Um painel de especialistas médicos dos Institutos Nacionais de Saúde, dos EUA (NIH, na sigla em inglês), recomendou ontem (21) não usar a combinação de hidroxicloroquina e azitromicina para tratar o coronavírus fora dos ensaios clínicos, minando as alegações iniciais do presidente norte-americano, Donald Trump, de que os medicamentos eram um tratamento promissor para a doença.
As diretrizes do NIH recomendam contra o uso de hidroxicloroquina e azitromicina, porque os medicamentos estão “associados ao prolongamento de QTc em pacientes com COVID-19”. Esse prolongamento do intervalo QTc está associado a anormalidades no ritmo cardíaco ou morte cardíaca súbita.
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Trump falou com frequência sobre a combinação de medicamentos nos briefings diários de coronavírus da Casa Branca e tuitou em 21 de março de 2020: “HIDROXICLOROQUINA E AZITROMICINA, juntos, têm uma chance real de serem uma das maiores mudanças na história da medicina”.
O presidente foi criticado por alguns cientistas por promover os medicamentos sem evidências científicas conclusivas de que eles funcionam, e a atenção sobre os remédios após os comentários de Trump levou a falta de hidroxicloroquina para pacientes que o usam para lúpus ou artrite reumatoide –além de um pequeno aumento no abuso da substância.
As diretrizes mantêm que nenhum medicamento é comprovadamente seguro e eficaz para o tratamento da Covid-19 e alertam que não há evidências suficientes para fazer uma recomendação real acerca da grande maioria dos tratamentos promissores.
O painel disse que não poderia fazer uma recomendação a favor ou contra administração de hidroxicloroquina ou cloroquina (droga semelhante) sozinhos por causa de “dados clínicos insuficientes”. A mesma determinação foi feita sobre o remdesivir, da Gilead Science.
A combinação de hidroxicloroquina e azitromicina para o potencial tratamento de Covid-19 ganhou força em um controverso estudo francês abordado pela Fox News. As drogas também foram elogiadas nos círculos de direita, depois que Vladimir Zelenko, médico de judeu hassídico de Nova York, postou vídeos de si mesmo no Facebook e no YouTube alegando que havia tratado com sucesso todos os seus pacientes com hidroxicloroquina, azitromicina e sulfato de zinco, que também foi mencionado por Trump.
Embora a combinação tenha se mostrado promissora em outro pequeno estudo da China, os ensaios clínicos randomizados ainda não determinaram se os medicamentos juntos são eficazes, ainda que estejam sendo realizados ensaios clínicos. No Brasil, o estudo dos medicamentos foi interrompido quando um quarto dos pacientes que receberam doses mais altas desenvolveram problemas no ritmo cardíaco.
A hidroxicloroquina sofreu um exame mais minucioso nesta terça-feira, depois que um estudo retrospectivo (não um ensaio clínico randomizado) da Administração de Saúde dos Veteranos dos EUA descobriu que a hidroxicloroquina e a azitromicina não colocavam os pacientes com coronavírus em risco de morte mais ou menos do que aqueles que não usavam o medicamento. Mas o estudo constatou que “o risco de morte por qualquer causa era maior” entre aqueles que tomaram hidroxicloroquina isoladamente.
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