Há mais de uma década como executivo na C&A, Bruno Ferreira foi promovido a diretor de tecnologia e transformação digital da varejista. “Minha carreira sempre conectou negócios com tecnologia”, diz ele, que esteve à frente da implementação de inteligência artificial e análise de dados na operação da empresa.
A digitalização foi um dos pilares elencados pela varejista que fez IPO em 2019, e colabora com os resultados da empresa. A C&A foi um dos destaques da bolsa brasileira em 2023, com uma valorização de 241%. Para o executivo, até então diretor de planejamento comercial, profissionais de tecnologia precisam entender a fundo a companhia e colocar seus esforços em projetos que impactem os resultados. Além de se manter atento às atualizações do mercado. “É essencial saber o que está acontecendo para usar as novidades no trabalho”, afirma Ferreira, que concluiu a formação de CTO no final do ano passado.
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Mineiro de Belo Horizonte, começou a carreira no mercado financeiro e se mudou para São Paulo aos 27 anos. Trabalhou no Banco Ibi, à época o braço financeiro da C&A, depois comprado pelo Bradesco, mas só voltou à varejista em 2012, depois de uma passagem pelo banco BV.
Abaixo, o novo CTO conta como trouxe resultados para a empresa com o apoio da tecnologia, as principais habilidades para um profissional de tech e o ponto de virada da sua carreira.
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Forbes: Como fazer carreira na tecnologia? Que dicas você daria a um profissional começando hoje?
Bruno Ferreira: Entenda do negócio, não fique apenas na parte de tecnologia. Procure sempre se aprofundar quanto ao mecanismo gerador de riqueza para a empresa em que atua para que possa aplicar sua expertise – a tecnologia – em projetos que realmente impactem os resultados.
Sempre estude e se atualize, pois a tecnologia muda muito mais rápido do que no passado e, por isso, é essencial saber o que está acontecendo para usar as novidades onde trabalha. E por último, seja resiliente e forte. Costumo repetir uma frase que ouvi uma vez: Não faça para dar certo, faça até dar certo. É isso, não desista, persista até funcionar, até gerar resultados. Não pare quando o sistema for implementado, pare quando o sistema gerar o resultado e o impacto para que ele foi desenhado.
F: Quais habilidades foram mais importantes para desenvolver ao longo da carreira?
BF: Além da resiliência e persistência, acredito que o principal foi a capacidade de conectar tecnologia ao negócio, de realmente alavancar a performance comercial e financeira por meio do uso da tecnologia. E, para isso, precisei também desenvolver a habilidade de gerenciar pessoas para que, em equipe, tenhamos grandes resultados.
F: Antes de assumir o novo cargo, você buscou uma formação de CTO. Qual a importância de continuar se capacitando ao longo da carreira?
BF: A minha carreira sempre conectou negócios com tecnologia. Minha primeira formação é em tecnologia pela Universidade Federal de Minas Gerais e, desde então, procuro sempre me atualizar em instituições de renome como Fundação Dom Cabral, MIT, Berkeley e Wharton, porque entendo que é fundamental expandir e atualizar meu conhecimento. Minha última certificação foi justamente do curso de CTO pela Wharton. Iniciei o curso antes de saber que assumiria a posição na C&A, e felizmente após a conclusão do curso surgiu a oportunidade para assumir o cargo.
F: O que você acredita que te destacou para assumir essa posição?
BF: Com certeza minha conexão com o negócio e a tecnologia. Ao longo dos anos, estive envolvido diretamente com a implementação de tecnologias fundamentais para a operação da C&A atualmente, como o uso de inteligência artificial e data analytics, que estão alavancando os resultados da varejista.
F: Quais as principais diferenças que você observou entre liderar uma empresa do setor financeiro e do varejo?
BF: O varejo é um ambiente mais complexo que o financeiro quando o assunto é aplicação de tecnologia. No varejo, percebo que para ter sucesso são muitas etapas e processos envolvidos que demandam muita atenção, sistemas automatizados e o envolvimento de muitas áreas, algo que no mercado financeiro acontece em menor escala.
F: Qual foi o turning point da sua carreira?
BF: O turning point foi quando liderei o processo de implementação de tecnologia e inteligência artificial na operação comercial da empresa. Foi quando pude experimentar o poder da tecnologia aplicada ao negócio de fato. Em meados de 2019, inserimos tecnologias de automação como robôs nos centros de distribuição, sistema de radiofrequência, sistemas de gestão de compras e controles digitais com bastante uso de IA. Todos esses investimentos já nos dão resultados, como a otimização de estoques, redução de desperdícios, entregas mais rápidas e alinhadas ao desejo do cliente, além de gerar resultados financeiros de impacto à empresa.
Mas um projeto em especial, que chamamos de “precificação dinâmica”, considero sem dúvida um marco importante, pois conseguimos tangibilizar o uso da tecnologia, em conjunto com várias áreas que impactaram de forma relevante os resultados no nosso negócio.
F: O que você busca em um profissional da sua equipe?
BF: Nesta ordem: resiliência, persistência, foco no resultado, trabalho em equipe, curiosidade e hard work.
F: O que você gostaria de ter ouvido no início e que poderia ter feito a diferença?
BF: Foco no resultado e não no processo.
Por quais empresas passou
Banco Mercantil do Brasil, Banco IBI, Bradesco, BV Financeira e há 11 anos estou na C&A.
Formação
Ciências da Computação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pós-graduado em Marketing pela Fundação Dom Cabral e com especializações em instituições internacionais Wharton – Chief Technology Officer Program; MIT – Digital Business Strategy e UC Berkeley, Executive Leadership Program
Primeiro emprego
Banco Mercantil do Brasil em Belo Horizonte
Primeiro cargo de liderança
Gerente de Database Marketing no Banco IBI.
Tempo de carreira
28 anos