Nos últimos dias, a bolsa de valores vem apresentando quedas expressivas. Sempre que isso acontece, minha caixa de mensagens sofre um movimento inversamente proporcional: fica em alta! Centenas de pessoas, muito agitadas e com receio de terem prejuízos, me perguntam diariamente se devem vender, comprar mais ou simplesmente esperar.
Compreendo que as pessoas não fiquem confortáveis ao ver que o saldo de seus investimentos em renda variável está mais baixo do que o montante inicialmente investido, afinal, ninguém investe para perder dinheiro. Mas a questão é: o prejuízo só se consolida no momento em que você vende suas posições.
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Sendo assim, se você possui investimentos com foco no longo prazo e montou um portfólio com ativos de empresas sólidas e perenes, não há motivo para entrar em pânico.
Estamos vivendo, no Brasil, um momento em que as forças políticas estão se reordenando, isso é normal em toda transição de governo. Tal qual a incerteza trazida ao mercado no período pré-eleitoral, o pós-eleições também tem sempre uma fase um pouco mais desafiadora, quando o jogo político está aquecido e a definição de quais partidos terão maior ou menor protagonismo no próximo governo ainda está se desenhando.
Como você sabe, essa definição de poderes, bem como os nomes a ocuparem os ministérios e principais cargos de confiança, darão ao mercado a tônica quanto à política econômica, às reformas, à política fiscal, ao crédito e a tudo mais que envolva o funcionamento do Estado. Dessa forma, enquanto todo o desenho não estiver claro, a incerteza vai trazer volatilidade aos ativos de bolsa.
Por que o mercado cai?
O mercado é cíclico e normalmente reage aos acontecimentos que são recorrentes ao longo da história: aumento da inflação, divulgação dos resultados trimestrais das empresas, poder político mudando de mãos, guerras, crises de abastecimento, crises sanitárias, questões ambientais e energéticas, entre outros.
As empresas listadas em bolsa estão inseridas na sociedade, exatamente como tudo mais, portanto, não passam incólumes pela movimentação cotidiana da política e economia nacional e internacional.
O valor das empresas é determinado por seus resultados e perspectivas de mercado, logo, se política e economia passam por incertezas, as ações dessas empresas expressam isso em suas cotações diárias. Isso é um movimento absolutamente normal.
O que fazer quando a bolsa de valores está em queda?
A primeira coisa a fazer é manter a calma. Não ceda ao impulso defensivo de sair vendendo suas ações para “evitar perder mais”. Você não perdeu nada! Continua tendo a mesma quantidade de ativos, só que nesse pequeno recorte temporal, seus ativos estão expressos por uma menor quantidade de dinheiro, mas não seguirão assim para sempre, afinal, a economia é cíclica. Lembra?
Se você possui uma estratégia de investimentos para longo prazo pautada em crescimento patrimonial, este momento de queda da bolsa pode ser uma excelente oportunidade para usar aquela reserva de oportunidade que está investida em um fundo de liquidez diária e aumentar suas posições em ações de empresas que fazem parte de sua estratégia e que, neste momento, estão mais baratas. Em outras palavras: hora de ir às compras! Afinal, não é exatamente isso que você faz quando sua loja de roupas favorita faz queima de estoque?
Se para a liquidação de bens de consumo no shopping o seu racional é de que há uma oportunidade de comprar mais por menos, por que quando a liquidação é na bolsa de valores, você entende de forma inversa e acha que está perdendo?
É claro que estou falando com o investidor de longo prazo, que tem uma alocação estruturada com base nas suas metas e com ativos sólidos em carteira.Se, ao contrário disso, você tem em carteira ativos ruins, ou comprou para fazer trade sem o devido conhecimento de mercado para tal, aí preciso ser brutalmente honesto com você: o problema não está na queda da bolsa, mas na sua falta de estratégia de investimento.
O meu papel de educador financeiro é alertar e fazer lembretes úteis que ajudem você a alcançar uma vida financeira sólida e enriquecedora:
1) Fazer trade é uma profissão que requer estudos profundos de mercado. É necessário acompanhar o mercado o tempo todo, ler gráficos de tendências e, principalmente, ter o equilíbrio de usar, no trade, a parcela do patrimônio destinada a alto risco, pois, no trade, risco e retorno são proporcionais. Assim como você pode ganhar muito dinheiro rapidamente, pode perdê-lo com a mesma velocidade;
2) Investimento para longo prazo é aquele dinheiro que você tem certeza que não precisará utilizar em menos de 8 ou 10 anos, no mínimo. Leve isso em conta ao escolher os ativos que vai colocar na carteira;
3) A renda variável é a melhor forma de multiplicar patrimônio a longo prazo, e tudo é uma questão matemática: quanto maior a rentabilidade, maior o risco e vice-versa.
4) Nada sobe para sempre;
5) Quem promete altos ganhos com risco baixo ou até mesmo sem riscos das duas uma: não sabe o que está falando ou está mentindo para você;
6) Você é responsável pelas escolhas que faz, portanto, estude, planeje e não tenha vergonha de recorrer a ajuda de profissionais experientes. Decisões impulsivas ou sem fundamentos sólidos podem causar grandes prejuízos;
7) Ficar girando sua carteira o tempo todo, ao sabor do noticiário político e econômico, só faz migrar o dinheiro do seu bolso para o bolso do mercado. Portanto, tenha um planejamento claro com alocações de curto, médio e longo prazo, em linha com suas metas pessoais;
8) Seus maiores amigos são os juros compostos e a diversificação. No caso dos juros, o tempo é o expoente a seu favor, e a diversificação protege seu patrimônio através de uma exposição planejada.
As grandes empresas listadas em bolsa estão aqui há muito tempo. Atravessaram guerras, crises sociais, políticas e financeiras dos mais variados espectros ao longo da história, passaram por inúmeros governos e continuarão assim. Portanto, o que determina o seu sucesso financeiro investindo no mercado não são os fatos pontuais, mas o seu planejamento e dedicação à gestão de seus recursos.
Numa linha de tempo longa, a performance de empresas bem geridas se sobrepõe às questões transitórias que derrubam bolsas de valores em alguns momentos. Sendo assim, quem define se o mercado é seu aliado ou seu adversário é você, através das escolhas que faz.
O ideal é que elas sejam feitas de maneira consciente e como resultado de muito estudo. Dessa forma, você vai ter tranquilidade para fazer o que deve ser feito nos momentos de queda: aproveitar as oportunidades.