Livia Chanes, engenheira formada pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo com especialização pelo Insead, passou pelo Itaú Unibanco e pela consultoria McKinsey antes de ingressar no Nubank. CEO de uma das fintechs mais bem-sucedidas do mundo, ela poderia ser uma pessoa 100% numérica, que baseia todas as suas decisões na fria realidade dos números, mas não é o caso. “Meu estilo de liderança é bastante objetivo, mas eu também tenho um lado conceitual de cuidado com as pessoas, de humanização”, diz a executiva, que está na lista Forbes Melhores CEOs de 2024.
Isso influencia diretamente seu estilo de gestão e de tomada de decisões. “Quando estamos preparando o lançamento de um produto, eu sempre questiono além do resultado que ele pode trazer. Como isso pode encantar o cliente? Como isso pode agregar na vida dele?”, afirma. Segundo Chanes, essa abordagem facilita a construção de uma empresa sustentável.
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Isso também tem influenciado a estratégia do Nubank. Apesar do “bank” no nome e da preponderância de produtos bancários, a fintech não se define exatamente assim. “Não nos definimos como apenas um banco. A gente se vê como uma empresa de tecnologia e como uma plataforma de consumo”, explica.
O Nubank é um aplicativo ao qual os clientes recorrem para resolver diversos problemas. “O problema inicial que a gente escolheu para endereçar são os serviços financeiros, mas vamos além disso. Onde houver um problema do cliente que proporcione uma oportunidade, a gente vai.” Após incorporar serviços de shopping, o Nubank está desenvolvendo outras verticais, como um serviço de compra de passagens que compensa o cliente caso os preços caiam após a aquisição do bilhete.
Outro exemplo é o espaço família, um serviço acoplado ao cartão de crédito Ultravioleta que permite estender os benefícios do portador do cartão para outros membros da família. “Serviços como cashback estão nos cartões da concorrência, e eu sempre me pergunto e às minhas equipes: ‘O que podemos fazer de diferente?’”, diz. Ao se enxergar como uma empresa de tecnologia, o Nubank considerou as decisões tecnológicas como parte da estratégia do negócio. “Optamos por construir a tecnologia a partir de equipes internas em vez de terceirizar. Isso pode ter tornado o processo mais lento, mas ele ficou mais seguro e mais escalável.”
Chanes tem 42 anos, nasceu em Santo André, na Grande São Paulo, filha de professores da rede pública estadual. Casada, com dois filhos, é violonista amadora, leitora de ficção e estudou balé na infância, tendo participado de grupos de dança na faculdade. Ainda hoje, a atividade faz parte da sua rotina sempre que possível. “Para minha sorte, o meu marido também gosta muito de dançar”, conclui.
*Reportagem publicada na edição 123 da Forbes, lançada em setembro de 2024.