
Viajar, para mim, nunca foi sobre sair do país. É sobre sair de si. Sair das certezas, das fórmulas repetidas e das narrativas que a gente conta sem nem perceber.
Nas últimas semanas, tive duas viagens de trabalho que também me fizeram crescer pessoalmente: uma imersão na Disney, entendendo a fundo a ciência por trás do encantamento, e uma maratona de inovação no Hot Now, evento da Sephora em Chicago.
Aprendi muito, cresci muito, vi e vivi muitas coisas e volto para casa com novas respostas e novas perguntas. E é exatamente aí que mora a riqueza de viajar.
Aqui vão cinco coisas que aprendi com o movimento de viajar e que nenhuma rotina parada me ensinaria:
1. O que te move diz muito mais do que para onde você vai
A pergunta mais importante de uma viagem não é “qual o destino?”, mas “por que você está indo?”. Quando me dou conta do que está por trás dos meus deslocamentos, como o desejo de me desafiar, expandir repertórios e me emocionar de verdade, a viagem muda de sentido. Ela deixa de ser logística e pode virar travessia interna.
2. Encantamento não se improvisa, se constrói
Na Disney, tudo parece mágico. Mas é na engenharia da experiência que mora o verdadeiro encanto: tudo é pensado, treinado e testado. Aprendi que impacto não vem do improviso constante, mas da consistência silenciosa. O encantamento, no fundo, é uma forma elevada de respeito ao outro.
3. O outro pode ser um espelho ou uma janela
Conversar com quem vive de forma completamente diferente da minha é um lembrete precioso: eu não sou a régua do mundo. Ao escutar com curiosidade (e não com julgamento), encontro novas formas de enxergar a vida. Nas viagens, é uma oportunidade de isso acontecer com mais liberdade. Às vezes me vejo no outro, às vezes descubro mundos que eu jamais imaginaria. E os dois movimentos valem ouro.
4. Deslocamento também é silêncio
Entre uma reunião e outra, uma conexão e outra, às vezes o que mais me transforma é o que eu penso sozinha, no carro, no avião, na volta para o hotel. Viajar me lembra do valor do vazio criativo. A gente não precisa preencher tudo com conteúdo, estímulo ou produtividade. Às vezes, é o intervalo que revela o essencial.
5. Repertório não é sobre saber mais, é sobre sentir diferente
Voltar de uma viagem com referências novas é ótimo. Mas o que realmente fica é o que toca. Um cheiro, uma cena, um cuidado, uma ideia que parece pequena, mas muda tudo. Meu maior privilégio ao viajar é permitir que o mundo me afete, porque só assim eu também posso afetar o mundo de volta.
Viajar é se rever em movimento. E a gente só cresce de verdade quando deixa de andar em círculos.
*Juliana Ferraz é sócia da Holding Clube e tem quase 30 anos de carreira no universo da comunicação e eventos no Brasil.
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