de investimentos Goldman Sachs publicou um relatório no ano passado que estima que 300 milhões de empregos poderiam ser perdidos ou reduzidos pelo rápido avanço dessa tecnologia.
Esta semana, a 27ª Pesquisa Anual Global com CEOs da PwC revelou que 25% dos CEOs esperam “reduzir o número de funcionários em pelo menos 5% em 2024 devido à IA generativa”.
No entanto, a gigante da consultoria de gestão informou que embora 14% dos CEOs de tecnologia prevejam uma redução do número de funcionários no próximo ano devido à IA, 56% deles também preveem contratações em 2024 – a uma taxa quase 20 pontos percentuais superior à média global em nossa pesquisa.
No geral, 39% dos CEOs esperam que o número de funcionários da sua empresa aumente 5% ou mais nos próximos 12 meses.
Contratação excessiva durante a pandemia
As empresas também continuam em um movimento de enxugar profissionais depois do excesso de contratações que ocorreu durante a pandemia. O objetivo é alinhar a força de trabalho com a evolução das necessidades empresariais e das condições econômicas.
Em 2020, o distanciamento social e o lockdown exigido pela pandemia fizeram estudantes e trabalhadores se voltarem para a internet e ferramentas de software e adotarem estilos de trabalho remoto.
À medida que os lucros dispararam, as empresas expandiram a sua força de trabalho para satisfazer as novas exigências.
A guerra por talentos durante movimentos como a Grande Renúncia, nos Estados Unidos, forçou as empresas a contratar e reter profissionais, mesmo que eles não cumprissem todos os requisitos necessários.
Os gerentes perceberam que, se não recrutassem pessoas rapidamente, perderiam para os concorrentes. Como resultado, acabaram acumulando profissionais, o que já não é mais sustentável.
* Jack Kelly é colaborador sênior da Forbes USA. Ele é CEO, fundador e recrutador executivo da WeCruitr, uma startup de recrutamento e consultoria de carreira.